Epílogo

597 89 91
                                    

DEZEMBRO DE 1997

Era mais do que satisfatório trabalhar ao lado de Bright na rádio que ele havia criado e construído. Metawin não terminou a faculdade, porque administração não era o curso dos seus sonhos. O pai havia colocado aquela ideia em sua cabeça. Como não sabia o que estudar, e como não havia dinheiro suficiente para sustentar ele e seus irmãos e pagar uma mensalidade, decidiu aceitar a proposta de Bright em ser locutor.

Quando Metawin voltou à cidade natal, não precisou se esforçar para arrumar um emprego, ou voltar a vender ingressos no cinema, porque Bright logo o chamou para que trabalhasse com ele na rádio. Man estava querendo há muito tempo algo só para si, para que colocasse as músicas que gostasse e para contar piadas em horas inapropriadas. Bright o achava engraçado agora, quando tudo havia deixado de ser preto e branco. Com a volta de Metawin, sua vida ficou colorida de novo.

Desde 1982, Bright e Metawin estavam juntos, e com juntos significava namorando sério. Eram quinze anos de relacionamento, não contando os três que ficaram afastados um do outro. Bright queria dar um anel de compromisso para Metawin, e Metawin, esperto como nunca, já estava sabendo da novidade.

— Como você descobriu? — Perguntou Bright, naquela sala da rádio. Tocava Cool Cat do Queen e Metawin deixou de se concentrar na batida antiga dos anos 80 para responder a um Bright intrigado.

— Você pensa alto às vezes.

— Win...

O mais novo riu e arrastou a cadeira até a cadeira de Bright. Roubou um beijo da boca dele e abriu um sorriso arteiro.

— Semana passada, eu estava indo tomar banho, mas esqueci a toalha, e voltei ao quarto. Você estava falando sozinho, algo sobre... quanto custa um anel.

Envergonhado, Bright abaixou a cabeça. Tentou não sorrir, mas não deu certo.

— Era pra ser uma surpresa.

— Bom, ainda é uma surpresa. Eu ainda não vi o modelo. Mas não acho justo somente você me dar alguma coisa. Vou pensar em um presente também.

— Não se atreva.

Metawin não lhe deu ouvidos e cantarolou a música.

No fim do expediente, Bright percebeu que Metawin estava inquieto, então entrelaçou a sua mão com a dele na rua vazia e perguntou:

— Qual é o problema?

— Sem pânico, tudo bem?

— Tudo bem.

— O Natal está chegando, e logo depois o seu aniversário. Sei que passamos o Natal com o Fong e a família, mas os meus irmãos querem passar esse tempo com a gente.

— Como é? — Imediatamente, ele parou de caminhar.

— Eu sei que você guarda mágoa deles. Quinze anos se passaram e só agora eles querem conhecê-lo, mas... veja pelo lado bom, amor, eles estão se esforçando.

Bright não conseguia compreender. Os irmãos de Metawin o afastaram quando ele e Bright decidiram morar juntos em uma casa nova. Eram um casal oficialmente, mas os irmãos de Metawin não aceitaram, e por isso, cortaram laços. Há um tempo, procuraram por Metawin e pediram desculpas pessoalmente. Type não relutou. Como mais velho, sentia que ainda podia cuidar do irmão, e afastar-se dele foi um ato infantil. Já Green, não o olhou nos olhos quando pediu perdão. Estava lá obrigado pelo irmão mais velho. Bright não simpatizava com eles.

— Posso passar o Natal com a sua família, mas não o meu aniversário. É um dia feliz e eu não quero me sentir desconfortável. Você entende?

— É claro que sim.

O Fio do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora