PRÓLOGO

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Oi, gente, tudo bem? Tive a ideia dessa história de um dia pro outro e resolvi escrever. Me deem um desconto porque não costumo escrever Rabia. Espero que gostem e se puderem, comentem por favor! bjjj e obrigada.

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Rafaella era sinônimo de perfeição.

Aos oito anos de idade, descobriu o balé clássico e em todas as aulas aparecia com os cabelos milimetricamente alinhados num coque, com as roupas sempre bem passadas e arrumadas. Aos catorze anos, embalada pela febre das maquiagens, começou o que seria uma de suas grandes paixões: com o tempo, até o delineado ficava intacto de primeira. Seu jeito também parecia sempre ensaiado, e nem se fosse totalmente programada, acertaria tão bem o andado no seu salto alto preferido.

Nossa protagonista não era só isso. Com 1,72 de altura, ela era sinônimo de sorriso e sempre foi muito otimista, daquelas que gostam de ajudar todo mundo e sempre estava engajada em projetos sociais. Óbvio que isso sempre trazia notoriedade, todo mundo queria saber quem era a garota que preferia fazer trabalho voluntário em asilos do que ir à festas no fim de semana.

Sua família era o seu porto seguro. Provavelmente são as pessoas que ela confiava de olhos fechados e que estavam do seu lado em todas as suas decisões. Por isso, foi uma grande choradeira de orgulho e saudade quando anunciou que precisava ficar um pouco sozinha. Depois de terminar a faculdade, aos 23 anos, ela se mudou para a grande São Paulo.

Nem sempre tudo foi fácil. No começo, dividiu um apartamento minúsculo com uma colega de quarto, que era atriz e atendente de uma loja de departamento. Foi ela que a ajudou a arranjar o primeiro emprego. Depois de pular em um e em outro, ela conseguiu um emprego super incrível em uma empresa. Todos que trabalhavam lá ficaram encantados com sua eloquência e era exatamente a pessoa que precisavam. Além de tudo, ela tinha sorte.

Uns bons anos se passaram até ela perceber que a maior parte dos seus sonhos estava realizado: tinha uma casa, um carro, um trabalho incrível e ainda descobriu que era muito boa em proporcionar entretenimento na internet, o que ajudava muito como renda extra.

Entretanto, o único desejo que ela mais queria nunca havia se concretizado: o de ser mãe.

Por mais que a adoção fosse uma opção linda, ela sempre teve o sonho de gerar uma criança. Imaginava como seria ter um barrigão, escolher os nomes e passar horas na internet atrás de um berço da sua cor preferida. O problema é que nenhuma de suas namoradas parecia adequada o bastante para ser uma aliada na criação de qualquer criança. Rafa tinha um ótimo gosto pra tudo, menos para escolher com quem se relacionava.

Foi pensando nisso que finalmente decidiu: teria um filho nem que fosse sozinha. O que não era um problema totalmente, era responsável o suficiente para cuidar de um bebê, afinal, era sempre ela que cuidava dos sobrinhos sempre que voltava para fazer visitas em Goiânia. E talvez fosse até melhor passar por tudo aquilo sozinha. Ela queria ser mãe, se sentia sozinha e sentia que aquele era o momento mais adequado pra isso.

Depois de inúmeros exames, ligações, ansiedade e muita, mas muita espera, lá estava ela: na sala do consultório da Dra. Marcela, esperando o resultado da inseminação artificial. Mesmo sabendo da grande possibilidade de tudo dar errado, também sabia que seu futuro como mãe iria acontecer e que ela seria perfeita nisso.


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Bianca era a pessoa mais desastrada do universo.

Quando colocou aparelho dental aos dez anos, ao sair do consultório, deu de cara com um poste e teve que refazer todo o trabalho do dentista. Aos doze anos, conseguiu ter o pior primeiro beijo que alguém poderia ter: babou a garota inteira e ainda bateu os dentes na boca dela, não ficou surpresa quando a menina nunca mais retornou suas ligações. Aos dezessete, foi a única pessoa da turma em esquecer o item essencial quando se faz o vestibular: a identidade.

Mas Bianca não era só vergonha e momentos desastrosos. Sempre foi uma pessoa muito determinada. Logo se formou em administração e colocou em prática o sonho que tinha desde muito nova: queria ser empresária. Sua família nunca foi rica, por isso que quando a garota mencionou seu maior sonho, ninguém deu muita bola.

O seu foco começou a ter resultado quando a empresa em que era estagiária precisava de uma assistente administrativa para atuar em São Paulo. E lá foi ela colocar em prática seu maior objetivo.

Bianca tinha o lema de que "nada como um dia após o outro". Seus primeiros meses em São Paulo não poderiam ter sido piores, era pisada por todos os colaboradores da empresa e todos os dias tinha vontade de voltar para o colo da mãe, no Rio. Porém, seu futuro como empresária veio quando ela menos esperava: os testes para subir de cargo foram aparecendo, e ela os agarrou como nunca havia agarrado nada na vida. Pegou todas as chances, fez de tudo um pouco e, depois de alguns anos de trabalho duro, estava no topo da empresa.

Tudo na vida profissional de Bianca estava dando certo. Colhia os frutos de seu trabalho todos os dias.

Porém, algo que não andava bem em sua vida era a parte amorosa. Bianca estava em um relacionamento de longos e incríveis seis anos. E é claro que ela estava apaixonadíssima, do tipo que dava presentes bregas e gostava de comemorar o ano sempre de uma forma diferente. No sétimo aniversário, ela já estava preparando tudo para a maior presentão, entretanto, tudo começou a dar errado quando recebeu a mensagem com um "precisamos conversar" seríssimo, sem nenhum emoji. Daí ela já sentia que estava tudo esquisito entre elas.

Bianca chorou por meses. Imaginou tanto seu futuro com aquela mulher que não acreditava que ela não seria a mãe de seus filhos! Sim, seus filhos que tanto desejou e pediu tanto que viessem pela sua barriga de alguma forma mágica. Sua (ex) namorada nunca foi muito a favor de crianças, o que a deixava bem chateada e elas sempre acabavam mudando de assunto para evitar brigas. O maior sonho de Bianca era esse: ser mãe.

Foi pensando nisso, depois de um dia horrível sentava em frente à TV, assistindo filmes de romance lésbico, que ela decidiu: seria mãe mesmo sem ela.

Com o coração ainda dolorido e no impulso da emoção, ligou para sua amiga e médica, pedindo conselhos desesperados sobre o que fazer naquele momento. No seu coração só sentia que aquele era o momento perfeito pra aquilo acontecer.

23 de novembro | RABIAOnde histórias criam vida. Descubra agora