Capítulo 5 - Sopro de Névoa

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Antes de Mike deixar Melídia em sua casa, enrolaram por tempo suficiente pra fazer todos, inclusive eu, perder a paciência. Quando deu o beijo de despedia, suspirei aliviado, alguns encararam Mike e ele soltou um "que foi?" Engraçado.

Estávamos perto da casa de Alec e passando pela porta da casa de Matt, não evitei olhar para os detalhes internos, que os portões ainda permitiam ver, e notar em como estava diferente desde a última vez que a vi. A aldeia consistia, inicialmente, em uma longa estrada coberta de neve, seguindo em linha reta, nos arredores, era composta pelas casas dos aldeões mais próximas da única escola que tínhamos, tendo algumas breves exceções, como a da minha família e a de outros caçadores. Matt reparou meu olhar.

— Saudades? – Sorriu convencido. O ignorei, acompanhando os outros. Matthew poderia ser um insuportável, mas tinha sua beleza invejável.

Ao chegarem na porta da casa de Alec, Mike foi o escolhido para bater. Levou alguns segundos até sons de passos se aproximarem da porta de madeira, enfim a mãe de Alec saiu, uma senhora bem vestida e da classe de "burgueses" da aldeia, pelo menos eles pensavam ser assim. Estranhou a presença de tantos jovens, isso ficou evidente nas expressões curiosas.

— Sim? – A voz levemente trêmula, o cheiro de usos de cosméticos era forte.

— Olá, senhora Williams, eu sou o Mikael, amigo de seu filho e nós queríamos saber se ele está bem – A mulher com um olhar frio franziu o cenho, assim que Mike terminara sua frase. Segurou a maçaneta da porta atrás de si e voltou a fechá-la, porém antes que concluísse:

— Oi, tia Wanda, sou eu, Matthew – Matt se sobressaiu do grupo atraindo a atenção da velha senhora e a impedindo de fechar a porta completamente.

— Ah, Matt, como vai, meu querido? – Mudou totalmente seu humor quando dirigiu a palavra a ele. Mike fez uma careta e um gesto de desistência dando espaço para Matt.

— Eu vou bem, tia. E Alec? Queríamos falar com ele – Quando ouviu o nome de seu filho, voltou com sua personalidade mais contida, estreitou o espaço da porta e pediu para esperarmos um pouco. Matt fez um sinal.

Não deu em nada, ela voltou minutos depois e disse que Alec estava indisposto para receber alguém, ainda mais na quantidade em que estávamos, segundo ela, só iríamos fazer barulho e incomodá-lo. Voltamos a perguntar sobre o bem estar do garoto e ela disse somente ser um resfriado e que ele melhoraria em breve.

Já estava tarde e o tempo que eu perdi no centro da aldeia não deu em nada e mais uma vez, eu voltava pra casa sozinho com o sol já posto. A casa de Mike era um pouco mais longe, mas dentro da aldeia, por isso ele foi o primeiro a nos deixar. Matt se despediu e de repente eu caminhava sozinho com David, não trocamos uma palavra, ele só me olhava e eu olhava pra ele também. Exceto quando me disse um tchau, e eu o respondi acenando.

Encarei o caminho de neve que levava até minha casa, pensando em como teria que passar por tudo sozinho de novo. Por que ninguém se ofereceu pra me levar? Eu não recusaria dessa vez, minha mente dizia.

Não ouvi barulhos enquanto andava, nem vozes ou nada do tipo, e se tivesse, eu não iria olhar pra trás. Minha capa me poupava do medo de revirar e encontrar algo me encarando pronto para fincar suas presas e garras em mim.

Cheguei em casa e fui direto pra cama. Algo dentro de mim dizia que havia algo de errado com Alec, mas o que poderia eu fazer?.

No dia seguinte, meu pai já não estava em casa e minha mãe também não, já sabendo onde ambos iriam estar, não perdi tempo arrumando a casa para quando minha mãe chegasse, encontra-se e tudo nos conforme e só precisasse preparar o almoço. No caminho pra escola eu não fui importunado por nada, pena que não pude dizer o mesmo de quando cheguei na escola, era Matt e sua trupe de alienados que não me deixavam passar despercebido.

Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora