Broadway

6 0 0
                                    

Acordando assustada de um sonho Lúcia pulou na cama se sentando rapidamente, ofegava alto e conseguia ouvir além de sua própria respiração o tiquetaquear do relógio que havia ao lado de sua cama sobre uma escrivaninha, olhou para ele tirando o cabelo de cima do rosto, haviam alguns grudados devido ao suor, eram 04h, sabia que não conseguiria dormir mais, aquilo vinha acontecendo a mais tempo do que gostaria que fosse possível, mas com o passar dos anos acabará de acostumando com o ocorrente. Jogou o cobertor de lado e então caminhou lentamente até o banheiro, empurrou a porta com suavidade e passou pela mesma parando em frente a pia onde havia acima um grande espelho, havia pedido para colocarem ali assim que se mudará. Olhou os próprios olhos no espelho, haviam olheiras que ela não saberia explicar se seu produtor perguntasse, afinal, não queria dar motivos para ele explodir de preocupação, mais do que já explodia pelo menos. Sua pele albina deixava apenas mais exposta, sempre que notava nesse fato seus pensamentos corriam involuntariamente até os tempos de escola onde aquilo em vez de ser algo bonito, era algo de se lamentar, não escolherá nascer albina, mas com o passar dos anos, passou a amar a própria condição, se é que poderia chamar aquilo de condição. Era única e ninguém iria tirar aquilo dela como haviam feito antes, lavou o rosto e prendeu o cabelo num coque desleixado a cima da cabeça, não usou chuchinha alguma, apenas o próprio cabelo que agora batia um pouco abaixo do meio das costas. Sorriu para si mesma na esperança de que pudesse se convencer que iria ficar tudo bem.

Puxou a regata azul marinho que usava um pouco para baixo pois usava apenas ela e uma calcinha preta, e conforme mexia-se de noite a mesma havia subido um pouco. Caminhou descalça para a cozinha onde fez um chocolate quente e se sentou no sofá pegando o celular. 4 ligações perdidas de Maya, sorriu e balançou a cabeça negativamente, sabia muito bem do que se tratava, após o último ensaio havia saído para beber com o resto do elenco mas ela não estava nem um pouco afim de se juntar então apenas voltou para casa e passou a assistir o Feitiço de Áquila, afinal, era o único filme que a fazia entrar no clima de sua peça. Aquele era meu grande momento, nunca havia protagonizado uma história como aquela antes. Ansiava por aquele momento.
Continuou a mexer em seu celular e a beber em pequeno goles seu chocolate quente, até que a barra de notificações desceu e a mesma puxou para ver.

"Pronta? É hoje!", mensagem de seu produtor, ela suspirou, não responderia, não queria pensar naquilo, não dá forma que ele pensava, não tinha com que se preocupar, tudo ocorreria bem. Não demorou muito e notou que já se passavam um pouco mais das 05:30, depositou a grande xícara sobre a mesinha de centro e caminhou para o banheiro onde se despiu e tomou um banho quente, saiu calmamente e andando ao seu guarda roupa puxou uma roupa simples, afinal não usaria aquela roupa por muito tempo, tinha naquele dia 2 apresentações, uma de tarde e outra a noite, com intervalo de 3 horas entre ambas. Colocou primeiro uma camiseta de manga longa preta por baixo das roupas, uma calça jeans preta, uma bota com um salto mediano, apesar de ter 1,75. Um sobretudo vermelho, e por fim um cachecol preto por volta do pescoço em duas voltas. Pegou as chaves de casa e a bolsa onde havia um pequeno livro enrolado pendurado, colocou a bolsa de lado e saiu do apartamento, caminhou lentamento até o elevador e o solicitou, o celular estava em seu bolso esquerdo, o qual ela puxou e usando a tela desligada passou um leve batom vermelho para dar um pouco de vida ao rosto pálido. Não demorou muito e o mesmo se abriu, ela adentrou e desceu até o térreo, morava no 5° andar. Passando pela portaria cumprimentou o porteiro como fazia todos os dias, ja era parte de seu dia a dia. Saiu pelo portão e o fechou lentamente atrás de si, morava umas quadras antes da Times Square, apesar disso seu bairro era um pouco tranquilo, um pouco. Caminhou até o batente da calçada e aguardou e então avisando um carro amarelo se aproximou balançou a mão, o mesmo parou ao seu lado, puxou a porta e sorriu entrando.

—Broadway, por favor! - pediu olhando agora para o motorista do táxi, sorriu para ele e obteve o mesmo sorriso.

—Sim senhorita! - ele disse olhando pelo retrovisor. Apesar de toda essa localidade era sempre um parto para ela chegar até seu trabalho, talvez fosse a rota que precisava fazer, ou o trânsito, mas sempre chegava em cima da hora, não gostava disso pois tinha sempre que correr para deixar tudo preparado, mas naquele dia por milagre, chegará cedo. Pagou ao taxista antes de sair.

ENTRE TODAS AS VIDASOnde histórias criam vida. Descubra agora