Akaashi modo emo

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Quando o set do Nekoma × Fukuroudani acabou, houve uma pausa para os times do acampamento de vôlei descansarem e comerem alguma coisa, para depois voltarem a treinar, e Akaashi aproveitou essa folga para ir ao banheiro tentar se acalmar mais e entender melhor o que estava acontecendo consigo.

Havia outros jogadores ali e Keiji os cumprimentou cordialmente, indo até um dos boxes e se sentando no vaso tampado. Escondeu o rosto em suas mãos e respirou fundo, até não sentir mais vontade de chorar, mas não estava surtindo efeito e ele começou a se desesperar; não podia ruir ali, não no acampamento de vôlei, não com tantas pessoas ao seu redor.

Normalmente, Akaashi era psicologicamente estável e bem resolvido, mesmo não demonstrando fortes emoções — pelo menos, não fora de campeonatos —, ele as continha e expressava de formas implícitas; quando está orgulhoso de algum cruzado feito por Bokuto, costuma dizer algo como "foi incrível", só para inflar seu ego e fazê-lo se sentir mais motivado, ou quando Bokuto está lhe dando nos nervos e Akaashi levanta para outro jogador como forma de punição, ou quando Bokuto quer atenção demasiada de seu levantador e Akaashi apenas se senta do seu lado enquanto lê algum livro, ou quando Bokuto…

Bokuto, Bokuto, Bokuto. Quando foi que a vida de Keiji girou tanto em torno desse desgraçado?

Bem, pelo menos pensar no platinado estava surtindo mais efeito do que respirar fundo. Akaashi se sentia mais calmo e menos desesperado, de maneira que seria mais fácil manter-se inexpressivo. Não que não expressar as coisas fosse sua "máscara" ou algo do gênero, ele só prefere que ninguém, salvo um número muito pequeno e seletivo de pessoas, se meta em seus problemas.

Quando o moreno se sentiu pronto para voltar a encarar a realidade que lhe cercava, saiu do box que havia se trancado, com o intuito de jogar um pouco de água gelada no rosto.

Ganhou um balde de água fria percorrendo seu corpo — figurativamente falando — quando seus olhos bateram em três figuras reunidas à sua espera, fazendo o moreno ficar estático em seu lugar.

Akaashi estava pronto, Deus, já pode levá-lo!

— Então — era óbvio que Konoha seria o primeiro a falar algo. — Viemos em paz, então pode tirar essa cara de desgosto do seu rosto! A gente só quer te ajudar! Até o Komi percebeu que você tá avoado e olha que ele é lerdo!

— Ei! — o último citado protestou.

Akaashi nem percebeu que estava fazendo uma careta, provavelmente um pouco assustadora, já que Kenma, de repente, se mostrou receoso.

— Aprecio a oferta, mas recuso mesmo assim. Não preciso de ajuda.

— Keiji — Kenma chamou, se recuperando do susto —, eu não teria vindo até aqui só pra tentar ajudar se não fosse um caso extremo. Você sabe disso.

É, ele sabia.

— Ok, você me pegou — comentou o moreno, se dirigindo à pia mais próxima para jogar água fria no rosto. — Eu sei que vocês estão preocupados comigo — suspirou pesado e tomou um pouco de ar —, mas não precisam disso tudo. Às vezes eu só acordo assim, é normal, todo mundo tem dias ruins. Eu tô em um dia ruim, é só isso.

— Tem certeza que é só isso? — Kenma perguntou, com a voz começando a ficar exaltada demais para o seu comum. Ele era insensível suficiente para não medir sua sinceridade e o jeito de expressá-la, além de, diferente de Akaashi, demonstrar seus sentimentos com facilidade. Ele só não sentia muito mesmo.

— O que a gente quer dizer — Komi se intrometeu, já vendo que Akaashi continuaria na defensiva se aqueles dois idiotas continuassem forçando ele a alguma coisa — é que você, hoje, tá em um dia pior do que das outras vezes. Até o Bokuto sabe quando você acorda com o pé errado, quando você tá mais disperso que o normal ou não tá afim de conversar, e ninguém tenta invadir seu espaço como a gente tá fazendo agora, mas dessa vez isso influenciou em quadra. Só houveram outras três vezes que algo assim aconteceu, contando com os treinos. Akaashi, você é a pessoa mais calma, concentrada, focada e racional que eu conheço. Você jamais se deixa levar por sentimentos ou opiniões sem fundamento, você pensa antes de agir.

Desastre Ambulante - BokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora