"Ainda é uma surpresa pra mim que o meu coração não tenha saído pela boca no momento em que vi aquele loiro sem coração me encarando, ali tive infelizmente a certeza que ele ainda é a pessoa que mexe com o meu juízo, diário"
- O nome dele é Lucas, e segundo ele, passará aqui para nos buscar - Repondo minha tia que espera ansiosa para o horário de ir encontrar seu garoto desnutrido.
- Não vai se trocar? - Isabel pergunta me olhando de cima a baixo, ô mania feia.
- Vai de biquíni? Nem tomou banho, sua salgada - Ela pergunta com cara de nojo e é inevitável não soltar uma gargalhada e chamar a atenção da minha mãe, que nos olha estranho e volte a se arrumar para o encontro que segundo ela não ia a anos.
- Ainda falta uma hora, vou me arrumar no meu tempo.Passei o dia todo conversando com Lucas e ele é o garoto que eu gostaria de me apaixonar, se meu coração não mandasse em mim.
E cá estou eu, atrasada como sempre, penteio o meu cabelo, dou um laço no meu vestido jeans, e desço para esperar Lucas chegar.- Como está linda em - Minha tia me elogia enquanto desço as escadas. Reviro os olhos e em seguida percebo que não se encontra só ela no sofá da sala, Lucas também está a minha espera.
- fãs - suspiro fazendo com que minha tia e Lucas riam.
- Estamos atrasados. - Bel grita nos fazendo correr até o carro do garoto.
- Você está deslumbrante, moça - Lucas me elogia sorrindo, segundos antes de fechar a porta do carro.- Eu adoraria ter uma casa com vista para o mar - Comento enquanto observo o mar agitado pelo vidro do carro.
- Meu quarto tem uma vista linda para o mar, seria bem vinda lá - Ele termina e frase e abro um sorriso para o moreno ao meu lado. Iludir esse garoto, não me parece certo.
- Seria um prazer conhecer o seu quarto. - Ele pisca para mim e para o carro anunciando que chegamos. Mas eu já sabia disso, aqui era como uma segunda casa para mim.
- Vocês chegaram - Pablo pula da janela assim que nos vê e grita para que Caleb vista uma roupa, sorrio lembrando das noites em que passávamos os quatro bebendo e falando besteira até ao amanhecer.
- Ouço a porta se abrir e a imagem do garoto loiro sem camisa é a primeira coisa que vejo.
- Deveria se vestir. - passo por ele e puxo Lucas comigo.
- Acho que esqueci de avisar que Téo iria trazer um amigo - Pablo fala enquanto se joga no sofá
- Sem problema, não vou ficar muito tempo aqui. - O mesmo responde e fecha a porta. - Acho que esqueceu uma calcinha a última vez que esteve aqui Teodora - Ele comenta e respiro fundo.
- Tenho certeza que pediu para ficar com ela, desde então se tornou sua, e não quero mais nada que venha de você. - minto feiooo - e ele sorri provavelmente sabendo que estou mentindo.Algumas horas se passaram e Lucas recebeu uma ligação, segundo ele, era sua mãe, e ele precisava voltar para casa, o mesmo perguntou se Bel e eu queríamos que ele nos levasse para casa, mas como uma tia responsável que Bel é, falou que Pablo (que se encontrava Bêbado) nos levaria.
Depois de um ano segurando novamente uma tocha linda no mesmo lugar para as mesmas pessoas. Eles estão se agarrando em algum cômodo dessa casa e eu estou aqui, sem Lucas, sem Caleb, sozinha.
- Convidar o meu empregado para a minha casa, para me fazer ciúmes, com certeza foi idéia da sua tia. - Caleb aparece do nada fazendo com que eu me assuste.
- O mundo não gira em torno de você - Respondo e o encaro tentando manter minha respiração regulada
- Gostou da reforma? - Ela pergunta se sentando ao meu lado.
- Não andei muito por aí, não consegui ver toda a reforma.
- O meu quarto mudou e está do jeitinho que você queria.
- Então decidiu me ouvir e arrumar aquela zona? - Pergunto fazendo pouco caso da conversa e ele ri baixo.
- Só pedir que eu te levo para ver como ficou, prometo que não vou tentar nada com você -
- Ele sugere, mas meu medo de acabar no meu quarto chorando, de novo, me deixa em dúvida.
- Não está com medo de mim, está? - Ele pergunta querendo rir e eu cruzo meus braços.
- Vamos, birrenta, ainda podemos ser amigos - ouvir isso foi como um tiro no meu coração, e dessa vez eu sinto que preciso provar que estou bem sem ele.
- Acho que não pretendo ser sua amiga, não depois de tudo, mas sabe como sou curiosa - Começo e termino de falar com um nó preso em minha garganta, me segurando para não desabar de chorar bem aqui na frente dele.
- Vem - Ele me chama estendendo a mão para que eu segure, mas só sorrio e me levando sozinha.Realmente o quarto estava lindo, do jeitinho em que tinha descrito o meu quarto dos sonhos no verão passado, eu estava feliz por ele, cada conquista de Caleb e Pablo me deixavam orgulhosa.
- Estou orgulhosa de você, loirinho - Digo enquanto me sento em sua cadeira giratória.
- Obrigado, criança. - Ele agradece sorrindo e se abaixa ao lado da cadeira em que estou. - Por que trouxe ele aqui?
- Quero tentar algo novo, e ele parece ser uma boa pessoa. - minto
- Não precisa ser com ele - Congelo e a esperança que ele se declare acende meu coração. - Sabe, ele é meu funcionário e a idéia de ter que ouvir ele falando de você todos os dias, me irrita um pouco - Aquilo não era ciúmes, era apenas egoísmo mesmo.
- Eu vou embora - me levanto, mas ele segura meu braço me impedindo. - Não me trate como se eu fosse um brinquedo que não quer mais, mas não quer desapegar. - Grito e quando percebo meu tom de voz, peço desculpas.
- Não precisa se desculpar, e vou entender se quiser ficar com ele
- Entender?
- Respeitar é a palavra certa. - Ele me olha e dá um meio sorriso.
- O que está acontecendo aqui? - minha tia entra no quarto desesperada e se acalma quando vê que estou bem - eu ouvi gritos, desculpa atrapalhar vocês
- Estou bem, Bel, não se preocupe - tento acalmar ela e vejo Pablo entrar no quarto também - Estou bem, casal. - repito
- Se fizer mal a ela, eu te mato. - Minha tia "ameaça" o garoto que ri com um certo tom de nervosismo.
- Me desculpa, Téo, mas não tem noção do quanto vai ser complicado te ver com ele. - Era tudo questão de ego ferido. O casal grude do quarto ao lado, já voltaram a se agarrar em algum canto da casa e o clima aqui não estava dos melhores.
- Acho melhor, eu ir embora mesmo - digo e ouço baixinho ele pedindo para que eu fique.- Não poderia ter sido mais gentil ao me dispensar? - pergunto deixando uma lágrima rolar pelo meu rosto - Não tinha o direito de ir nos cumprimentar na praia, depois de tudo que me fez passar - Foi um alívio ter finalmente falado tudo que estava engasgado. - Mas eu estou na sua casa, a errada sou eu
Era o que eu gostaria de ter dito, mas apenas sorri e concordei em ficar mais um pouco.
- Senti sua falta - Ele fala, mas fico em silêncio - me superou rápido, né - ele volta a falar e sem querer respondo um " quem me dera". Burra.
- Quer dizer que demorou para me esquecer?
- Quero dizer que não te esqueci, Caleb. - Já se passaram alguns longos minutos e o silêncio que antes não existia entre nós, agora fazia com que eu ouvisse perfeitamente o som do mar batendo nas pedras, era difícil ter que aceitar que o garoto que amei ou amo, deixa muito visível que não é recíproco. Olhar para ele e não poder te tocar, conversar sobre coisas aleatórias da vida, deitar pertinho dele, sentir seu cheiro, acredito que terei que me acostumar viver sem ele, é deprimente, eu sei.
- Não sei o que dizer - quem cala consente, não é o que dizem?
- Não precisa dizer nada
- Não quero me envolver com ninguém, mas quero muito te beijar, você é diferente, mexe comigo.
- Eu estou indo embora, se cuida meu loirinho - me despeço e saio do seu quarto o mais rápido que posso."Querido diário, não estou afim de conversar hoje, só deixo registrado que novamente Caleb Garcia, conseguiu ser o sem empatia que conhecemos"
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3:15 am
DiversosAos 18 anos, Teodora Albuquerque foi condenada por assassinato, enquanto sua (ex) melhor amiga, que ela jurava ser a culpada foi inocentada. Durante 10 anos de sua vida, a cela era seu quarto, as prisioneiras suas amigas, o refeitório o pior restaur...