Pulseiras

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  Eu comecei a pouco tempo em um hospital aqui da região. Tudo correu muito bem nos meus primeiros dias, até a vez que por alguma razão que eu não lembro qual foi, eu tive que subir até o quinto andar pra pegar alguma coisa. E eu tinha que ser rápida. Um detalhe: o quarto andar era o andar onde ficavam os pacientes em estado de emergência. Até aí tudo bem. Como pedido pra mim, fui até o elevador de serviço e esperei descer. Quando as portas se abriram, me assustei ao ver lá dentro, um sujeito um tanto estranho. Era aparentemente uma pessoa comum, mas ele não falava, não se mexia direito, e estava com um chapéu cobrindo parcialmente o rosto, mas olhando bem, percebia-se em seus olhos, um vazio estranho, sua boca estava meio roxeada, e ele era pálido como papel. Mas o que mais me intrigou, foi ter visto em seu pulso, uma pulseira preta, do mesmo modelo que os pacientes usavam no hospital, só que pretas eu nunca vi em nenhum paciente. (Não sabia o significado dos pacientes usarem pulseiras, só que realmente, preta não tinha). Imaginei se tratar de um ladrão, alguma coisa do tipo. Comecei a rezar. Morrer dentro de um elevador, por um cara estranho daqueles também não dava. Minhas pernas bambeavam, acho que eu estava até mais pálida que ele. O elevador abriu as portas no quarto andar, que foi quando ele saiu do elevador. Dei graças a Deus e vi logo a porta se abrir. Era meu andar. Saí correndo pelo corredor, estava com pressa. Peguei o que tinha pra pegar e resolvi descer de escada. 

 Minha curiosidade explodiu, queria saber se aquele cara era um real ladrão, enfermo, ou parente dos enfermos em emergência. Sabia que não podia demorar, mas minhas pernas não me obedeceram e me fizeram correr pelo corredor de porta em porta procurando ele. Senti um frio na espinha quando não vi ele em nenhuma sala daquelas. Eu demorei segundos lá em cima, não tinha como ele ter saído do corredor. Os pacientes e parentes dos doentes tinham acesso liberado somente aos elevadores. A escada era exclusiva para nós, médicos, enfermeiros e  funcionários do hospital. Não tinha como ele ter desejado pagar de espertinho e descer pelas escadas como se fosse um de nós. Tinha nossas impressões digitais cadastradas num painel, na porta que dava as escadas e ficava bloqueada. Enfim, nos 20 segundos no máximo que eu gastei no quinto andar, não seria o tempo que o elevador demoraria pra chegar até onde ele estava. Me benzi, entrei em desespero, chorei. Tomei ar nos pulmões e terminei de descer as escadas "brincando" de ser o Flash. Cheguei lá embaixo tremendo, toda suada, com o coração a mil. Dei de cara com a doutora que tinha me pedido pra ir pegar aquilo no quinto andar. Ela questionou a minha demora. Eu pus algumas coisas na sua mão e ela sorriu. Depois viu meu estado e debochou:

"Quer saber, esquece. Agora, a julgar pelo seu estado... eu diria que você viu fantasma kkkkkkk"

 Olhei pra ela e forcei uma risada. Depois fiquei séria e perguntei pra ela qual era o significado das pulseiras que os pacientes usavam. Quase desmaiei quando ouvi a resposta.

 "As azuis se eu não me engano, são dos pacientes que melhoraram e logo vão ter alta, as amarelas são para aqueles que apresentaram piora nos sintomas, e as vermelhas são para os que estão em estado grave, de emergência."

"M-m-mas... as pretas, elas são..."

 Ela me olhou assustada e confusa

"As pretas... eu não sei se já mandaram você fazer alguma coisa no último andar, mas as pulseiras pretas a gente só usa nas pessoas que ocupam lá. As pessoas que já morreram!"

Historias de terror e alguns relatosOnde histórias criam vida. Descubra agora