Capítulo 19

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Um mês do acidente e tudo continuava igual. Christopher passava lá bastante tempo. Entre ele e Christian não dava para ver quem estava mais tempo lá. A empresa estava a ser deixada de lado pelos dois e Alfonso, juntamente com Soraia e Maite que trabalham lá tentavam de tudo para aguentar as pontas mas estava difícil. Isabel e Matheus depois de saberem o que aconteceu tentaram apoiar os filhos mas nenhum dos dois fazia nada. Christian mal comia e Christopher não falava com ninguém tendo sempre o olhar distante. Por incrível que pareça a única pessoa que conseguia fazer o Christian reagir era o Christopher e o mesmo acontecia ao contrário.

Christian: Boa tarde—disse quando entrou no quarto da Dulce e viu Christopher lá que só respondeu com um simples movimento de cabeça—você vai continuar a vir sempre aqui?

Christopher: Você não é ninguém para me criticar—disse neutro olhando a mão dela

Christian: Eu não tenho nada haver com você. Ela era a minha melhor amiga, quase minha irmã e você não sentia nada por ela—disse simples, a voz não continha nenhuma acusação ou deboche

Christopher: Eu também achava isso— Christian olhou serio para o irmão que não levantou a cabeça—você nunca ouviu dizer que só depois de perder é que sabe o que tinha?

Christian: O que é que você quer dizer com isso?

Christopher: O que você ouviu—deu de ombros

Christian: Você não está a fazer isto por culpa?—perguntou verdadeiro, era o que a grande maioria pensava

Christopher: Culpa? Sinto claro, mesmo sem saber o que fiz sinto. Mas essa não é a razão pela qual estou aqui e quero ficar perto dela..

Christian: Qual é então?

Christopher: Não sei—deu de ombros e suspirou—eu só preciso disso—Christian assentiu

Christian: Vou falar com o médico para ver se há alguma novidade—saiu do quarto e Christopher levantou a cabeça por primeira vez para olhar na cara dela

Ele tocou o rosto de Dulce de forma carinhosa como não se lembra de fazer com ela acordada. Os cortes superficiais que tinha no corpo pelo acidente já estavam a desaparecer mas ela continuava pálida e a pele fria nos dedos dele, bem contrário as imagens que ele tinha dela.

Christopher: Por favor acorda—diz próximo ao ouvido dela e Christian entra no quarto nesse momento mas fica na porta à ouvir o irmão falar—acorda e me manda embora enquanto grita mas abre esses olhos lindos que só você tem

Nada aconteceu. Os monitores continuavam iguais e ele suspirou sentindo a culpa cada vez mais dentro dele. Passou a mão pelos cabelos dela e deu um beijo no rosto. Christian, que via tudo da porta franziu as sobrancelhas sem saber o que pensar sobre aquilo e saiu deixando-o um pouco sozinho com ela.

Mais um mês e tudo continuava igual. Dulce estava exatamente igual, imóvel e fria como uma boneca de cera sem dar nenhum sinal de vida se não olharmos para os monitores. Sabendo de tudo isto dá perfeitamente para imaginar a surpresa que foi para Christopher entrar no quarto de Dulce e encontrar a cama vazia e a dona em pé. Ele piscou em choque, esteve lá na noite anterior e todos os outros dias.. O que mudou? Ele olhou bem e vou que haviam três enfermeiras em volta dela e o médico. Mas ela está lá de pé, ele podia ver por entre as enfermeiras. Ele fechou a porta, não se importando com o barulho que aquilo fez e foi até ao médico que já estava no meio do quarto indo até ele mas Christopher só pensava que ela estava ali de pé. Tinha acordado, ele ia voltar a ver os olhos dela.

Christopher: Ela está acordada?!—disse passando pelo médico que não conseguiu impedir a aproximação

Mas quando chegou perto viu que algo estava errado. Ela ainda estava presa aos monitores, e mole sustentada pelas três enfermeiras à sua volta. Quando uma enfermeira fez um movimento com a mão que fez com que a cabeça de Dulce caísse para trás como se fosse uma boneca de pano Christopher se afastou como se tivesse levado um choque. Rapidamente olhou do médico para a Dulce.

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