Capítulo 4: E'la luce del tuo mondo che mi libera

137 5 2
                                    

"Welcome aboard Flight 187 to Rio de Janeiro. Our travel time this morning will be approximately eight hours and forty minutes." (Sejam bem-vindos a bordo ao voo 187 para Rio de Janeiro. Nosso tempo de viagem nesta manhã será de, aproximadamente, oito horas e quarenta minutos).

Essa foi a última frase desferida pelo piloto antes do avião alçar o voo. Depois de algumas horas da viagem, Chiara entra em uma batalha contra o próprio sono, mas não resistiu muito até que finalmente conseguiu tirar um leve cochilo. Ela estava exausta depois de enfrentar escalas e conexões. Então, não resistiu em encostar a cabeça no estofado do banco e fechar os olhos por alguns segundos, e estes segundos se transformaram em minutos, que por sua vez se transformaram em algumas horas. O seu sono estava tão profundo que mergulhou em um profundo sonho.

Nele, Chiara se viu em uma praia deserta, onde a sua única companhia era a brisa quente do ar e o barulho das ondas que quebravam na beira do mar. O sol já estava se pondo, mas ainda assim os raios conseguiam refletir-se levemente em sua pele bronzeada. Estava sentada na areia, com as pernas cruzadas e as mãos sobre a fina areia, brincando e passando os dedos nos pequenos grãos, por vezes fazendo alguns desenhos abstratos. Ela respirava calmamente, enchendo os pulmões com o ar puro que aquele clima ameno lhe proporciona. Em sua face havia a nítida expressão de felicidade em estar naquele ambiente natural e até meio afrodisíaco. Até que, de repente, o seu sonho muda completamente. Ela permaneceu sentada, porém o ambiente se transformara em um lugar escuro, não havia mais areia e muito menos mar. Parecia uma espécie de cômodo fechado, grande e escuro para qualquer lugar que se olhava, sem nenhum resquício de claridade ou brisa que presenciou no segundo anterior. Ela não sabia onde estava. Aquele ambiente a fazia inclusive sentir uma dificuldade para respirar. Sua respiração estava sem um ritmo e ela não conseguia achar saída. Estava literalmente em um espaço escuro, sem janelas, sem portas, sem ar, sem saída. Sem nenhuma saída.

— Senhores passageiros, dentro de instantes pousaremos no Aeroporto Internacional Tom Jobim. Mantenham os encostos da poltrona na posição vertical e suas mesas fechadas e travadas. — As palavras da aeromoça fez Chiara despertar do seu sono que se transformou em um pesadelo. Ela abriu os olhos assustada com aquele estranho sonho, mas resolveu não pensar naquilo por agora porque acabara de pousar na cidade que até então era desconhecida.

Ao chegar em solo brasileiro, sentiu o peso no corpo depois de tantas horas de voo. Estava exausta, mas ao mesmo tempo em êxtase por conhecer um lugar novo. Assim que desembarcou a italiana conseguiu perceber de forma quase que imediata a diferença do clima. O vento que circundava cada parte de sua pele, abraçando-a, provocando leves arrepios gostosos e totalmente diferente do que já tinha experimentado antes.

Ela caminha alguns metros até encontrar Daniel, que estava aguardando pacientemente a sua chegada. Ao avistá-lo, a italiana abre um largo sorriso e acena ao longe, como forma de chamar a sua atenção. Ele caminha em sua direção e os dois se encontram em um demorado abraço cheio de saudades e boas lembranças.

— Quem é a italiana mais brasileira que eu já conheci na vida?

— Dani!! Que falta eu senti de você e que felicidade de te ver pessoalmente.

— E esse português aí? Está ficando cada vez melhor nisso.

— Hahaha, seu bobo! Devo tudo isso, em parte, para o seu avô, de tanto ouvir e tentar cantar as suas músicas.

— E eu não sei disso? Você é maravilhosa demais! Então vamos logo que tem uma casa te esperando. Imagino que deve estar bem cansada da viagem né? Depois vou te mostrar as belezas dessa cidade. Aqui tem lugares incríveis que você não pode deixar de conhecer.

— E eu com certeza não perco por esperar para explorar cada parte. Estou morrendo de vontade de

***

Fogueira em Alto MarOnde histórias criam vida. Descubra agora