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"I talk a lot of shit when I'm drinking, baby"


Idiota. Se procurarem a definição dessa palavra no dicionário,vai com certeza a aparecer que é um adjetivo de dois géneros e um nome de dois géneros. Que descreve alguém que não consegue coordenar ideias, que denota estupidez ou até que apresenta idiotice. Vai também dizer que tem como sinónimos imbecil, estúpido, etc....

Como é que eu sei? Porque tenho ótimos amigos que foram pesquisar isso para me mostrarem.

Porquê? Porque, na humilde opinião deles, a definição de idiota está errada. Por eu sou a definição de idiota em pessoa.

Sim, os meus amigos adoram-me, sem dúvida alguma!

Ugh! Não é como se estivessem assim tão errados. Afinal, quem é a idiota que é traída duas vezes, em dois relacionamentos diferentes, e mesmo assim não vê os sinais? EU, a idiotice em pessoa.

E é por isso que eu estou aqui, num bar algures na cidade dos anjos onde eu cresci, já sem conseguir aguentar-me em pé sozinha.

-Mais um de.... o que quer que isto seja - digo empurrando o copo de modo a que o barman o possa encher novamente com um líquido qualquer.

-Hmm, não achas que já bebeste demais? - ele hesita em servir-me de novo e eu bufo.

-Estou a pagar, certo? - vejo o garoto, que aparenta ser mais ou menos da minha idade, abanar a cabeça resignado e servindo-me novamente.

Merda, preciso de ir à casa de banho.

- Eu venho já. Não drogues a bebida por favor... ou droga.... Sei lá, a minha vida já está na merda de qualquer forma - digo arrastando um pouco as palavras e ponho-me de pé, mas acabo por tropeçar nos meus próprios pés.

Mas não caio, pois um par de braços (algo musculados, pelo que posso ver) acaba por me agarrar. E eu começo a rir.

-Des... culpa, acho que me acabaste de salvar de uma queda épica, quem quer que sejas...

-Barbara?

Ugh

Olho para cima (sim, eu sou um pouco baixa) para ver quem é que me chamou pelo meu primeiro nome, a gratidão de há pouco desaparecendo.

Surpreendo-me ao verificar que é o meu vizinho, outrora amigo (e também o meu primeiro beijo), Zachary Herron.

-Herron- digo - há quanto tempo... - entretanto ele ajudou-me a chegar a uma cadeira. E ainda bem, acho que não iria conseguir ficar de pé mesmo.

Ele ri-se

-Vi-te hoje de manhã Ba...

Torço o nariz ao ouvir a segunda referência ao meu nome em minutos

-Pois, mas acho que não me dirigias a palavra há já uns anos - digo amarga. Quem disser que esquece as tristezas a beber é estúpido, beber relembra-te até daquelas que achavas que não te incomodavam mais - Já agora, ninguém me trata mais por Barbara. Chama-me Sophia por favor.

Vejo-o assentir com a cabeça em silêncio, murmurando um ok.

-É, tens razão... talvez já não falemos há algum tempo... - sinto os meus olhos encherem-se de lágrimas - Bar... merda, Sophia, estás bem? Porque é que estás a chorar?

-É que... toda a gente me abandona...- arrasto as palavras um bocadinho entre os soluços de choro - primeiro foi o meu pai, ... depois o meu namorado traiu-me. E quando consigo superar isso, o meu novo namorado também me trai... Eu pareço algum brinquedo que se pode abandonar?

Vejo o meu vizinho engolir em seco.

-E eu? Também achas que eu te abandonei?

-Ahm? - demoro um pouco a perceber a pergunta - Ah! Na... não - penso um pouco sobre a resposta. Considerando que o meu cérebro parece estar a trabalhar a carvão, um pouco é capaz de ser bastante tempo. - Não me abandonaste, acho... eramos crianças. Fomos para escolas diferentes. Ficamos rodeados de grupos de pessoas diferentes. Crescemos. Tu ficaste esse pedaço de maus caminho e eu virei corna. Foi isso que aconteceu. - Ele ri-se.

-É por isso que estás aqui? Beber para esquecer?

Encolho os ombros

-Não está a resultar muito bem... Merda , até a beber sou um fracasso - olho fixamente para a mesa. Sinto novamente vontade de ir à casa de banho e levanto-me, desta vez com cuidado para não cair. - Eu já venho. Não precisas de me ficar a fazer companhia, eu sou depressiva demais para fazer companhia a alguém numa sexta à noite

Dirijo-me lentamente para a casa de banho e faço o que tenho a fazer. Antes de sair lavo a cara com água fria, não só para retirar a maquilhagem borrada devido ao choro, mas também para "acordar" um pouco. Eu normalmente não bebo tanto, mas hoje claramente ultrapassei os meus limites.

Saio do pequeno compartimento preparada para ver a cadeira onde Zach estava vazia, mas surpreendo-me ao ver que, não só ele ainda lá estava, como tinha uma garrafa do que acho ser vodka e dois copos à sua frente.

-Hmm, ainda aqui estás - digo ao aproximar-me

-Ainda - ele sorri - acho que és uma ótima companhia, já agora. - Eu sorrio em resposta.

-Se tu o dizes... Mas acho que já falamos de mim que chegue por agora... O que é que te traz por aqui?

-Hmm, eu e a minha namorada acabamos.

-Porquê?

-Acabei com ela. Percebi que não resultávamos. - ele bebe um golo de vodka - Simples.

-Se é assim tão simples, porque é que vieste beber?- pergunto curiosa.

-Porque.... perceber que não era certo não o faz doer menos...- ele esvazia o copo para o encher de novo.

Continuamos a falar... do passado, da faculdade, do meu dia a dia em Nova Iorque e dele aqui em LA. Descobri que ele tem um apartamento, mas normalmente só o usa em dias de aulas porque fica mais perto da faculdade. Agora, umas horas depois e com a garrafa quase vazia, estamos a falar de relacionamentos novamente.

-Eu estou na merda Zach, isso sim - digo arrastando muito as palavras e enterro a cabeça nos meus braços e oiço-o rir. Estamos os dois alterados pela bebida, se bem que eu estou muito pior que ele. Acho que ele está apenas "tocado", eu já não faço a mínima ideia do que estou a fazer ou a falar.

Pego na garrafa desajeitadamente e encho novamente o meu copo, bebendo todo o seu conteúdo quase de seguida.

-Sabes o pior? Ele era uma merda a todos os níveis que possas imaginar. - Paro uns segundos a encarar a mesa enquanto penso na minha relação com o Jackson, e depois prossigo - ele é um idiota, mal educado, que me tratava como se fosse apenas mais uma garota... E então perguntas: porque é que ainda estavas com ele? Não sei, juro que não sei... Ele nem era assim tão bom na cama... - Zach começa a rir com a minha afirmação- É isso mesmo... nem bom sexo ele me dava, então o melhor mesmo foi isto. Se a outra gosta de ser mal fodida que seja

-É um desperdício ter uma namorada como tu e não lhe dar o que ela quer... posso fazer o que ele não fez - ele pisca o olho e eu explodo numa gargalhada

-Smooth - sorrio para ele

O resto da noite passa-se entre gargalhadas, histórias e mais um pouco de bebida.

***
🦋Só quero dizer que espero que gostem de Mutual Pleasure🦋

🦋Estou muito nervosa, mas estou a dedicar-me muito à história, então se alguém está a ler, POR FAVOR, diagm-me o que acharam🦋

Mutual Pleasure  |Zach Herron|Onde histórias criam vida. Descubra agora