Epílogo:

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Akaashi esperava calmamente Bokuto voltar ao seu lugar; bem ao lado do moreno.

Faziam exatas duas semanas desde que eles descobriram ser Soulmates e Keiji ainda se lembrava das piadas e questionamentos. Ele perdeu a conta de quantas vezes ouviu "mais de um ano para descobrir?", ou "tava tão óbvio, cara", ou "vocês combinam mesmo", ou até mesmo "como você aguenta ele?", sendo o último, um questionamento de Kuroo, obviamente.

Até o treinador perguntou como Akaashi conseguia ser tão inteligente e tão cego ao mesmo tempo. Todo mundo já tinha percebido esse "lance" deles, menos eles próprios.

Naquele dia, o levantador precisou respirar fundo vezes suficiente para ingerir 70% do oxigênio da atmosfera, só para não falar ou fazer alguma besteira.

— Hey, Agaashe! — exclamou Bokuto. Ele nunca acerta a pronúncia, Keiji pensou divertido. — Voltei! Toma o milkshake que você escolheu!

— Obrigado, Bokuto-san — o moreno sorriu.

Akaashi pegou a sobremesa de morango estendida em sua direção, enquanto Bokuto se sentava ao seu lado tomando um milkshake de chocolate. O casal estava em uma sorveteria, pois Koutarou havia arrastado o moreno até lá depois do treino, com a desculpa de que o clima estava muito quente e eles precisavam refrescar um pouco. Aquela tarde fazia exatamente 26°C.

Akaashi sabia que era só uma desculpa para que eles ficassem mais tempo juntos e saíssem da dieta, como se permitiam fazer vez ou outra, mas gostava daquilo; de gastar seu tempo com Bokuto. E de comer besteiras doces e calóricas.

— Então — Bokuto quebrou o silêncio entre eles, deitando sua cabeça no ombro de Akaashi. — Kaashi, você quer namorar comigo?

— Quê? — o moreno perguntou. Na sua cabeça, eles namoravam havia duas semanas…

— Não teve pedido, não tem namoro — Bokuto respondeu simplista. — Então eu tô te pedindo agora.

Akaashi riu.

— Não precisava, Bokuto-san. Pra mim, a gente já namorava antes.

— Se a gente já namora, por que você insiste em me chamar por "san"?

— Costume — Keiji disse, se virando para olhar Koutarou, que ainda estava em seu ombro.

— Então você tá muito mal acostumado, Kaashi — Bokuto resmungou, fazendo bico e tomando um gole do seu milkshake. — Prefiro quando me chama de Kou.

Akaashi riu de novo da manha do mais velho. A essa altura, ele deveria já estar acostumado com seu comportamento infantil, mas para uma mente apaixonada, era algo até que fofo de se apreciar.

É, mis leitores. O amor é cego.

— Certo, Kou — disse Akaashi. — Mas em quadra ainda é Bokuto-san.

— Ok, ok, posso conviver com isso — respondeu o platinado. — Nossa…

— O que foi? — Keiji perguntou, confuso e preocupado pela exclamação baixa e repentina do mais velho.

— Nada não — respondeu. — É só que eu realmente namoro o cara mais incrível que eu conheço. Eu sou muito sortudo por você ser minha Soulmate.

Akaashi sentiu as bochechas arderem e um sorrisinho bobo tomar conta dos seus lábios, mas ele não sentiu a necessidade de esconder isso, não dessa vez. Aquela expressão era unicamente de Bokuto e ele deveria vê-la sempre que pudesse.

— Mesmo que não fosse você a pessoa que fazia meu mindinho doer todo dia — Akaashi comentou. — Eu ainda assim me apaixonaria perdidamente por você, Kou.

— Eu te amo, Kaashi — Bokuto disse, com a cabeça ainda no ombro do namorado e olhando-o nos olhos.

— Eu te amo mais — Keiji respondeu, sem dar tempo para Bokuto lhe contradizer e aquilo se tornar uma guerrinha de "quem ama mais", pois tomou-lhe os lábios e o beijou. Keiji e Koutarou deixaram seus milkshakes na mesa da sorveteria para poderem segurar rostos, nuca e cintura.

Não era um beijo provocativo, era lento e sentimental. O amor era palpável para as mãos jovens e o carinho era despejado e demonstrado nos corpos alheios. A boca de Bokuto tinha gosto de milkshake de chocolate e Akaashi poderia facilmente passar uma vida inteira descobrindo todos os gostos que a boca de Koutarou poderia ter. 

Separaram o beijo e retornaram a conversas aleatórias e declarações sinceras, com Bokuto falando pelos cotovelos e Akaashi o ouvindo como se ouvisse a música mais melodiosa do mundo.

Naquele finalzinho de tarde, Akaashi agradeceu a tudo que é mais sagrado, a todos os deuses existentes, anjos e demônios, a todos os santos e entidades divinas, a Vida e ao Universo, agradeceu ao Karma e até à sua mãezinha querida: sua Soulmate era um desastre ambulante e ele não poderia estar mais feliz com isso.

— fim.

Desastre Ambulante - BokuakaOnde histórias criam vida. Descubra agora