Capítulo 1: Cantinho

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Ana acaba de entrar em seu quarto de hotel, caminhando lentamente em direção à enorme cama de casal, exausta, porém muito feliz pois acabara de voltar de um show que fez em São Paulo. Desde o lançamento de seu primeiro álbum ela vem cantando e encantando muitos fãs pelos quatro cantos do Brasil e do mundo.

Ao deitar na cama, diversos pensamentos atravessam a sua mente, desde o que iria comer antes de dormir até o verso de uma poesia que estava na sua cabeça antes do início do show. Em um determinado momento de seus devaneios, Ana se pega fazendo uma linha do tempo de sua própria existência, desde sua infância relativamente tranquila em Minas, com a sua mãe e sua maior confidente ao seu lado sempre a apoiando e dando os melhores e sábios conselhos. Foi também desde a sua infância que a música se fez presente. Mesmo quando pequena Ana recebeu influências musicais vindas de seus avós, e além disso, amava ouvir as músicas através do "radinho" que sua mãe mantinha sempre por perto. Ela lembra de seu primeiro violão onde naquele momento ela nunca iria imaginar que ele seria tão importante e significativo para ela.

Depois veio a adolescência, e junto com ela, chega também todo o drama e questionamentos que esta fase proporciona. Muitas dúvidas e nenhuma resposta. A arte sempre esteve presente, seja através de um verso, um poema, uma história, uma canção. E por falar em arte, foi através dela que Ana se encontrou, ser quem ela é e fazer aquilo que acreditava ser verdade a fez chegar até ali, mostrando aos poucos suas diversas faces, pensares e versões de si mesma. Desde o lançamento do seu primeiro álbum muita coisa se transformou. Arte... Canções... Alegrias... Amores... Decepções... Amores...

Ana é interrompida de seus pensamentos pelo toque de seu celular. Ao olhar para a tela do aparelho vê que é sua amiga Naná.

— Oi Naná! Como é que vai, meu bem?

— Eu estou ótima Ana! Como é que foi o show?

— Ah foi uma maravilha, você sabe como eu amo estar nos palcos né? O contato com os fãs me faz muito feliz. E logo depois do show eu também recebi alguns no meu camarim antes de voltar para o hotel.

— Recebeu é? Sempre tãaooo atenciosa essa Ana Carolina...

— Naná!! 'Cê 'tá insinuando alguma coisa por um acaso?

— Insinuando não! Eu estou é afirmando mesmo, te conheço! — Naná solta uma gargalhada no telefone. Ana e Anaíde construíram com os anos uma firme e consolidada relação de amizade. Se conheciam há anos e desde a primeira interação foram criando um grande elo de cumplicidade uma com a outra.

— Talvez você não esteja de um todo errada, mas não vou te contar nada. Além de perguntar sobre o show, você me ligou 'pra falar mais alguma coisa? — Ana rebate, tentando desviar do assunto que estava em foco naquele momento. Ela sabia que Naná era uma pessoa insistente e que iria querer saber mais de suas aventuras, porém ela não queria conversar sobre aquilo naquele instante.

— Ai Ana às vezes você é bem chata, sabia? Mas eu te liguei também pra saber quando é que você vai voltar para o Rio. Devo te lembrar da nossa reunião para resolver algumas pendências da gravadora e também temos que terminar os preparativos da sua exposição de arte para o evento beneficente. Estou organizando algumas coisas para a exposição conforme você pediu, mas preciso que dê uma olhada em tudo e me diga o que acha — Naná diz, apressada e com uma alegria expressada no tom de sua voz.

— Claro que não me esqueci, Naná! Volto para o Rio amanhã e até a nossa reunião vou conferir todos os preparativos. A galeria que escolhi para a exposição deu alguma notícia? — Ana pergunta, já com uma pequena ansiedade dentro de si. Ela escolhera a dedo a galeria para expor a sua arte com a intenção de arrecadar fundos para a Fundação de Diabéticos da qual é uma ativa colaboradora.

Fogueira em Alto MarOnde histórias criam vida. Descubra agora