Estados Unidos, Texas.
2017.Lalisa Milani
Não podia acreditar como tudo poderia estar dando errado para mim em tão pouquissímo período de tempo.
"As pessoas não gostam de você e sim do que você proporciona a elas."
Essa frase nunca tinha feito sentido em minha cabeça até um exato momento que repensei e repensei. E mais uma vez tornei a pensar.
A real de tudo é que meus pais não me amam, só me acham um ótimo pretesto para ganharem dinheiro. Desde que eu e Bambam fomos adotados pelos Wang Milani, com a ideia de que eles sonhavam com uma família grande, foi tudo uma ótima ideia, ou parecia ser. Posso acreditar na possibilidade de terem se arrependindo alguns anos depois.
Pelo o que tenho senso, é que nossa mãe biólogica era casada com um homem naturalizado da Tailândia, que anos após foi morar com ela na Coreia do Sul. Aparentemente, após uma traição, ela descontou toda a culpa em nós de uma forma dolorosa de se lembrar, e assim, nos entregou para a adoção.
Foi um passado curto, mas posso dizer que tenho memória de coisas extremamente traumáticas para mim e para Bambam.
Nunca foi um problema para mim, ou para o Bambam sermos adotados. Eu e Bambam somos irmãos de sangue, nos adotaram justamente por isso, por já termos um tipo de ligação. Claro, isso só facilitaria o lado deles. Nos damos super com Mark e Jennie, nossa convivência nunca foi um problema. Estudamos no mesmo colégio, e ambos nos formamos em nossas devidas áreas, como cada um sonhava. Mas sabe, aquele lance deles mostrarem orgulho apenas de dois dos quatro irmãos? Pois é, é exatamente isso que ocorreu dos meus dezenove anos para cá.
Sabe, talvez eu não tenha superado tanto o que eles queriam para mim talvez eu que esteja observando tudo de forma errada.
Mas, o tanto que conquistei, não significava, que eu era merecedora de um simples parabéns?
O sentimento de fracaso acaba comigo.
A verdade em tudo isso é que nunca fui amada, nunca fui capaz de amar alguém.
Eu me bloqueei para o amor. Eu não acredito que exista alguém capaz de me amar mais do que eu possa me amar. Qualquer sinal de desinteresse eu sumo, e não é arrogância minha, vejo como autocuidado. Eu não me alimento de migalhas. Se o amor não for feito de fartura, eu nem quero. Eu trabalhei de mais meu amor próprio pra receber qualquer coisa, ser um tanto faz.E posso dizer uma coisa, nem eu mesma estou me amando ultimamente.
Sempre me considerei boa em sumir, mas não importa o quanto eu fuja do alcance das outras pessoas, eu não consigo fugir de mim mesma.
Refletia isso sob a luz do luar em que consumia toda a minha varanda, com uma taça de tequila pura em minha mão direita e um cigarro acesso em minha mão esquerda, tudo isso ao som da nossa rainha do rock n' roll, Janis Joplin.
Era minha forma de levar a vida, a única forma que achei. De verdade, não conseguia acreditar que algum dia poderia achar algo capaz de me tirar da tremenda profundidade deste poço o qual me meti. E a vida é assim.
Sinto que beber é uma forma de suicídio em que você pode voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte.
Acho que vivi umas dez ou quinze mil vidas até agora.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Babacas Usam Terno!
Fiksi PenggemarUma vida cercada de trabalho e fortuna, nada aparentemente pode abalar a alma daquela pessoa que possui estes dois bens em sua vida. É o que dizem, na verdade. Mas, quando aquilo que te rodeia a vida toda, depois de alguns anos, não te preenche mais...