Capítulo 6 - Toque de Recolher

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As aulas acabavam as 18h e o toque de recolher para os jovens começava as 18:30, aliás não existia toque de recolhe. Não oficialmente. Era oficialmente chamado de Reclusão Espontânea de Cidadãos que prezem pela Obediência a Lei e Honestamente Escolhem se Recolher, ou conhecida pela sigla: RECOLHER.

Felipe tinha pouco tempo até sair da escola e ir pra casa sem ser parado por algum militar por estar nas ruas durante o toque de recolher voluntário, e ainda por cima encontraria Larissa meia-hora depois como ele conseguiria se explicar caso fosse pego?

Loucura ou não, Felipe fez tudo o que Larissa pediu, saiu pedalando o mais rápido possível da escola pra casa, vestiu botas de chuva, e olho no relógio era 18:20 ainda.

O tempo parecia se arrastar, de sua casa até a estação não dava nem 5 minutos de bicicleta, e Felipe não queria sair tão cedo de casa.

18: 30

Um som muito alto vindo de um alto falante no topo da igreja anunciava o começo do toque de recolher, Felipe que estava quase caindo no sono sentado no sofá caiu com o susto do barulho, foi até o banheiro e se olhou no espelho, se sentiu ridículo com o uniforme escolar verde e as botas de chuva pretas, decidiu se trocar, pôs uma camisa preta, uma calça jeans e olhou no espelho de novo e pensou: "Bem melhor", decidiu olhar que horas era.

18:35

- Que agonia, esse relógio só pode estar quebrado. - Gritou, logo em seguida tampando a boca, "O que eu estou fazendo?", pensou, não é hora pra levantar suspeitas nos vizinhos.

18:40

Felipe observava o ponteiro do relógio digital mudar o 0 para 1.

18: 41

O tempo parecia andar numa velocidade extremamente irritante e lenta.

18:42

Felipe não conseguia mais segurar a ansiedade, "quer saber? vou sair agora mesmo, não aguento mais esperar aqui em casa."

18:43

Felipe subiu em sua bicicleta e saiu lentamente de casa, olhando pra ver se ninguém estava observando.

18:44

Felipe percorreu a rua silenciosamente, até a avenida, não era muito prático pedalar com aquelas botas vários números maior que seu pé., chegando na avenida observou, estava vazia, completamente vazia, exceto por um gato que se lambia no canteiro central.

- Você não é um espião, é? - Felipe riu de sua pergunta para o gato e continuou pedalando em direção a estação.

18:50

Felipe finalmente havia chegado a estação, desceu de sua bicicleta e quase enfartou ao perceber que estava sendo observado por um militar, não muito longe dali, subiu na bicicleta e pensou em pedalar até em casa, era loucura ficar ali.

- Ei rapaz. - O militar se aproximou e Felipe congelou. - O que está fazendo aqui? Não deveria estar em casa?

- esinhorrazonatem. - As palavras saíram misturadas devido ao nervosismo de Felipe que tentou consertar. - Eu indo casa ir lá agora já não errado sou. - O soldado esboçou um sorriso e falou tão baixo que Felipe quase não ouviu.

- Tudo bem, sou amigo, faço parte da resistência. - Felipe olhou sem reação, . - Vem comigo. - Pediu o soldado, e sem ter muita opção Felipe o seguiu em silêncio.

- Pode me chamar de Samuel, e você como se chama?

- Fefe Felipe. - Disse quase inaudível.

- Então você é o Felipe que a Larissa falou.

- Vovocê conhece ela?

- Claro, ela é minha irmã.

- Irmã? - Era difícil para Felipe absorver aquela informação, não sabia que naquela vila tinha alguém com mais de um filho, quer dizer que a família de Larissa era rica, já que os pais dela tiveram autorização para ter 2 filhos.

- Sim, somos ricos. - Respondeu o Soldado como se tivesse lido os pensamentos de Felipe. - Nossos pais são os líderes da vila, por isso minha maninha é tão ousada na escola, mesmo assim ela deveria tomar cuidado. - Felipe ouvia a tudo silenciosamente, não sabia se devia confiar naquele jovem militar.. - Entre aí e não saía até eu bater na porta. - Samuel disse parando em frente e apontando para um imóvel que em algum momento foi alguma coisa útil, mas que agora parecia completamente abandonado.

Felipe olhou para Samuel que assentiu com a cabeça.

- Pode confiar em mim, entre aí e espere, agora tenho que voltar para minha ronda.- Enquanto Samuel voltava pelo mesmo caminho em que eles vieram, ainda temeroso Felipe abriu a porta enferrujada que rangeu, e encontrou uma sala que para sua surpresa não estava vazia.

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2020 ⏰

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