Capítulo 2 - A Moeda

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Aquilo foi como um soco no peito, e Felipe se questionava: "Real? mas a única moeda que existe e sempre existiu foi o Liberta", na escola ensinaram que o primeiro grande líder era um homem visionário e criou uma forma melhor de poder comercializar as coisas e assim criou a moeda Liberta, antes trocavam mercadorias sem dinheiro e dava muita confusão. Felipe segurava a estranha moeda trêmulo, olhou mais de perto e viu uns números pequenos embaixo da palavra Real "2019".

- O que foi meu neto? - O avô perguntou percebendo o nervosismo do neto, assim que ele chegou.

- O que é real? - Felipe perguntou, os avós se entreolharam.

- Real é o mundo. - A Avó respondeu com um sorriso sincero.

- Ou quem sabe pode ser outra coisa, como uma moeda. - O avô respondeu, e Felipe percebeu a avó olhar com desaprovação.

- Uma moeda? - Felipe estava visivelmente trêmulo. - Mas o Liberta é.

- Que assunto besta. - A avó falou elevando a voz. - Como foi sua semana?

A tensão tomou conta do ambiente, Felipe não respondeu, pôs a mão no bolso sentindo a moeda.

- Acho que ele tem que saber. - Disse o avô.

- Não. - Gritou a avó, mas logo abaixou a voz quase em um sussurro - Ele está feliz sem saber a verdade.

- A verdade? - Felipe olhou para eles com curiosidade. - Como assim saber a verdade?

- Vamos pescar. - Disse o Avô, abrindo a porta da casa.

Os avôs de Felipe tinham nomes bem incomuns, mas por algum motivo gostavam de serem chamados de Maria e João pelo neto. Felipe seguiu o avô em silêncio, um barco com algumas varas de pescar e iscas já estava pronto, amarrado a beira do lago, Felipe quis falar alguma coisa, mas João fez sinal de silêncio, apenas quando estavam no meio do lago seu avô disse:

- Tudo o que você tem aprendido na escola, é mentira. - Felipe não respondeu, estava de boca aberta - Que bom que você achou a minha moeda. - João completou sorrindo.

A história que o avô contou em seguida era inacreditável, o mundo não tinha 36 anos, Libertatem não era o único país do mundo e antes do ano 1 se chamava Brasil, a Zona Urbana 1 se chamava São Paulo. Felipe começou a passar mal sentia uma dor no estômago, não podia acreditar que a vida inteira havia sido enganado, mas o que o avô contará explicava tudo que havia de estranho em Libertatem, sem perceber Felipe gritou.

- Isso é mentira. - Felipe não sabia se havia falado que a história do avô era mentira, ou sua vida inteira era uma mentira.

- Fala baixo. - O avô respondeu. - Vai atrair os peixes.

- Não seria "espantar"? - João falou se aproximando de Felipe quase sussurrando:

- Estou falando de outro tipo de peixe. - O garoto olhava confuso para o ele, após uns segundos de silêncio disse calmamente

- Não entendi.

- Você tem muito que aprender. - João sentiu uma puxada na linha. - Não se pode acreditar em tudo o que te dizem. - O peixe começou a arrastar o barco. - E o mais importante não se pode falar tudo o que você sabe ou pensa. - Agora ajuda seu velho avô.

Os dois puxaram a linha e um grande peixe saltou d'água direto no barco se debatendo, e o avô o matou com um corte preciso separando a cabeça do resto do corpo.

- É isso que eles fazem. - Disse o avô quebrando o silêncio. - Com quem pensa demais.

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