Magia diferente

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Mais três semanas se passaram. Era dia 1 de agosto, o dia que iriamos para Hogwarts.

Eu e Yasmin tinhamos sido bem orientadas, então não foi dificil chegar a plataforma, e embora eu tenha estranhado na hora de passar pela parede de tijolos não estava achando nada esquisito. Acho que deveria ser pelo fato de que tudo estava fora do normal, se tornando esse o "novo normal".

Novo normal...

Sempre odiei esse termo, sempre é usado quando a situação não está boa e serve basicamente pra falar, "olha só você não pode fazer nada contra isso, então aceita que dói menos".

Não que eu achasse tudo aquilo ruim, afinal, podia ser bem pior tudo aquilo. Mas não é como se eu tivesse me acostumado com ter onze anos.

O trem andava. Eu, Yasmin e uma outra menina conversavamos. O nome dela era Lucy, segundo si mesma ela é mestiça, coisa que eu descobri que é quando um dos pais não é bruxo. Ela tinha um cabelo marrom bem longo, pouco acima da cintura, usava óculos quadrados e tinha uma pele um pouco mais clara que a da Yasmin. Aparentemente ela gostava de falar, e me ajudou a impedir que a de trancinhas passasse a viagem inteira com a cara enfiada em um livro.

Podia-se dizer que a melhor parte da viagem foi a constante conversa, que me impedia de pensar em todas as consequencias possiveis antes de responder. Foi de certa forma libertador.

Durante a viagem não parava de observar as paisagens pela janela. Nunca tinha viajado de trem. No começo fiquei muito nervosa pela falta de cinto de segurança, pois digamos que sou um pouco neurotica com isso, até em cadeira de cinema sinto vontade de prender o sinto, deve ser porque elas me lembram asssentos de carro. Mas assim como os pensamentos, esse nervoso sumiu com a conversa.

Era bela a paisagens, passamos por colinas, campos, florestas, lagos... fiquei encantada. E esse encanto não acabou quando chegamos ao destino. A estação em si era linda, principalmente as paredes de tijolinhos. Já disse que amo tijolinhos? Eles são maravilhosos, ficam lindos nas construções! O primeiro ano foi levado para um local longe das outras series, onde um cara grandão pediu para nos dividirmos em grupos de quatro para nos locomover de canoa até a escola.

Eu, a Yasmin, Lucy e uma garota loira com a qual nem conversamos apenas fomos seguindo a direção de todas as canoas. Após alguns minutos remando pudemos ver um castelo. Uau. Estudariamos perto de um castelo. Nunca tinha visto um castelo pessoalmente, execeto de castelos de brinquedo contassem. Logo chegamos em terra firme e desembarcamos. O homem grande segurava um lampião e nos conduzia por um caminho. Estranhei quando percebi que estavamos indo em direção ao castelo. Será que iriamos ver o rei e a rainha? Claro que não Letícia, que ideia estupida. Que rei teria tempo para ver um bando de crianças de onze anos?

Muitas ideias passaram pela minha cabeça no meio tempo até lá. Em todas eu cheguei à mesma conclusão: eu não fazia ideia do porque estavamos indo até lá. Aquilo me irritava. Sempre gosto de estar no controle e entender o porque das coisas. Tentei relaxar. Olhei para o lado e Yasmin deu um sorriso.

Entramos por uma entrada menor. Uma senhora, já de cabelos brancos e cara enrugada, chamou por atenção.

- Sou a Professora Sprout, leciono herbologia e sou diretora da lufa-lufa. Assim que vocês entrarem serão chamados em ordem alfabética para serem selecionados para as casas.

E continuou explicando. Já sabia. Yasmin me explicara tudo. Ou quase tudo. A cutuquei com o braço e susurrei para ela:

- Por que diabos você não me avisou que estudariamos num castelo?

- Por que eu esqueci que você não sabia essa informação tão básica - a garota justificou.

Assim que entramos no salão (que aliás era muito grande e bonito) uma pessoa se preparou para anunciar os nomes. Não me preucupei. Em chamadas só começava a prestar atenção quando já estava na letra "I". Me assustei quando fui o primeiro nome a ser chamado. Logo me toquei. Usaram meu sobrenome. Que começa com "A".

Andei rápido até um chapéu que estava num banquinho. Se duvidar dei até uma corridinha. Peguei o chapéu e o coloquei assim que sentei no banquinho de mardeira. Ele era feito pra uma cabeça muito grande, pois tapava meus olhos com facilidade.

Vejamos...

Cruzei os dedos. Que ficasse numa casa com gente legal.

Você não era para estar aqui.

O chapéu proclamou aquilo como se estivesse colocando aquelas palavras em minha mente. Pensei em uma resposta, pois assim podiamos ter uma conversa privada.

Como assim?

Você não é mágica. Mas tem magia.

O que quer dizer com isso?

Você não faz parte daqui. As magias não são iguais. Talvez nem ao menos semelhantes.

Como assim?

Essa era a minha única duvida. Mas antes de receber qualquer possivel resposta o chapéu anunciou:

- Nenhuma.

Tirei ele. Todos estavam entrigados. Cochichando sobre mim. Sobre o que acabara de acontecer. Segurei o chapéu com força. Eu tinha passado vergonha na frente de centenas de pessoas. Minha vida aqui seria um inferno. Isso é claro, se eu continuasse aqui.

Uma mulher alta, magra, cabelos grisalhos e vestes esmeraldas ecostou a mão no meu ombro, afim de chamar a minha atenção. Deu a entender que era para segui-la. Eu fiz isso. Logo estavamos numa sala, só nós duas: uma conversa confidencial.

- Sou a Diretora Minerva McGonagall quem é você? - nem pensei em raciocinar, apenas me veio a cabeça que o sobrenome dela parecia um lanche do Mcdonalds.

Ela perguntou de novo. Dessa vez eu respondi. Disse meu nome completo.

Ela começou a fazer perguntas. Com o tempo fui me incomodamdo. Menti em algumas. Não podia contar da pedra e dos sonhos. Então apenas disse que eu era uma órfã que tinha sido transferida pro orfanato onde Yasmin morava. Mas não acho que nada daquilo realmente tivesse ajudado. Estava claro que eu tinha alguma magia, se não a carta não teria chegado, de acordo com o que ela me explicou sobre a admissão dos alunos. De certa forma, mesmo que em meio à tudo isso, me perguntava como era possivel um internato daquela estrura ser gratuito e que não tivesse uma taxa de admissão baixíssima.

E se eu não era um erro ou trapaça. O que eu era.

- Pelo visto estamos com um grande problema.

Loucuras Da Minha MenteOnde histórias criam vida. Descubra agora