Pennywise, um conto de Derry

Between chains

A madrugada já havia chegado fazia tempo em Derry. O céu estava nublado, coberto por grandes nuvens  cinzentas, um cheiro de sangue seco misturado a fumaça estava impregnado no ar de toda a cidade. Os ratos que viviam nos esgotos e lugares abandonados estavam inquietos, como se sentissem a chegada de algo ruim a cidade. Os cachorros já não uivavam para a lua, e sim se escondiam aonde conseguiam. Grilos também não eram ouvidos, o silêncio era perturbador, e incomum. De repente o clima mudou, se revirou. O antes leve farfalhar das folhas das árvores agora era intenso, a brisa se tornou um vento forte, uma chuva começou, uma chuva forte e incessante, acompanhada de trovões e raios caindo. Os animais procuravam abrigos para se esconder.

Phoebe estava no quarto, abraçada a Pennywise ainda. O palhaço que cheirava a algodão doce e coisas gostosas acariciava os cabelos rosados da garota enquanto ela dormia. Porém o sono não durou muito, a jobem lentamente seus olhos, olhando ao redor logo que um grande raio caiu perto da casa provocando um enorme estrondo. E logo depois,  direcionou o olhar para o dono do sorriso vermelho, e suspirou baixinho sussurrando um pouco tristonha.

—Penny, o Ethan ainda não voltou e já são mais de 02:00... Eu estou preocupada com ele.. — Dizia se aninhando mais contra o corpo da coisa. Shiro, o novo gato da menina estava em uma beirada da cama, dormindo como se não houvesse tensão no ar. — Você não consegue sentir o cheiro dele para saber onde ele está? — Ainda sonolenta, se atrapalhava um pouco em meio as palavras. 

O palhaço, olhou para Phoebe com seus grandes olhos azuis e suspirou levando a mão até o rosto da garota e negou com a cabeça levemente.

— Não pequena, eu infelizmente não consigo sentir o cheiro dele, é como se ele tivesse sumido. — O palhaço não se importava nem um pouco que aquele pirralho houvesse sumido, porém Phoebe se importava e isso de algum modo mexia com os sentimentos confusos da coisa. A luz então foi tomada por uma completa escuridão e a garota se assustou pelos raios e ventanias bruscas que se chocavam contra as paredes da casa.

— Se acalme... volte a dormir pequena.

A garota assentiu voltando a fechar os olhos para tentar dormir outra vez, a preocupação com seu irmão mais velho era visível e isso não agradava Pennywise, que se sentia estranhamente frágil.

Pov's Ethan

Abri os olhos lentamente, estava tudo tão escuro, eu mal conseguia ver as coisas que estavam ao redor. Sentia minha cabeça latejando e meu corpo estava estranhamente gelado. tentei me levantar e só ai percebi que haviam correntes prendendo meus pulsos. Pesadas correntes que me mantinham preso a parede. Tentei mexer os pés também, eles estavam acorrentados do mesmo modo que os pulsos. Meu corpo foi tomado por um súbito desespero e a pergunta era... Onde que eu estou?

A luminosidade daquele local era péssima, conseguia distinguir apenas umas coisas que pareciam espelhos. E então, vi algo diferente. Uma sombra de um homem alto, tinha mais de 1'80 provavelmente, ele estava com um capuz, não consegui distinguir sua roupa. Ele parecia estar acompanhado de mais dois homens do mesmo tamanho e vestidos igual. Estava parado como uma estátua,

— Quem são vocês? O que estou fazendo aqui? - exclamei, recebendo uma risada em resposta, e só então eu percebi que não eram três homens e sim apenas um, os espelhos causavam aquela estranha ilusão de haver outros dois seres ali.

— Há, pode me chamar de seu sequestrador. E você está aqui para sofrer... Até que Ele seja atraído para cá. — A voz daquele homem era grossa e rouca, porém ele falava em um tom baixo e parecia estar entediado.

— Merda, para com isso! Me solta, e quem é "ele"? — Gritei, e subitamente os ventos mudaram, consegui ouvir o barulho da chuva batendo contra uma estrutura de metal, os estampidos das gotas grossas caindo. Trovões também soaram, me deixando um tanto receoso. Ouvi ratos correndo por aquele local, e presumi que fosse abandonado.