— Madrugou na escola é? — Boruto disse assim que viu Sarada encostada no muro da escola que ainda estava fechada.
— Não enche tampinha. — retrucou zangada e virou o rosto para o outro lado.
O loiro se encostou na parede ao lado da morena e vagueou os olhos azuis para frente sem deixar de observa-la com o canto dos olhos às vezes. Sarada parecia irritada, estava mais séria do que de costume e seu rosto estava meio avermelhado.
— O que aconteceu Sarada-chan, caiu da cama e bateu a cabeça? Por isso o mau humor?
— Você é insuportável! — rangeu os dentes e o olhou furiosa.
— Calma, calma. — pediu erguendo as duas mãos na altura do rosto com medo dela o bater — Tô só preocupado com você, se quiser desabafar.
Sarada ficou quieta e o olhou por míseros quatro segundos que o fizeram ficar vermelho, ela tinha tanto efeito sobre ele que nem fazia ideia. A garota estalou a língua no céu da boca e suspirou, ia mesmo contar seus problemas pra ele, pro Boruto?
— Ah Boruto-kun, meu otou-san está em casa. — O respondeu abaixando sua cabeça.
— E o que tem de ruim nisso?! Queria eu que meu otou-san estivesse em casa além de dormir lá. — declarou e tanto ele quanto ela riram tristemente.
— Não tem nada de ruim, mas eu fico pensando....
— Pensando o quê?
— Ontem ele me abraçou pela primeira vez desde que nasci, eu me senti muito bem sabe? — direcionou seus olhos negros para os claros do garoto — E, bem, eu queria que isso acontecesse mais vezes.
— É só pedir um abraço, ouxi.
— Não é tão fácil assim, okay?! Eu tenho muito medo dele ir embora mais uma vez, mesmo que seja para proteger a Vila. Eu queria conversar com otou-san mas ele se mantém tão calado e sério, talvez eu só o incomode. — terminou de dizer com tristeza e abaixou a cabeça.
Tanto Sarada quanto Boruto suspiraram fundo e arrastaram as costas da parede até se sentarem no chão ao mesmo tempo. O loiro a entendia, mas as atitudes dele para com o pai era diferente. Boruto tentava resolver seus problemas com Naruto fazendo birra e aprontando, já Sarada fazia seu melhor como ninja e filha também.
— Mas que kuso ein. — Boruto reclamou.
— Shannaro. — usou o tique verbal que tanto ela quanto sua mãe falavam.
Ambos ficaram em silêncio. Parecia patético aos olhos da garota, duas crianças carentes por carinhos paternos. Aos poucos os alunos foram chegando e a academia foi aberta, Sarada passou a maior parte do tempo pensando em como ficar mais próxima de seu pai e mostrar o seu valor aos olhos dele.
Quando o sinal bateu, não tinha ânimo nenhum em retornar para casa e por isso andava arrastado pela calçada. Olhava atentamente para seus pés que se mexiam enquanto andava até sua casa, mas em meio a sua concentração de observar os próprios pés, viu uma cabeleira loira parar à sua frente e se abaixar um pouco no intuito de ter sua atenção.
— Credo Sarada, dá um sorriso aí! — pediu e ele mesmo sorriu fechando os olhos para a contagiar.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntou ignorando totalmente o sorriso do outro.
Boruto coçou a nuca de modo nervoso e sorriu sem graça ajeitando a coluna.
— É que hoje você estava tão quieta e triste.
— Você fica me vigiando, é? — Perguntou estreitando os olhos e pondo as duas mãos na cintura.
— Quê?! Lógico que não! Eu só, ah esquece! — disse frustrado e revirou os olhos, aquela garota era mesmo muito difícil.
Antes que Boruto desse meia volta, Sarada sorriu para ele e pegou em seu braço para o impedir de ir.
— Obrigada por tentar me animar. — respondeu com o sorriso.
E Boruto, logicamente, corou. Ela não fazia mesmo ideia de como ela o afetava.
— É, bem, bom, tá. Mata ashita! — Se enbananou nas palavras e foi embora.
Boruto não era tão chato assim como pensava, só muito convencido e trapaceiro, mas ainda um garoto legal.
Quando voltou para casa Sarada respirou fundo antes de entrar lá dentro. Tudo estava quieto demais e estranhou por não ouvir a voz de sua mãe assim que entrou como era de costume, tudo que viu foi seu pai sentado em uma cadeira de costas para ela e apoiando o braço na mesa de madeira.
— Otou-san? — disse para anunciar sua chegada e ele nem virou a cabeça para a olhar.
— Olá, Sarada. — respondeu com a voz grave e sem nenhuma emoção como de costume.
— Onde está okaa-san?
— Saiu para fazer alguns serviços no hospital e parece que hoje vai demorar. — mais uma vez, respondeu com o mesmo tom de voz e sem olhar para ela — Sarada, venha cá.
O pedido fez com que todo o corpo da menina entrasse em combustão e prevendo que a qualquer momento estaria em chamas. As pernas começaram a vacilar e quase caiu no processo de se aproximar do mais velho com receio, quando chegou perto dele percebeu que o que ele tanto olhava na mesa era um álbum de fotos que continha, na maioria, fotos de Sarada quando bebê.
— Me diga que dia foi este. — aponto para uma foto em que estava ao lado de sua mãe.
— Essa foto foi quando eu ia entrar na academia, meu último dia como um "bebê". — O respondeu e então sentou-se em outra cadeira próxima da dele.
— E este.
Sarada sorriu em ver que era uma foto única sua com a cara zangada.
— Okaa-san estava com a câmera em mãos enquanto eu fazia birra. De acordo com ela eu estava muito fofa. — disse sorrindo.
— Tem razão, está muito fofa. — Sasuke falou a olhando de canto e as bochechas da menor queimaram.
Sasuke pôs a mão no bolso e tirou dali outra foto meio amassada e dobrada várias vezes. Seu pai a entregou e apontou para o álbum.
— Você pode colar esta foto aqui no álbum também? — Perguntou e a garota concordou com a cabeça.
Ela se levantou com a foto entre os dedos e não parava de observar a mesma. Estava amassada e um pouco desgastada, mas parecia muito bem cuidada. Quando pegou uma cola, voltou até onde Sasuke estava e virou do outro lado para passar o objeto, mas assim que fez, viu que algo estava escrito.
"Sempre vamos estar com você, não esqueça disso em sua jornada. Com amor, Sakura ♡"
Sarada ficou extasiada ao ler aquilo, era uma foto dela e de sua mãe juntas que ele carregava sempre consigo. Aquilo mexeu com a menor, ter aquela foto guardada por tanto tempo era um modo dele dizer "Eu amo vocês" no estilo dele.
— Algum problema Sarada? — indagou assim que notou o tempo que ela levou ao encarar o outro lado da foto.
— N-não, nenhum. — terminou em dizer e enfim colou a foto no álbum junto com as outras.
Diante de tudo aquilo, Sarada só consegui pensar em uma coisa. Ela precisava tirar uma foto com seu pai para por junto no álbum.
•••
MATA ASHITA: ATÉ AMANHÃOTOU-SAN : PAI, PAPAI.
OKAA-SAN : MÃE, MAMÃE.
SHANNARO : TIQUE VERBAL QUE SARADA HERDOU DE SUA MÃE. SIGNIFICA "TOMA ESSA" OU "É ISSO AÍ"
KUSO : DROGA, DIABOS, RAIOS, MERDA.
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P•A•T•E•R•N•I•D•A•D•E
Fanfiction||Concluída|| ATENÇÃO: Se estiver lendo essa obra em qualquer outra plataforma além do Wattpad, denuncie pois é plágio e você pode estar correndo um sério risco de vírus. Plágio é crime, denuncie! ••• Ser pai era algo novo e estranho, será que ele e...