O Início

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Sarada se sentou ao meu lado, no espaço limitado que havia restado no tapete. Sua expressão de felicidade tomava meu peito, fazendo meu coração saltar de prazer. Ela estendeu a mão delicada e pegou um dos álbuns, com fotos de Sakura quando estava grávida.

- Eu me lembro desse dia – eu disse, apontando para uma foto onde Sakura usava um vestido amarelo, que voava ao vento enquanto ela segurava uma rosa vermelha. – Hinata deu essa rosa à sua mãe e ela gostou tanto que quis tirar uma foto.

Sarada sorriu, tocando a foto com delicadeza.

- Mamãe está linda nessa foto.

Assenti.

- Ela ficou tão linda quando estava grávida de você – soltei, sem nem perceber que tinha dito isso em voz alta.

Sarada corou, estendendo um olhar cálido em minha direção.

- Acho que essa é a primeira vez que te ouço chamar a mamãe de linda – ela sussurrou, admirada.

Processei essa informação, tentando engolir o que ela tinha dito. Não queria que Sarada tivesse uma imagem incorreta sobre meu relacionamento com Sakura. Como se eu não a amasse ou se estivéssemos acomodados. Sakura e eu éramos próximos, melhores amigos. Era comum que virássemos noites conversando quando eu voltava para casa: colocando o assunto em dia, falando sobre nossa família, nossos trabalhos, nossos sentimentos. Do lado de fora podia parecer que éramos distantes, mas seria inequívoco achar que eu não elogiava minha esposa.

- Você nunca deve ter prestado atenção – desconversei.

Sarada meneou a cabeça, insistindo em sua versão.

- Também nunca os vi andar de mãos dadas ou mesmo se beijando – disse ela, corando.

Minhas bochechas também ficaram vermelhas. Beijos e carícias com minha esposa não eram um assunto que eu queria discutir com minha filha adolescente.

- Seria desrespeitoso sair por aí – Fiz um bico, imitando um casal se beijando de forma intensa.

Sarada riu, segurando a barriga e cobrindo a boca.

- Os pais de Boruto têm uma foto se beijando, no casamento. Vocês não – argumentou ela.

- Bom, isso é... Quero dizer, nós... – gaguejei. Que assunto desconfortável. Eu preferia entrar em combate com sete bestas ao mesmo tempo a discutir isso com minha filha.

- Vocês já se beijaram alguma vez na vida? – Sarada indagou, séria. Não havia ironia, ela realmente achava que havia a possibilidade de Sakura e eu nunca termos nos beijado.

Ela era nova demais para a resposta que pensei em dar, então puxei o ar e tentei achar uma maneira melhor de me expressar.

- É claro que sim, Sarada.

"Como você acha que fizemos você?" eu tive vontade de continuar, mas apenas ri baixinho e aguardei que ela assimilasse os fatos.

- E já andaram de mãos dadas?

- Sim, andamos de mãos dadas.

Ela tentou segurar, mas um sorriso se abriu em seu rosto. Sarada era como a mãe: romântica e delicada. As duas pareciam flores de primavera, coloridas e abertas para dias ensolarados. Eu era como o outono... Um pouco frio, com folhas mortas caindo das árvores. Mas dava frutos e uma brisa leve.

- Foi amor à primeira vista? – ela indagou.

- Para sua mãe, acho que sim – brinquei, fazendo-a rir. – Para mim... Eu honestamente não sei.

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