CAPÍTULO 32 - Lembranças - Seokjin pt. 1

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Depois que Jin e eu demos nosso primeiro beijo, não começamos a namorar de imediato, até porque éramos muito crianças para isso. Claro que até assumirmos um relacionamento sério de verdade não perdíamos a oportunidade de trocar uns beijinhos aqui ou acolá, ou de andar de mãos dadas por aí feito dois bobos apaixonados. Porém, começamos a namorar de verdade quando eu já tinha 17 anos, ou seja, apenas um ano antes de nosso término.

De fato, namoramos por muito pouco tempo, porém foi um namoro intenso. Nós sempre fomos melhores amigos e desde muito novos tínhamos sentimentos sinceros um pelo outro. Mesmo tão nova, eu tinha certeza que Jin era o amor de minha vida e que eu seria sua para o resto dela. E eu sempre senti muita reciprocidade em tudo o que eu sentia em relação a ele.

Assim que demos nosso primeiro beijo, ainda pré-adolescentes, contei para minha mãe, que ficou espantada de início por sermos tão jovens para tal coisa, mas que depois morreu de amores por conhecer tão bem o — na época — pequeno Jin e saber que ele sempre foi um ótimo menino, sempre muito gentil e educado.

Depois, quando Jin ensaiou por dias para aprender a tocar e cantar minha música preferida para me pedir em namoro, como seu presente surpresa no dia de meu aniversário de 17 anos, também contei a minha mãe. Dessa vez, no entanto, ela não achou tão bonitinho assim, nem morreu de amores por isso. Na verdade, ela não falou nada, nem que gostava nem que não gostava de nosso relacionamento, apenas ficou indiferente, o que me deixou bastante triste no início. O tempo se passou e ela simplesmente não esboçava nenhuma reação ao nosso relacionamento — nem negativa, nem positiva. Aquilo me doía, afinal, ela é a minha mãe e o seu apoio em um ponto tão importante na minha vida era o que eu mais queria. Ela não tratava mal o Jin e nem se opôs ao nosso namoro, até porque ela sabia que tínhamos "um namorico" desde mais novinhos. Ela apenas agia de modo indiferente e só. Era como se ela não acreditasse que aquilo que existia entre nós fosse realmente virar algo mais sério algum dia.

O que eu não sabia era que, naquela época, ela já havia se apaixonado pelo Sr. Seokjung. A minha mãe e o pai de Jin sempre foram muito amigos. O meu hoje padrasto já era divorciado há muitos anos da Sra. Seulgi, a mãe de Jin. De fato, quando eu conheci Jin, quando ainda éramos muito pequenos, ele já morava sozinho com sua mãe, em uma boa casa a uma quadra de distância da minha.

Jin e eu nos conhecemos muito pequenos por, justamente, nossos pais serem colegas de trabalho. Durante toda a minha infância e adolescência, nunca havia percebido nenhuma aproximação além da amizade entre os dois. Realmente, acho que isso nunca havia existido, pois minha mãe já me disse várias vezes que, depois da morte trágica de meu pai — em um terrível acidente de carro —, ela não sentia vontade de se relacionar com mais ninguém. Bom, isso até aquele ano em que, antes que sequer soubéssemos que eles tinham algum envolvimento além da amizade, minha mãe revelou para todos que estava esperando Namjoon.

Dessa forma, ela já sabia muito bem o que significaria um namoro entre Jin e eu. A notícia da gravidez nos pegou totalmente de surpresa. E o casamento dos dois não demorou muito para acontecer.

Nossos pais nunca chegaram a pedir que Jin e eu nos separássemos, mas era difícil lidar com a pressão psicológica que era quando todas as pessoas ao nosso redor — sobretudo aqueles que não sabiam de minha história amorosa com Jin — nos chamavam de irmãos ou faziam comentários alusivos a isso. Não, não éramos irmãos e nem queríamos ser. Nós éramos namorados. Queríamos sim fazer parte de uma mesma família, mas não como irmãos, e sim como marido e mulher, algum dia, quem sabe.

Aquela situação foi ficando cada vez mais difícil, sobretudo com as indiretas que a minha mãe me jogava, chegando ao ponto de pararmos de demonstrar em público que éramos namorados. Nós praticamente não saíamos mais juntos, não trocávamos carinho na frente dos outros e quando estávamos no mesmo ambiente, em família, procurávamos ficar um pouco mais neutros para evitar comentários desnecessários.

Ironias do Destino | Kim Seokjin (Jin - BTS) e Kim Taehyung (V - BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora