Ruby White
É QUASE DOMINGO a noite e eu estou radiante trabalhando na lanchonete com o meu pai. Sim, radiante. Mesmo que o motivo do meu mau-humor todos os dias esteja sentado sozinho em uma das mesas do meu setor.
E sim, o motivo é Harvey Campbell - o único que eu imploraria às estrelas para não ver mais de duas vezes na semana.
Mas o movimento é bom para o meu pai, então se ele está feliz... Eu estou feliz. E nossa, é tão bom ver meu pai feliz e realizado. Porque eu também me sinto assim por nós dois, quando isso acontece.
Suspiro, sentada no balcão de frente para o meu pai. Estou pensativa se realmente vale a pena sair daqui e ir atender ele.
- Se você for atendê-lo, eu aumento o seu salário. - papai cochicha para mim.
Me viro para ele, afim de descobrir se está mentindo.
- É sério?
- Só vai saber se você for. - diz e me envia uma piscada, limpando os copos de vidro.
Nós não temos tanto dinheiro. E o que temos é o suficiente para pagar a minha faculdade e o do meu irmão.
Fecho os meus olhos, só um pouquinho.
- Nós não temos tanto dinheiro assim, papai. - reviro os olhos. - Deixa que eu vou, mais não posso prometer nada.
Pulo do balcão e recolho o bloquinho de anotações, enquanto ando até lá.
- Pensei que nunca mais ia ter o prazer de ser atendido por você. - é a primeira piadinha dele quando paro de frente a mesa em que está sentado.
- Isso infelizmente, ainda não vai acontecer tão cedo. - retiro a caneta de trás da orelha e pergunto: - O que vai querer?
- Infelizmente para você ou para mim? - ele ignora a minha pergunta.
Encaro ele por alguns segundos em silêncio. Entediada.
- Para mim.
Harvey sorri de canto.
- Então quer dizer que você gostaria de me ver mais vezes? - estou prestes a responder o quanto está sendo ridículo, quando ele me interrompe. Ele se aproxima mais da mesa. - Se seu pai não estivesse ali... eu te comeria bem aqui nessa mesa, e mandaria fechar todo o local.
Fico vermelha de vergonha e me aproximo para sussurrar no seu ouvido.
- Seu pervertido.
Ele dá uma risada e volta para a posição que estava.
- Vou querer o mesmo de sempre.
Respiro fundo e saio dali, antes que eu realmente fosse capaz de acertar um soco na cara desse infeliz.
Como eu odeio ele.
Eu ainda estou vermelha, por causa daquele cretino!
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Doce Sereia
Romantizm16+ "- Não precisa fingir que se importa, Campbell. Cá entre nós - me aproximo dele para sussurrar. -, o seu histórico comigo não é bom desde o ensino médio. - Por que você acha que eu não me importo com nada? - Eu não falei que você acha que eu não...