8º Capítulo.

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    A garota me olha com dó ou algum sentimento parecido com isso, enquanto Caleb não desvia seus olhos dos meus, sinto seu olhar me acompanhar até eu eu volte para o quiosque, mas ignorar aquela situação seria ideal ou necessário.
- Pedi sua demissão. - Conto baixinho e me dando conta da burrada que fiz sem nem ao menos perguntar se podia ter feito aquilo.
- Você pediu minha demissão? - Ele pergunta retóricamente, como se não acreditasse no que acabara de ouvir e eu assinto. - Aí, minha pressão. - Ele respira fundo enquanto deixa seu avental encima do balcão - Você pediu minha demissão? - Ele repete mais 3 vezes sem acreditar e eu repito "me desculpa" por mais 7 vezes.
- Não precisa pedir desculpa. Vamos só esquecer que isso aconteceu, tomar um vinho ou algo mais forte, e amanhã dou um jeito nisso. - Ele fala tentando tranquilizar minha consciência e em seguida segura forte a minha mão - preparada para conhecer a minha casa? - Ele beija minha testa me deixando sem graça, e me faz o seguir.

- Ok, você mora em uma mansão, claro que mora, por que será que isso nunca passou pela minha cabeça? - Tento me expressar enquanto observo aquele lugar deslumbrante.
- Não é bem uma mansão, mas é bem legal, né? - Ele sorri, e eu fico pensando o quão humilde ele é, e o que fez com que ele fosse parar naquele quiosque, ele nunca havia me contado sobre sua família, ou sobre seus bens e muito menos que morava em uma casa tão linda.
- Então você é rico?
- Eu? Não. - Ele gargalha enquanto abre uma garrafa de vinho. - meus pais são, eu sou só o filhinho de papai, que nunca deu valor as coisas que tinha. - ele fala dando de ombros e eu o encaro ainda sem entender
- Eu joguei fora anos da minha vida, Teodora.
- Eu sou um garoto mimado, como aqueles que eu olho gastando o dinheiro dos pais na praia todos os dias.                                                Sabe, eu me arrependo, e com certeza não foi uma escolha minha trabalhar naquele lugar, mas se tornou ao longo do ano a minha forma de criar maturidade.
- Pretende continuar trabalhando lá? - pergunto e ele sorri.
- Jamais, passei em uma faculdade pública, vou crescer na vida, quero ser orgulho para a minha mãe.
- Estou orgulhosa de você.
- Não se sinta assim, eu ainda sou o garoto mimado, que só não gasta o dinheiro dos pais na praia, porque tem que trabalhar para ter o dinheiro dos pais - ele ri e vira sua taça de vinho - sempre vou ser o garoto privilegiado, que é mimado pela mamãe.
- Achei interessante, mas quando vamos conhecer o seu quarto - ignoro tudo que ele me contará a segundos atrás e ele me olha com um olhar que jamais vou conseguir decifrar.
- Caminhamos até o seu quarto, que ficava no andar de cima, e pode até ser um exagero, mas acredito que andamos por um tempinho até finalmente encontrar seu quarto. No momento em que ele abre a porta, ouvimos vozes no andar de baixo, ele me puxa e tranca a porta atrás de nós, ouço passos de salto que indicam que alguém está subindo as escadas, e segundos depois uma batida.
- Filho, está em casa? - Meu corpo gela e ele fica estático sem saber como reagir ao meu nervosismo, eu não queria envolver nossos pais em algo que nem era sério.
- Sim, como foi o jantar? - Ele grita em resposta
- Tem dias que não te vejo, abre aqui, a mamãe está com saudade, meu bebê. - ele me olha e suas bochechas estão coradas, seguro a risada e ele pergunta rápido se estou preparada para conhecer sua mãe, respondo que não, e então ele pede que eu me esconda no banheiro.
- Está me ouvindo Davi? - A mamãe dele pergunta do outro lado da porta e ele corre para abrir - Como você está? Parece tão cansado, estão maltratando você naquele lugar, meu amor? - ela dispara a fazer várias e várias perguntas como se ele está se alimentando, bebendo água e até se está tomando banho.
- Pode ir com Calma, dona Laura. Eu estou bem, mas preciso te contar uma coisa.
- O que aprontou, dessa vez meu filho? - Ela parece preocupada e seu tom de voz mostra, cansaço?
- Eu pedi demissão, mas calma, eu não podia mais ficar naquele lugar, eu não tinha tempo de estudar, e já estou procurando um outro emprego.
- Eu conversei com o seu pai a algumas semanas e convenci ele que você já estava no caminho que ele gostaria, iríamos conversar com você, mas acho melhor você não contar que deixou o emprego, conhece ele, vai dizer que foi irresponsável.
- E a senhora acha que eu fui? - ele pergunta com a voz rouca.
- Não, meu amor, claro que não. Acho que amadureceu muito em tão pouco tempo, e você já teria que deixar esse emprego.
- Eu te amo.
- Eu também te amo, filho. - Ouço novamente o barulho da porta e dos saltos - E aquela garota, estão progredindo?
- Mãe, boa noite - Ele fala quase que expulsando ela, e fico pensando quem poderia ser essa garota. - O caminho está livre, o gavião já se foi.
- O que foi isso, um código para mamãe? - Brinco e o garoto me olha com um bico. Realmente mimado
- Não começa, Teodora - Ele segura minha cintura, me guia até sua cama, me deita com toda delicadeza do mundo, e por fim me beija, um beijo rápido. - Me desculpa por essa vergonha - ele pede se deitando ao meu lado.
- Vergonha? Está tudo bem Davizinho. - brinco novamente e ele me empurra de leve. - Mas me explica esse Davi.
- Meu nome. - Responde como se fosse óbvio - Davi como meu avô, Lucas como meu pai. Davi Lucas, muito prazer.
- Por que nunca me contou?
- Tinha que ter contado? - ele ri e eu assinto - Só a minha mãe me chama de Davi, então acabei me acostumando só com o Lucas. Mini Lucas como minha família me chamava.
- Explicado, Davizinho.
- E você, quem te deu esse nome antigo?
- Ei, não é um nome antigo, eu amo o meu nome, minha mãe não poderia ter escolhido um nome melhor. Teodora era a personagem principal do seu livro preferido, é assim que aprendi a ler, se tornou o nosso livro favorito, a protagonista é forte, determinada, cheia de amor a vida, ela é incrível.
- Então preciso conhecer o livro que deu origem ao nome da garota que estou apaixonado.
- Apaixonado?
- Era pra deixar mais romântico, mas estou apaixonado pela idéia de conhecer sempre um pouquinho mais sobre você.
- Você é o homem dos meus sonhos e eu preciso acordar e voltar a minha realidade em um mês.
- Irei te ver todos os finais de semana, se deixar.
- Você é maluco.
- Fiquei curioso sobre você e Caleb. - Ele diz, enquanto brinca com alguns fios do meu cabelo.
- Também fiquei curiosa sobre como foi trabalhar pra ele. - Tento mudar de assunto e pelo jeito, deu certo.
- Nós éramos muito amigos na época da escola, estávamos sempre juntos, até que... - Ele faz uma pausa e solta a respiração, que eu não fazia idéia que estava segurando. - Será que se eu te contar, vai perder o encanto?
- Davi. - Chamo sua atenção novamente para mim. - Estou disposta a saber tudo sobre você.
- Comecei a usar drogas pesadas e larguei a escola. - Olho para ele ainda supresa com o que ouvi. - Eu tinha 16 anos e não demorou muito tempo até que os meus pais descobrissem e me internassem. Todos os meus amigos achavam que eu estava fazendo um intercâmbio. - Ele ri - o engraçado é que eu sou fluente desde os meus 14 e ninguém se deu conta.
-  Eu não sabia de nada disso, mas fico muito feliz que tenho se recuperado. - Ele sorri de lado e se aproxima de mim.
- Quem disse que me recuperei? - Me afasto um pouco. - tá vendo aquele cofre. - Ele aponta para uma parte aberta do seu guarda roupa. - abre ele. - Nego imediatamente e por pura pressão, resolvo caminhar até o local. - 1508, é a senha. - Digito com muita calma e quando o cofre se abre me deparo com uma caixa vermelha, ele pede para que eu entregue a ele e assim faço. - É para você. - Ele abre a caixinha e dentro tem uma pulseira de prata. - O que achou que encontraria ali? - Ele ri alto e os meus nervos se acalmam.
- Eu consegui realmente me livrar naquela época, e eu não era um completo viciado, foi exagero dos meus pais.
- Me desculpa por desconfiar. - Digo mais calma.
- Não é fácil contar isso, mas achei que gostaria de saber por mim. - Ele segura a minha mão e coloca a pulseira no meu braço. - Agora me conta de onde o conhece.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2021 ⏰

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