Capítulo 17

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Dulce acordou no dia seguinte sentindo que estava mais cansada do que quando foi dormir. Quando saiu de casa para visitar a mãe parou ao entrar no carro. Ela estava tão habituada à rotina que tinha que não se lembrou do que aconteceu no dia anterior mas quando se lembrou foi pior. Se ela antes sentia que não era amada por ninguém agora sentia ainda mais. O que é que fez para merecer uns pais como os que tinha? Porque que não recebia proteção deles? Claro que quando pensou em amor ela lembrou do Christian o único amigo de verdade que teve a vida toda mas ela não podia ser dependente dele, cada um tinha a sua vida. Ela entrou no carro e foi para uma praia perto dali na parte mais isolada e ficou lá a olhar o mar sentada numa pedra até que sente algum e se aproximar dela. Quando olhou para cima e viu quem era voltou a olhar o mar, a última coisa que queria era falar agora.

Christopher: Você sabe que os seguranças sempre andam atrás de qualquer um de nós não sabe?—ela assentiu, era algo que existia desde o início do contrato mas ela mal se lembrava por eles serem muito discretos—eu não sei o que você fez mas eles me chamaram com medo que você fizesse uma loucura—ela olhou para ele que olhava o mar e percebeu o que ele falava

Dulce: Se eu quisesse morrer não seria no mar que o faria.. E como viu estou seca— ele assentiu—estou cansada—disse com os olhos fixos nas ondas e ele a olhou—E se..

Christopher: E se..?—incentivou

Dulce: Se eu quiser ir e deixar todos para trás—ele levantou as sobrancelhas tentando entender o que ela queria dizer

Christopher: A vida é sua e você é livre.. Pode fazer com ela o que você quiser— ela fechou os olhos quando vento um pouco—vai desistir na primeira dificuldade que a vida dá?

Dulce: Primeira?—solta uma risada sem humor—eu estou cansada—repetiu e ficaram assim até que Dulce levanta e saí sem dizer uma palavra.

Christopher volta para a empresa e os seguranças seguem os dois como sempre fizeram e sem dar nas vistas. Dulce estaciona o carro mas antes de sair decide ir andar um pouco, sempre gostou de dirigir sentia que era livre então foi isso que fez e dirigiu durante horas. Um grande erro devo dizer...

Ela parou o carro em frente a uma igreja e pela primeira vez em anos entrou. A mãe sempre a obrigava a rezar mas ela tinha deixado de acreditar em Deus há muito tempo, na verdade desde que tinha doze anos e o seu inferno começou. Ela pediu ajuda sem saber bem o que queria. Pensou em ir até ao padre para se confessar ou até desabafar mas desistiu e com lágrimas nos olhos foi para o carro e só parou em frente ao prédio. Ela saiu do carro e quando estava a entrar no prédio ouve a voz que menos queria ouvir.

Bruno: Oi Dulce—ela olhou para trás e ele sorriu—então é aqui que você vive?—olha o prédio—muito bem.. Você sabe escolher

Dulce: O que é que você faz aqui? Como é que sabe onde eu vivo?

Bruno: O seu namorado novo que me disse—deu de ombros e Dulce deu alguns passos para trás—eu tenho que ir agora mas eu vou voltar, todos os dias—sorriu e se aproximou dela que começou a tremer

—Algum problema aqui menina Dulce?— um segurança perguntou e Bruno riu

Bruno: Tá tudo bem aqui eu já vou sair— olhou para Dulce—mas como já disse antes vou voltar.. Sempre!—olhou o segurança que estava próximo—tenha um bom dia—ele saiu e Dulce ainda tentava entender o que acabou de acontecer

—A menina está bem?—perguntou a Dulce que somente assentiu e murmurou um obrigada antes de entrar e correr para o elevador

Quando entrou em casa tentando organizar os pensamentos não teve tempo já que quando entrou viu Soraia de pé encostada à parede do corredor.

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