CAPÍTULO 37 - Lembranças - Taehyung pt. 3

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Eram nove e quinze da noite e eu já estava pronta, esperando Tae na sala de casa assistindo um pouco de TV com minha mãe e meu irmão. Meu padrasto, por ter chegado cansado do trabalho, acabou indo dormir bem cedo. Vê-lo, certamente, me faria lembrar de Jin — por serem tão parecidos fisicamente — e talvez desistir ali mesmo de sair com Taehyung. Então agradeci aos céus por ele não estar presente naquele momento.

Eu estava, modéstia parte, muito bonita. Minha mãe, que parecia estar mais empolgada do que eu, prontamente tratou de me arrumar da cabeça aos pés, inclusive, me emprestando um vestido seu que coube perfeitamente bem em mim. Ela não parava de repetir o quanto eu estava bonita e como Tae iria babar por mim. Sim, ela tinha certeza que Tae tinha sentimentos por mim, confirmando as minhas suspeitas e me deixando um pouco mais segura comigo mesma. Ela também não parava de contar como se sentia nostálgica ao me ver daquela forma, pois a fazia lembrar da primeira vez que ela saiu à noite, que foi em um encontro com meu falecido pai.

Pois é, minha mãe acreditava que aquela seria a primeira vez em que eu ia a uma boate noturna. Ela nem imaginava que eu já havia feito isso anos antes com Jin, escondida, e sequer podia sonhar no que fizemos juntos quando chegamos depois em casa e o que estivemos prestes a fazer juntos — isso se não tivéssemos sido interrompidos pela minha tia.

Pensar nisso me pesou a consciência. Eu não gostava de mentir para a minha mãe. Bom, mas na verdade eu não estava mentindo, só estava apenas omitindo. Eu tinha vontade de lhe contar que aquela não seria a minha primeira saída noturna, mas de nada adiantaria. E foi me lembrando da primeira vez que saí para uma balada que, inevitavelmente, comecei a traçar paralelos entre aquele dia e o dia em que eu me entreguei — ainda que não totalmente — a Jin.

Foi a partir desses paralelos que eu percebi que, desde o início, o meu relacionamento com Jin tinha tudo para dar errado naquela época. Nossos pais não aprovavam nosso namoro e tínhamos que namorar praticamente escondidos. E, acima de tudo, éramos quase irmãos. Já com Taehyung não, tudo era mais simples e tudo parecia ser certo demais. Minha mãe — mesmo com apenas uma visita — já o adorava e certamente aprovaria um eventual namoro entre nós. Tanto é que ela praticamente me empurrou para sair com ele. Namorar escondido seria uma coisa que certamente não precisaríamos fazer. E, acima de tudo, nós não éramos irmãos.

Pontualmente, às nove e meia, a campainha de minha casa tocou. Despedi-me brevemente de minha mãe e de meu irmãozinho e fui até a porta atendê-lo com minha bolsa já no ombro. Ao abrir a porta, eu simplesmente me encantei com o que vi.

Tae sempre foi um rapaz muito bonito, mesmo no dia a dia. Porém, naquela noite, ele estava totalmente arrumado e mais charmoso do que nunca — e totalmente descolado, diga-se de passagem. Seu cabelo castanho claro estava sobre sua testa e, por isso, aparentava estar maior do que eu me lembrava, praticamente cobrindo os seus olhos. Tae realmente estava muito bonito e eu estava totalmente encantada.

— Oi, Ji — me cumprimentou segurando minha mão com sua mão direita e dando um leve selar nela, de forma mais galante impossível. — Puxa, você está muito bonita! — falou com sua voz grave, mas ao mesmo tempo suave, me arrancando um sorriso tímido.

— Obrigada! Você também está muito bem! — falei isso e ele me lançou seu lindo sorriso quadrado. — Vamos? — o chamei enquanto dei um passo a frente para sair de dentro de casa.

— Não, espera! — me surpreendi com seu pedido. — Será que eu posso cumprimentar sua mãe e o Namjoon antes de irmos?

Assenti positivamente e antes de me virar para entramos, percebi que ele segurava algo com sua mão esquerda e escondia em suas costas. Ao chegarmos à sala foi que eu entendi que se tratava da pelúcia do Pikachu que ele havia prometido a Namjoon. É claro que meu irmãozinho ficou feliz da vida e naquele dia, pela primeira vez, Namjoon pulou em sua direção e subiu em seu colo, abraçando-o com carinho. Tae girou meu pequenininho algumas vezes com ele ainda em seu colo, arrancando-lhe gargalhadas. Ver aquilo derreteu meu coração. Minha mãe o olhava com corações nos olhos. Era lindo ver como Tae em tão pouco tempo já se dava tão bem com meu irmão.

Ironias do Destino | Kim Seokjin (Jin - BTS) e Kim Taehyung (V - BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora