27. Algumas recordações

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Seulgi observa calada o comportamento estranho da outra. Irene desenha na folha como se sua vida dependesse disso. O que aconteceu segundo atrás definitivamente não foi um desmaio, pois Irene retomou a consciência total rápido demais. É como se ela tivesse tido uma ideia genial ou… Se estivesse lembrando de algo!

– Eu vim daqui. – Irene diz depois de finalizar seu desenho. 

...

– Deixa eu ver mais de perto. – Seulgi fala num fio de voz, ela senta-se ao lado da outra mulher e analisa as linhas do desenho. – Parece Atlântida, mas bastante arruinada 

– Atlântida?

– Um mito de uma cidade submersa… Bom, depois de te conhecer nem sei mais o que é mitologia ou real. – A surfista devolve o caderno para Irene. 

– Na lembrança eu nadava em volta disso... Era como se eu estivesse brincando. – Irene conta passando a ponta dos dedos na testa na tentativa falha de conseguir aprofundar em sua memória. – Minha cauda estava visivelmente menor.

– Pode ser uma memória antiga, você era mais nova. 

– O lugar estava destruído. Ele ainda pode existir? 

– Não viu nada de marcante? Talvez podemos procurar. – Seulgi se anima por um instante.

– A água é escura demais, enxerguei o que estava perto. – Irene olha fixamente para aquele pedaço de papel na busca de encontrar algo, aquela foi a única coisa concreta em semanas qual conseguiu se lembrar.

Irene tem apenas uma peça do quebra cabeça. Uma lembrança que acarretou em novas dúvidas: Será que existe vida naquele lugar e, principalmente, onde fica aquilo? O oceano é gigantesco. Quantas peças faltam para saber sua origem e o motivo de estar, sabe se lá por mais quanto tempo, na forma de uma humana.

– Acho que você vai queimar o caderno se olhar para ele por mais tempo. – Seulgi a desperta do transe. 

– Eu só queria… – As palavras da sereia são interrompidas. 

– Se lembrar de tudo. – Seulgi completa ouvindo um suspiro frustrado da namorada. – Baechu, você tá recordando. A gente tem que descobrir o gatilho que te fez resgatar essa memória e repetí-lo. O que você fez de diferente hoje?

– Vi seus desenhos. 

– Será que as minhas memórias despertam as suas?

– Você já me falou do seu passado antes, por que eu não me lembrei de nada antes? – Irene devolve a pergunta.

– Eu não tenho uma resposta para isso. – Seulgi diz. – Podemos tentar de novo, te mostro meus desenhos antigos favoritos. – Na teoria da mais nova talvez a memória afetiva contida nos esboços seja proveitosa. 

H2O, Fases da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora