As aulas nos dias seguintes seguiram normalmente. O discurso do novo diretor intimidou a todos, ninguém, nem mesmo Larissa ousou fazer qualquer pergunta naquela semana.
Felipe sentia uma imensa vontade de falar com ela, mas não sabia como fazer isso. Decidiu segui-la após a saída da escola e abordá-la no caminho, tentou na segunda, mas ela era rápida na bicicleta e sumiu após virar uma esquina. Tentou novamente na terça, ela seguiu por outro caminho e desapareceu após subir uma ladeira, aquela garota era um mistério. Na quarta nem pôde tentar, antes dele subir na bicicleta, ela havia desaparecido.
Seguir ela depois da escola não estava dando certo e decidiu fazer algo mais arriscado: Entrar no banheiro feminino.
A hora do intervalo era o único horário em que poderia conversar com alguém, mas assim como em sala, meninos e meninas ficavam afastados.
Felipe normalmente não falava com ninguém, não se interessava pelas conversas dos outros meninos, que poderiam se resumir em como o Libertateano estava jogando mal, como o presidente de Libertatem era incrível e quais as garotas que eram lindas ou feias.
Larissa também não conversava com ninguém no intervalo, não tinha interesse nas conversas das meninas que poderiam ser resumidas em: dicas de maquiagem, como o presidente de Libertatem era incrível e quais os garotos que eram lindos ou feios.
De qualquer forma, se Felipe iria conversar com Larissa, aquele era a hora certa, a observou com o olho de canto, enquanto comia sua merenda, assim que ela levantou e saiu do refeitório, ele engoliu as últimas colheradas e a seguiu, ela foi em direção ao banheiro.
Felipe a observou entrando no banheiro, olhou em volta e quando teve certeza que ninguém o veria, entrou. Lá dentro ouviu a porta de uma cabine se fechando e correu e a segurou, entrou e fechou a porta atrás de si.
E lá estava ele e Larissa naquele espaço pequeno, os dois sozinhos, um encarando o outro.
- Eu não sou esse tipo de garota. - Ela disse quebrando o silêncio.
- Eu... só? - Felipe não sabia bem o que dizer
- Não fico com meninos no banheiro, perdeu seu tempo.
- Não é nada disso. - Ele interrompeu já estava constrangido com aquela situação.
- Não quer me beijar?
- Não.
- Ah que pena. - Ela disse quase inaudível.
- Você sabe a verdade sobre...- Antes dele terminar a frase ela pulou em sua direção e tampou a boca dele com a mão.
- Está louco? - Ela disse quase sussurrando. - Falar isso aqui? E se alguém ouvisse?
- Então onde podemos conversar?
- Me encontre amanhã, às 7 da noite em frente da estação ferroviária, vá de bicicleta e leve botas de chuva. - Após falar isso ela empurrou ele pra fora. - Agora sai logo que estou apertada.
- Ei. - Felipe disse através da porta. - E o toque de reco... - Parou de falar assim que ouviu a porta do banheiro, uma garota que acabará de entrar no banheiro falou pra Felipe.
- Não deu certo com ela? se ainda estiver afim... - Ele saiu do banheiro e não ouviu o resto do que a outra menina disse, só pensava no que tinha acabado de ouvir:
"Me encontre amanhã, às 7 da noite em frente da estação ferroviária, vá de bicicleta e leve botas de chuva". - Porque ela me pediu pra encontrar ela durante o toque de recolher? e porque tenho que levar botas de chuva?
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Mentiralândia
Science FictionBem vindos a Libertatem, único país do mundo, há 36 anos não havia mundo, de repente o mundo foi criado e Libertatem surgiu, desde então os governantes tem mantido uma sociedade harmoniosa onde todos são livres e felizes. Perfeito né? Só que é menti...