Tempestade e arco-íris

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- Não acredito que mamãe nunca me contou isso tudo – disse Sarada, suspirando ao fim da história.

Eu também achava improvável que Sakura nunca tivesse falado sobre isso, mas, era como eu tinha dito antes: talvez ela tivesse guardado isso para si, esperando que um dia eu mesmo contasse para Sarada sobre o dia em que nascera.

- E não acredito que até hoje Kakashi não ficou com Kim – completou ela, rindo.

- Eles ficam nessa enrolação desde o dia que você nasceu. Estão demorando mais que sua mãe e eu.

Sarada bufou, discordando.

- Você demorou dezenove anos para admitir que gostava da minha mãe, Kakashi e Kim estão ganhando por enquanto.

Ela estava certa, apesar de estar me provocando. Eu tinha demorado tempo demais para ficar com minha esposa. Tinha sorte de tê-la encontrado solteira quando finalmente admiti que queria ficar com ela.

- Acho que a mamãe esperou por você esse tempo todo, sabia? – Sarada disse, como se lesse meus pensamentos.

- Por que acha isso?

- Ela me disse que nunca namorou antes de ficar com você.

Sakura nunca tinha me dito isso, mesmo que eu já imaginasse. Abri um sorriso discreto, satisfeito. Era egoísta da minha parte ficar feliz por ela ter me esperado todos aqueles anos, mas tinha valido a pena.

- Sua mãe é uma ninja importante e dedicada. Sempre foi. Não tinha tempo para romance – concluí, tentando esconder minha satisfação com o que Sarada dissera.

Ela meneou a cabeça, discordando de mim outra vez.

- Duvido muito. Vocês foram feitos um para o outro.

Pensei sobre o que Sarada dissera. Sakura e eu tínhamos uma história conturbada, cheia de altos e baixos. Por vezes eu a afastei de mim emocional e até fisicamente. Eu não sabia se concordava que tínhamos sido feitos um para o outro. Na verdade, achava que tínhamos lutado muito para ficarmos juntos, dedicando cada parte de nós a esse casamento, à nossa filha e à nossa vila.

- Por que acha isso? – questionei.

- Vocês nunca brigam. Tudo bem que passam mais da metade do ano separados, mas quando estão juntos, estão sempre em paz. Como se fossem velhos amigos.

Sarada estava certa em um ponto: Sakura e eu éramos velhos amigos. Nos conhecíamos havia mais de trinta anos, então era fácil manter a comunicação. Nós sabíamos como lidar um com o outro, sabíamos nossos limites e nossas preferências. Mas sem brigas... Isso não era verdade.

Sarada era nossa filha, então nos esforçávamos para mantê-la segura e feliz, distante dos nossos problemas de adultos. Hoje em dia, era fácil conviver, dividir a mesma casa, as contas, as responsabilidades. Mas nem sempre fora assim. O início de nosso casamento tivera crises, como qualquer outro.

- Está tudo bem? – Sarada me tirou de meus pensamentos. Ela me olhava preocupada. – Sua expressão ficou triste de repente.

Sacudi a cabeça, afastando as lembranças de momentos difíceis que vivera ao lado de Sakura. Estávamos tão bem, felizes, unidos hoje em dia que às vezes me esquecia de como fora difícil no começo, quando Sarada era um bebê e eu, um pai de primeira viagem que não sabia lidar com meus sentimentos.

- Sua mãe e eu não somos tão perfeitos assim – admiti. Sarada queria a verdade sobre mim, me conhecer de verdade... Bom, isso fazia parte de mim. – Nós lutamos muito para manter esse casamento.

Sarada me olhou perplexa. Aparentemente tínhamos feito um bom trabalho em guardar para nós dois nossos problemas de casal. Nossa filha não fazia mesmo ideia de que já tivéramos crises sérias.

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