CAPÍTULO 6 - Ponto final?

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— Como?! — perguntei, fitando-o incrédula. A sua pergunta repentina e aleatória me deixou confusa.

— O violão, Ji. Eu sei que o deixei aqui — Seokjin me falou de forma mais relaxada, dando uma leve risada, como se nada tivesse acontecido. Como se nada estivesse acontecendo.

E nesse momento eu pude enfim comprovar que seu sorriso se mantinha o mesmo. O mesmo sorriso bonito, com fendas fofas bem lateral dos lábios, que fazia seus olhinhos se fecharem de forma tão fofa e várias preguinhas se formarem em suas bochechas.

Puxa, mas como Seokjin era lindo!

Com o seu simples sorriso, percebi que eu, automaticamente, por impulso, também sorri.

— O violão está lá embaixo, no porão. Vou lá buscar, só um instante — respondi apenas alguns segundos depois, assim que despertei do leve transe que foi observar o seu sorriso.

— Posso ir com você? — perguntou-me de maneira amistosa, já de pé, com um sorriso inocente no rosto.

Por essa eu não esperava: ficar sozinha com o Seokjin no porão de minha casa. Justamente no mesmo lugar onde aconteceu nosso primeiro beijo, há tantos anos atrás, quando eu ainda era quase uma menina, com meus 11 anos de idade. Imagino que ele se animou em pensar que estaríamos naquele lugar com tanto significado em nossa história. Também foi o primeiro beijo dele e eu tinha certeza que ele se lembrava muito bem como foi e onde foi.

Após assentir positivamente com a cabeça, fomos em direção ao porão. Descemos as escadas e passamos pela sala, que era caminho. Eu na frente e ele um pouco atrás de mim. Minha mãe me viu de longe e me olhou preocupada, certamente por me ver junto com Seokjin, depois do desabafo que lhe fiz no jardim mais cedo.

— Filha, está tudo bem? — perguntou ela, chamando minha atenção para sua direção.

— Sim, mamãe — respondi de forma tranquila, o que aparentemente lhe deixou tranquila também. Assim que a respondi, ela virou seu rosto em direção a Seokjin, possivelmente curiosa com aquela proximidade. Nem precisou me falar mais nada, pois entendi bem a sua pergunta silenciosa. — Só estou indo com Seokjin até lá embaixo no porão ver se encontro aquele violão dele, lembra? Parece que depois de oito anos ele finalmente se lembrou daquilo! — falei da forma mais divertida que consegui, na medida do possível, em resposta ao seu olhar direcionado a Seokjin. Também falei aquilo como uma indireta para ele. Tenho certeza que ele entendeu bem o recado.

— Oh, sim, claro — respondeu parecendo mais relaxada e contente, até, por estarmos transparecendo que estávamos nos dando bem. — Eu acho que eu o vi lá embaixo mesmo, há alguns dias, quando estava procurando umas coisas minhas por lá.

— Ah, ótimo! Vamos lá, Seokjin? — falei virando-me para ele, da forma mais simpática que consegui, redirecionando-me ao caminho até o porão, para que minha mãe não se prolongasse mais. Até que, enquanto já iniciamos nossa caminhada até aquele cômodo da casa, começamos a escutar alguém continuando a falar. A voz ia ficando mais baixa a cada passo que dávamos, mas ainda assim dava para ouvir perfeitamente.

— Poxa, como o tempo passa, não é mesmo? Parece que viajei no tempo vendo eles dois! Eram tão jovens quando saímos daqui... Eram tão pequenos quando começaram a brincar aqui de um lado para o outro e hoje, veja só como estão, dois adultos e prestes a casar! Daqui há uns anos serão a Sunhee e o Namjoon, não é mesmo, Minhee? — Dessa vez foi a voz de Seulgi, a mãe de Seokjin, que ecoou. Já não estávamos mais no campo de visão delas, mas nós dois pudemos ouvir. Inconscientemente olhei para trás, em direção a Seokjin. Ele me olhava com um semblante sério e um tanto enigmático.

Ao ouvir o que sua mãe falou, "dois adultos e prestes a casar", foi que me dei conta que eu não tinha sido a única a seguir minha vida. Nesse momento, um misto de sentimentos me invadiu. Um lado de mim ficou contente, pois o que eu queria realmente aconteceu e, sendo assim, nada poderia atrapalhar meu casamento com Taehyung. Mas outro lado de mim, não sei explicar como, estava abalado, por pensar que aquele nosso amor tão bonito realmente havia acabado. O que poderia ser considera loucura ou até mesmo egoísmo de minha parte, pois não havia sentido em querer que ele estivesse todo esse tempo preso a mim, enquanto eu mesma já tinha me apaixonado e me entregue a um novo homem.

Ironias do Destino | Kim Seokjin (Jin - BTS) e Kim Taehyung (V - BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora