-Então eu fui encontrada desmaiada embaixo de uma árvore? - Pergunto confusa, enquanto a mulher me servia um chá.
- Sim, você estava lá, era uma garotinha indefesa, é parte do meu trabalho proteger crianças nessas situações. Te trouxe para cá e deixei você descansando na enfermaria. - disse a mulher. Ela aparentava ter uns cinquenta anos e ser bondosa e solidária, espero que eu esteja certa sobre ela ser uma boa pessoa. - Meu nome é Wilma.
- E o meu Letícia.
Vejo uma garota correndo em nossa direção. Ela deve ter cerca de onze anos, a mesma idade que eu aparentemente tenho.
- Sra. Wilma a July caiu e se machucou enquanto estava brincando, e eu não consigo achar o kit de primeiros socorros, onde que ele está? - a garota pergunta rapidamenete para Wilma, aparentemente preucupada com a tal de July.
- Acalme-se - a senhora pediu - não se preucupe, deixe que eu cuido disso. L
Poderia enquanto resolvo, mostrar o lugar para a Letícia?- Com certeza! - a garota prontamente se comprometeu com a tarefa.
Wilma foi por um corredor, deixando apenas eu e a garota naquela sala.
- Então Letícia... Eu sou a Yasmin, Yasmin Chandler tenho onze anos, e você?
Vamos pensar... eu não tenho certeza.
- Eu também tenho - respondo com certeza, mesmo estando incerta - Quem era essa tal de July?
- É uma das crianças do orfanato, ela tem cinco anos, ela subiu em cima da estante enquanto estava brincando de esconde-esconde e acabou caindo - Yasmin contava distraida enquanto mechia em suas tranças e olhava pera o chão. - Vamos logo começar o tour - ela diz calma, e eu logo levanto deixando minha xicara de chá na mesa, ao lado do bule, e sigo ela.
Ela me leva pelo orfanato me mostrando o local, mas apenas abrindo a boca para dizer o que é cada lugar. Ela deve ser timida, acho que vai ter que ser eu a inciar a conversa.
- Como é a vivência aqui? Tipo... você também mora aqui? - pergunto.
- Moro, aqui somos como uma grande família, dividimos as tarefas e responsabilidades, tudo para manter as coisas em ordem. E como eu sou uma das mais velhas tenho que cuidar dos pequenos - ela conta, com uma risada sarcastica no final.
- Uma das mais velhas? Mas você só tem onze anos!
- Esse é um orfanato infantil, então quando completamos doze anos somos tranferidos para um adolecente. - Yasmin explica.
- Entendo... Mas você não se sente mal de deixar o lugar onde você cresceu a vida inteira?
- Quando você passa a vida inteia já sabendo que isso acontecerá, você não sente, principamente quando não restou ninguém com quem se importa.
- Me desculpa - peço a ela, será que eu toquei em algum ponto delicado na vida dela?
- Tudo bem, já me perguntaram coisas piores... - a parte curiosa de mim queria apenas perguntar "tipo o que?" mas eu por sorte tenho minha parte empatica que não me permitiu dizer nada.
Durante a conversa, em nenhum momento ela olhou pra minha cara. Isso de certo modo me deixou irritada, mas preferi não mencionar nada.
Em certo momento Yasmin me levou até um quarto muito parecido com a enfermaria, só que menor, nele havia duas camas, e um pequeno armario. A morena sentou em uma das camas.
- Esse é meu quarto, você vai dormir naquela cama - ela falou apontando para a outra cama - é meio apertado, mas não se preucupe, acho que você não vai ficar aqui muito tempo.
Acho. Aquela foi a palavra que ela usou, porque afinal, eu poderia nunca mais voltar para casa. Eu não sabia o que estava acontecendo, nem o porquê de eu estar aqui, qualquer coisa podia acontecer. Eu poderia nunca mais ver minha família, amigos... ficar para sempre aqui. Não. Eu não vou deixar isso acontecer. Vou sair daqui e voltar para minha vida normal, lá é mais seguro.
- Eu diria para você deixar suas coisas no armário... Mas te achamos só com suas roupas... - Ainda bem que pelo menos com as roupas! Que se não fosse... Ahg! Não quero nem imaginar.
Depois disso jantei com todas as crianças do orfanato e a senhora Wilma, não passava de trinta pessoas... elas pareciam estar felizes, mas mesmo assim, aquele lugar não era para mim. Eu não sou orfã, meus pais estão vivos. Eu sou apenas uma garota perdida e deslocada.
A comida era diferente da qual eu estava acostumada, talvez alguem estivesse testando uma nova receita. Mas mesmo assim estava saborosa, do tipo de comida caseira que você só de experimentar sabe que foi feita com amor. Quando terminamos cada um lavou uma parte da louça e alguns foram para os quartos, e outros ficaram na sala, na qual tinha uma lareira o que eu achei muito estranho já que no Brasil não temos lareira na maioria das casas.
Tanto eu e Yasmin voltamos para o quarto, ela deitou na cama, pegou um livro e começou a ler, e foi visível a barreira que ela criou com aquele ato foi como um não converse comigo, este livro é mais importante que você.
Não que essa afirmação estivesse errada...
De qualquer forma, respeito ela preferir um livro a mim, afinal é compreensível. Se ela quer um tempo só com o livro, terá esse tempo agora.
Deito na cama, espero o sono vir. Mas eu não conseguia dormir, mas eu acho que nem seria possível, quem dormiria numa situação dessas? Eu nem ao menos sabia onde eu estava. E é claro que o abajur ligado da Yasmin, e meu mau hábito de dormir tarde não ajudavam.
Rolava na cama e mudava de posição, esperando todo o cansaço mental daquele dia se tornar físico e eu finalmente dormir. Fui tentar achar uma posição mais confortavel, e rolei para a direita, só que fui além do limite da cama e acabei caindo.
- Sua idiota - reclamei culpando a mim mesma por estar acostumada a não cair para aquele lado da cama,já que no meu quarto ele está encostado na parede.
- O que aconteceu? Você ta bem? - Yasmin perguntou no mesmo instante ao perceber minha queda
- Tô bem - respondi enquanto olhava para o teto, esparramada no chão.
Me sento e apoio minhas costas na cama, fecho os olhos para me acalmar de tudo, mas obviamente não daria certo, a janela que estava apenas encostada foi aberta pelo vento, trazendo uma brisa forte e gelada para o quarto. Fui colocar as mãos nos bolsos do casaco que eu estava usando e senti uma coisa dentro dele.
Tirei do bolso, e quando vi não acreditei, era uma pedra, mas não era uma pedra qualquer. Era aquela pedra. Nem acreditei no que estava vendo.
Mas o que ela está fazendo aqui?
Não importa, eu vou voltar para casa.
Fui logo apertar o botão envolto no circulo roxo, mas eu percebi que ele não existia mais me deixando com apenas uma pedra qualquer.
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Loucuras Da Minha Mente
FantasyPelo acaso do destino, Letícia, uma garota comum como todas as outras, se vê presa numa sequência de situações sobre as quais nem imaginava que fossem possiveis ▪•▪•▪ Isso é um delírio que eu mesma criei pra ativar minhas imaginações e loucuras. Teo...