Ruby White
ALGUNS DOS ALUNOS já estavam sentados a mesa conversando e outros em pé, quando eu entrei na sala. Percebi naquele momento, que eu não conhecia ninguém ali, mas também não me importava muito com isso. Nunca fui uma menina que no primeiro dia de aula ficava nervosa por não conhecer ninguém na escola, em qualquer lugar ou me importei com o que as pessoas pensariam de mim. Para mim, o ano acabaria logo logo e eu não precisaria me preocupar com fazer amizades ou inimizades. Eu passaria despercebida e ninguém saberia da minha existência pelo resto do ano.
Mas não aconteceu bem assim.
Quando eu percebi, Evie já estava me arrastando pelos corredores e arquibancadas, me contando sobre suas quedas nos garotos do futebol americano e sobre como gostava de observá-los durante os treinos.
E eu estava usando a camisa do não quero papo.
Mas com ela nunca funciona. Evie nunca leva essas coisas a sério, e se leva, prefere não demonstrar.
Um minuto depois que o som do sinal soou pelas caixas de som nos corredores, o professor passa pela porta com a expressão mais feia possível, deixando a sala em silêncio. Ninguém move um músculo e todos parecem prender a respiração, exceto eu — que estou imaginando como vou fazer para dar uma fuga das aulas desse velho.
Tá legal, não tão velho assim.
Seus cabelos eram grisalhos, possuía algumas rugas nos cantos dos olhos e nas bochechas, sua coluna levemente curvada, como se não tivesse feito questão de ter postura. Parecia ter em torno dos cinquenta e três anos.
— Quando as cadeiras finalmente voltarem a serem assentos de novo, me avisem. — é a primeira coisa que fala desde o momento em que que entrou na sala.
Os alunos que estão em pé, correm para sentar em seus lugares, como se o chão estivesse cheio de roedores ou caranguejos.
O professor escreve seu nome no quadro e inicia sua aula. Em dois minutos de aula, a porta é aberta e todos os olhares se concentram no garoto de pele bronzeada, cabelos escuros e olhos incrivelmente... Indescritíveis?
Harvey Campbell, com seu jeans surrado e sua jaqueta de couro preta, adentra a sala com a expressão mais neutra possível. Sr. O'Grady o encara, esperando uma explicação para sua invasão repentina. Ele apenas diz que o diretor exigiu que tivessem uma conversa na sala dele antes da aula e por atrasou uns dois minutos. Harvey passa os olhos pelo ambiente aberto, numa análise rápida e se aproxima do banco ao meu lado, sentando-se logo em seguida.
— Era o único lugar vago. — explica, ao perceber minha careta confusa.
Corro meus olhos pelo lugar e realmente, o banco ao meu lado era o único vago. Não falamos mais nada, até a hora em que o professor diz que tem um comunicado.
— Irei passar um trabalho em dupla, que valerá até o final do semestre. Então, espero que gostem dos seus parceiros de banco, pois eles serão suas duplas até esse trabalho terminar. — ele faz uma pausa, quando começa um burburinho confuso pela sala — Vou explicar, se me deixarem falar em algum momento. — a sala fica quieta imediatamente — Farei um sorteio, com os temas e os pintores. O trabalho será dividido por etapas, a cada aula vocês falarão sobre uma obra desse mesmo pintor e artista selecionado. Estarei acompanhando o processo de cada um. — outra pausa — Espero que os parceiros contribuem e dêem toda ajuda necessária às suas duplas, porque estarei atento a qualquer sinal de falta de responsabilidade. — ele analisa o relógio pregado à parede e se vira para a turma – que o encara com indignação.
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Doce Sereia
Romance16+ "- Não precisa fingir que se importa, Campbell. Cá entre nós - me aproximo dele para sussurrar. -, o seu histórico comigo não é bom desde o ensino médio. - Por que você acha que eu não me importo com nada? - Eu não falei que você acha que eu não...