Bright estava ansioso para se encontrar com Metawin naquele dia, como era de costume. Ele ia até lá com frequência, com ou sem Fong. No entanto, naquela manhã, cedinho, antes que os clientes aparecessem na loja de discos, Fong deu as caras, sozinho.
— O que faz aqui tão cedo? — Bright perguntou, ainda sonolento. — Não deveria estar em aula?
— Eu não fui pra faculdade hoje. Precisamos conversar, cara.
— O que aconteceu? — Imediatamente, Bright se mostrou preocupado e acordado. Metawin passou por seus pensamentos antes que Fong pudesse começar a falar. — Onde ele tá?
— É complicado.
— Cadê o Metawin?
Ele saiu do balcão e ficou perto de Fong. Se controlou para não o pegar pela gola da camiseta bem passada. Ele não tinha culpa do que quer que tivesse acontecido com o seu namorado.
— O pai dele o levou embora. Ele e os irmãos. Deixaram a casa hoje de manhã. Metawin me ligou dizendo que o pai dele descobriu sobre você, e que estava sendo obrigado a mudar de cidade. Ele não sabia pra onde iria, é só o que eu sei. Tô preocupado, mas não temos muito o que fazer. Talvez o pai dele mude de ideia e volte, ou até mesmo o Metawin consiga fugir dele. Ele não teve tempo de avisar a você.
Era muita informação para digerir.
Tonto, Bright cambaleou para trás e se encostou no balcão até escorregar e sentar-se no chão. Ele dobrou as pernas, afundou os dedos nos cabelos e colocou a cabeça entre os joelhos. Fong decidiu não se aproximar, Bright precisava de um tempo sozinho.
O mundo para ele havia parado de girar. Sem Metawin por perto, tudo parecia preto e branco. As músicas não tinham mais o poder de antes, de deixá-lo animado e cantarolando. A loja de discos parecia ser um lugar comum e não um ponto de encontro. A sua vida, de repente, parecia medíocre quando Metawin não fazia mais parte dela.
Ele levantou a cabeça, mas não estava chorando. A cabeça doía, a garganta ardia, o coração pesava como nunca, mas não conseguia chorar. Estava desesperado demais para soltar algumas lágrimas.
Fong se sentou ao lado dele e o tocou no joelho em forma de apoio.
— Metawin ama você, Bright. Foi o que ele me pediu pra dizer.
Ele queria assegurar que Metawin voltaria logo e que tudo seria melhor quando ele entrasse por aquela porta. Infelizmente, Bright ainda respirava com dificuldade, porque ele não acreditava que Metawin passaria por aquela porta tão cedo. Sentia como se tivesse perdido o seu grande e único amor para sempre.
→ ♡ ←
Bright tentou seguir a vida normalmente sem Metawin por perto, como o seu namorado, amigo e companheiro. Não funcionou. Ele entrou em uma tristeza profunda ao ponto de não conseguir trabalhar na loja de discos. A avó precisou tomar conta com Phukong. Bright se concentrou em absolutamente nada. Não ouvia música, assistia filmes na TV de vez em quando, aparecia na loja de discos para varrer o chão. A rotina não era como antes. Às vezes, parava entre as prateleiras e observava a porta, esperando que Metawin aparecesse com o sorriso dele, o rosto fofo e o olhar inocente. Ele nunca aparecia.
Um dia, tomou coragem para ir até o cinema. O coração doeu quando entrou no carro e lembrou-se do primeiro beijo deles. Em seguida, fechou os olhos com força e bateu com a testa no volante, pedindo internamente para esquecer todas as memórias que tinha com Metawin. Se ele não iria voltar, era melhor que o esquecesse.
No cinema, conversou com o responsável pela venda de ingressos e explicou o motivo das faltas de Metawin. Quando disse o nome dele em voz alta, o ar faltou e a garganta pereceu ter fechado, mas ele não chorou. Não havia chorado ainda desde que recebeu a notícia. Se chorasse, não adiantaria. Não traria Metawin de volta e só destruiria a si mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Fio do Destino
FanfictionEm 1979, morando com o pai e dois irmãos mais velhos, Metawin é cercado pelo preconceito. Vivendo em uma realidade paralela, Bright prende a sua atenção em meio a discos de vinil e conversas maduras. Agora, Metawin precisa enfrentar as dificuldades...