하나. 1

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— Yedam!

Corre os olhos para o homem em sua frente.

— Me desculpe, o que estava dizendo?

O manager, já sem paciência, revira os olhos pela terceira vez durante aquela conversa cansativa com o idol distraído.

— Preste atenção. Disse que os presentes mensais dos fãs chegaram, e estão no depósito 6. Não se esqueça de dar uma olhada no que você vai querer ficar.

Yedam sempre achou um absurdo jogarem fora grande parte dos presentes dados pelos fãs com tanto carinho e amor, defendia que deveriam ser guardados devidamente ou doados para quem precisa, como para crianças de orfanatos. E a segunda opção foi a mais viável já que os presentes eram muitos e existiam pessoas que precisariam muito mais do que ele dos mimos como tiaras, roupas e brinquedos.

Mas a parte mais difícil era selecionar o que ele queria. Sabia que todos eram especiais e se sentia muito mal em se desfazer deles, mesmo sabendo que teriam uma destinação caridosa.

Ele tinha um carinho especial pelas cartinhas e desenhos, já que eram itens com sentimentos mais individuais que mostravam parte do remetente de uma forma única e emocionante, e poderia até dizer que se inspirava em algumas para suas músicas.

Além da parte emocional, tinha a parte física. Impossível negar que era extremamente cansativo carregar e abrir caixas, sacolas, pacotes por horas e sair com apenas alguns presentes, na sua maioria cartas, que deveriam ser lidas cuidadosamente depois. Não que não gostasse de lê-las, muito pelo contrário, era apaixonante o sentimento de amor emitido pelos fãs e gostaria de um dia poder retribuir essa afeição.

— ok, vou me lembrar, não se preocupe.

Yedam não tinha culpa, não é mesmo? Ser um idol era extremamente cansativo, possuía uma agenda lotada e muitas vezes nem tempo para comer estava conseguindo tirar, mesmo que se esforçasse muito para tal. Mas não deveria reclamar, afinal ele mesmo havia escolhido essa vida para si e se orgulhava de sua decisão e de suas conquistas durante esse tempo com sua arte, sua dança, sua música, sua alma.

Seu dia estava praticamente planejado após a notícia dada pelo manager: passaria o resto do tempo no depósito. Não era o que queria, estava no meio de uma composição que não saía do lugar há semanas e finalmente tinha arranjado um tempo para terminá-la... Pelo menos até antes de ter sua rotina moldada pelo supervisor.

Foi atrás de seus fones de ouvido e ligou sua playlist de dias chuvosos, mesmo que não estivesse chovendo. Era sua favorita, afinal.

O caminho até o depósito rendeu em piscadelas e sorrisos para os funcionários da companhia e rapidamente estava dentro da sala cheia de caixas e sacolas, como foi previsto pelo garoto.

Era difícil saber por onde começar, sempre achou a pior parte. Tanto na criação de músicas quanto em qualquer outra tarefa, o começo sempre é sufocante.

Resolveu iniciar a jornada pelos presentes menores, mais rápidos de serem analisados.

Centenas de animais de pelúcia, tiaras, chapéus, desenhos, bonecos e, a melhor parte para o garoto, cartas. Muitas e muitas cartas.

Passou horas trabalhando, já era tarde quando terminou e acabou doando quase 100% de tudo, o que o deixou por partes satisfeito.

Exausto, voltou para seu quarto e tomou um banho demorado, esperando mandar a indisposição para o ralo e tentar trabalhar em suas composições, já não aguentava mais procrastinar para tal.

Com os fios ainda úmidos se deita na cama olhando para o teto, fazendo o que? Esperando a vontade de fazer alguma coisa cair do céu, talvez.

Depois de longos minutos fazendo absolutamente nada com o torso nu estendido na cama, se senta e dá de cara com o que já estava lá o esperando: as cartas. Por que não? Pegou uma por uma, leu calmamente e refletiu sobre as palavras gravadas nelas.

Era dedicado ao extremo relacionado à qualquer coisa, porém o cansaço o venceu neste momento, e acabou adormecendo finalmente.

𝑙𝑒𝑡𝑡𝑒𝑟: 𝑑𝑜𝑑𝑎𝑚 ;Onde histórias criam vida. Descubra agora