Capítulo 4: Amor

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Para Sasuke, mostrar seus sentimentos era igual a uma deficiência que tinha, pois não conseguia os expressar igualmente a como os outros faziam. E Sarada sabia, conhecia pouco seu pai mas o suficiente para entender aquilo.

Já havia se passando um certo tempo desde que retornou à Vila e se encaixou não só no cotidiano das meninas, como também na vida delas. À pedido de Sarada, Sasuke começou a treinar Boruto no intuito de o tornar um ninja melhor e menos trapaceiro, o que no seu ponto de vista era um desafio e tanto pois o loiro era idiota igual o pai. E depois que virou sensei do rapaz, notou uma certa inquietação de sua filha.

Ele era seu pai e por isso notava muito bem as atitudes da menor. Pelo pouco tempo que esteve com a garota, já sabia lê-la muito bem.

Por isso Sasuke estava agora lavando louça ao lado da menina e a olhando de canto do olho procurando saber o motivo exato de seu incômodo naqueles últimos dias. Sarada estava quieta demais e olhava para o prato que secava com pesar, como se o objeto tivesse a mau tratado e a ofendido.

— O que foi, Sarada. — Perguntou sem se aguentar mais em esperar que ela o dissesse.

— Oi? An, nada otou-san.

— Você está quieta. — disse mais uma vez pondo o prato no escorredor para logo em seguida a menina tomar em mãos para seca-los.

— V-você notou?

— É claro que notei, geralmente você fica tagarelando à todo momento.

Sarada abaixou a cabeça e sorriu pequeno, deveria encarar aquilo como uma coisa boa ou não? Ele pelo menos notou, certo?

Otou-san, você passa muito tempo treinando com Boruto-kun.... — respondeu com um fio de voz.

O homem arregalou os olhos. Ela estava com ciúmes? Era isso?

Enrugando a testa Sasuke parou de lavar a louça e virou para o corpo adjacente da menina, secou a mão e olhou atentamente a ela que, por sua vez, desviava o olhar com desconforto.

— Foi você que me convenceu de treinar ele. — respondeu com uma certa estranheza na voz.

Uma perna da garota começou a balançar e sabia que quando ela fazia isso significava que queria sair dali. Os tiques das sobrancelhas finas dela mostrava que ela pensava muito se deveria dizer ou não algo. Sarada segurou mais ainda o pano que usava para secar os objetos reunindo forças para dizer.

— Bom, e-eu pensei.... — as palavras morreram em meio a frase e ficou um silêncio. Sasuke queria que ela continuasse, mas parecia que não ia acontecer, então decidiu dar um empurrãozinho.

— Você pensou?

— Quando falei para que você treinasse Boruto-kun, imaginei que me treinaria também.... — declarou por fim.

Ao ouvir aquilo Sasuke se sentiu triste naquele exato momento. Sua própria filha se sentia excluída e ignorada pelo pai. Realmente, Sasuke passava mais tempo treinando com Boruto do que com sua filha. Ela o pediu algumas vezes para treinar mas nunca notou que ela fazia tal pedido no intuito de ficar mais tempo com ele. Como Sasuke, um homem tão observador e astuto, deixou passar algo importante igual aquilo? Ele, mais do que ninguém, sabia a dor de tentar provar seu valor para os pais. Ele, assim como ela, conhecia exatamente a sensação de abandono. E por conta destas e outras milhares de razões, se sentiu triste por fazê-la passar por coisas parecidas de sua vida.

Desajeitadamente, Sasuke secou mais uma vez a mão no pano de prato e se ajoelhou na frente da garota pondo sua mão no braço dela. Os olhos ônix da menor encarou sua face e depois desviou o olhar para o chão, mas Sasuke ergueu seu rosto com a mão e manteve o contato visual.

Gome ne, Hime.

Dizer o que sentia era praticamente impossível, mas tinha outras maneiras de demonstrar seu amor por Sarada. Ergueu os dois dedos e tocou no meio da testa dela, assim que fez o toque a garota arregalou os olhos.

Sua mãe Sakura já havia dito o significado daquilo, por isso tamanha surpresa em ter aquela ato direcionado de seu pai.

A menor abriu e fechou a boca várias vezes em procura de algo à dizer mas nada vinha. Sasuke sorriu fechando os olhos e tocou mais uma vez o meio de sua testa.

Tocou denovo, denovo e denovo. Repetiu o ato umas quatro vezes quase deixando vermelho a testa de sua filha, mas nenhum dos dois se importava pois aquilo significava muita coisa.

Sarada sorriu assim que o maior pegou em sua nuca e colou as testas um no outro. Com os olhos fechados, o Uchiha percebeu o momento em que ela começou a chorar e abraçou o maior sem conter sua felicidade. Ele não havia dito que a amava, mas demonstrou com o toque em sua testa e aquilo já a bastava. Sua dúvida sobre o amor de seu pai foi sanada no momento em que ele fez o gesto e correspondeu seu abraço apertado.

— Te amo tou-san! — disse contra seu pescoço e ele sorriu afagando seus cabelos curtos negros.

— Eu sei. — respondeu sem dizer um "também te amo" que nunca viria à tona.

Era a segunda vez que o abraçava e sentiu a mesma emoção que da primeira vez. O coração do maior se aquecia com aquele aperto dos braços finos de sua filha e as palavras que tinha acabado de dizer para ele. Não conseguia responder igualmente as palavras, mas tanto Sasuke quanto Sarada sabia que ele a amava.

Ainda chorando sem parar, Sasuke pegou a menina no colo e foi em direção do sofá. Se sentou ali e manteve a menor em seu abraço acariciando os cabelos e enxugando as lágrimas que escorriam das suas orbes escuras.

Aconchegada no peito de seu pai, Sarada dormiu depois de um bom tempo chorando. O maior pensou em a por no quarto dela mas não queria, de jeito nenhum, a tirar de seus braços. Então continuou ali com a menina dormindo em seu colo toda encolhida, ele não deixava de capturar cada detalhe de sua face marcada pelo choro e um sorriso discreto nos lábios da menina. Não importava quanto tempo passasse, ela ainda seria sua garotinha e seu abraço sempre seria o porto seguro dela.

Oyasumi Sarada. — sussurrou as palavras enquanto a mantinha em seu único braço.

•••
OTOU-SAN/TOU-SAN : PAI, PAPAI.

GOME NE : DESCULPE.

HIME : PRINCESA.

OYASUMI : BOA NOITE.

P•A•T•E•R•N•I•D•A•D•EOnde histórias criam vida. Descubra agora