Tinhamos que descobrir o que havia de estranho em mim. Para isso elaboramos um plano. Minerva basicamente daria uma desculpa, resolvi nem me preucupar qual seria, e eu falaria que não sabia e que Minerva já tinha acertado tudo.
Depois de varias tentativas fracassadas com o Chapéu Seletor, a mais velha fez uma espécie de questionário oral para descobrir qual seria minha casa.
- Não é a melhor forma, mas não temos outra escolha.
No fim fui para corvinal. Embora houvesse uma certa dúvida se deveria estar na lufa-lufa. Ela me levou até a salão comunal - que é como uma sala de estar dos alunos da casa, com um caminho para os dormitórios femininos e masculinos. O quadro se moveu, ma assustando. Era de uma mulher magrela, com um chapéu estravagante. A senhora do quadro fez um enigma, que Minerva resolveu com facilidade, e o quadro se abriu como uma porta. Entramos.
A sala era linda. Montada em madeira escura, e quase todos os objetos eram em tons de azul, com detalhes prateados. Olhei para as pessoas que estavam no ambiente. Alguns conversam e outros estavam concentrados em coisas como livros e pergaminhos. Quando viram eu e Minerva ali, voltaram toda atenção para nós. Devem ter lembrado de mim. A menina de nenhuma casa.
- Provavelmente estão se perguntando o porque dela estar aqui - A bruxa de vestes verdes começou - mas o problema com o chapéu já foi resolvido. Ela é da corvinal. Muito obrigada pela atenção, tenho trabalho a fazer.
Ela me deixou, mas não antes sem colocar a mão em meu ombro e relembrar que se algo acontecesse, devia avisa-la. Logo, estava sozinha em meio a desconhecidos. Alguns vieram até mim para me cumprimentar, enquanto outros conversavam baixo em seus cantos.
Perguntavam sobre mim. Deviam estar curiosos, e com razão, Minerva me contou que aquilo nunca aconteceu antes. Por sorte Yasmin apareceu, pedindo pra conversar a sós comigo. Subimos umas escadas, nos levando para um corredor, e assim encontramos nosso dormitório.
- Letícia. Você precisa me contar. O que aconteceu lá. - ela mandou, em tom baixo, mas mesmo assim severo.
- O chapéu disse que eu não pertencia a esse lugar. Que eu tinha magia, mas não era a mesma que a de todos vocês. Insistiu que eu não era uma bruxa, que minha magia era diferente.
Uma pausa. Yasmin olhava para varias direções, talvez em busca de hipóteses. Quando ela abriu a boca para falar, apenas saíram mais perguntas.
- O quão diferente?
- Ele não disse. E eu não faço a mínima ideia - admito enterrando o rosto em minhas mãos - Por que as coisas não podiam ser simples? Sem dúvidas, ou questões indecifráveis?
Dessa vez é Yasmin quem quebra a distância. Os braços dela envolvem meu corpo num abraço.
- Vamos descobrir o que está acontecendo, só precisamos de tempo - me reconforta
Passamos alguns minutos em silêncio, nos encaramos. Até que começamos a rir sem motivo. Aquelas risadas deram inicio a uma longa conversa, a qual começou com: "o quão se encarar é engraçado", e passou por tantos assuntos que foram se engatando que nem vale a pena citar.
Nossa conversa foi interrompida quando nossas colegas de quarto chegaram. Eram três. Uma de cabelo loiro, longo e liso, e olhos verdes; outra era uma menina negra de cabelos bem encaracolados, a mais baixa das três; e uma ruiva alta, de olhos puxados. Era tarde, já passava da meia noite, então estávamos com sono, portanto poucas palavras foram ditas, em geral apenas decidimos que já devíamos ter dormido.
Acordei sendo chacoalhada e levando uma travesseirada na cara. Yasmin reclamava que eu tinha um sono pesado, e a colega de quarto mais baixa reclamava que iriamos perder as primeiras aulas, e que se eu não fosse rápida, iriam sem mim.
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Loucuras Da Minha Mente
FantasiPelo acaso do destino, Letícia, uma garota comum como todas as outras, se vê presa numa sequência de situações sobre as quais nem imaginava que fossem possiveis ▪•▪•▪ Isso é um delírio que eu mesma criei pra ativar minhas imaginações e loucuras. Teo...