Capítulo 1 - Lobo Mau

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Era sempre a mesma coisa na vila onde eu morava, ir pra escola da aldeia, sair antes do pôr do sol, voltar para casa por um caminho assolado de neve, me fazendo afundar e quase deixar meus sapatos pra trás

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Era sempre a mesma coisa na vila onde eu morava, ir pra escola da aldeia, sair antes do pôr do sol, voltar para casa por um caminho assolado de neve, me fazendo afundar e quase deixar meus sapatos pra trás. Eu detestava, quem não detestaria? O pior era que o caminho pra minha casa era mais afastado do resto da aldeia, isso implicava em mim, caminhando sozinho por uns 10 minutos. Em uma lugar que dizem ser atacada por lobos gigantes que em dias normais, se transformam em homens... Besteira.

Um quebrar de galhos me puxou das minhas reclamações e me fez estreitar a vista para ver se captava algo. Novamente o ruído de galhos quebrando fora ouvido, algo estava perto e meu medo era evidente. Eu não acreditava em lobos, mas acreditava em outros perigos que a neve trazia.

Apressei os passos, retirando traços da neve do meu rosto, levantei a minha capa para poder ir depressa sem tropeçar, mas isso não evitou que a neve me puxasse de volta em um descuido, e que meu rosto fosse ao chão. O capuz limitou severamente a minha visão.

— Merda... – Esbravejei, limpando a neve que cobria a minha face e sem tirar o capuz, continuei olhando pra baixo. Estava prestes a levantar quando um rosnado me fez paralisar, um rosnado alto e prolongado. Assustado, levantei o olhar rapidamente e em segundos, a coisa que eu mais achava impossível no mundo, acontecera bem na minha frente.

Me joguei para trás me arrastando, buscando distância enquanto ele deu somente dois passos à frente, ficando mais próximo de mim, devido ao seu longo comprimento. Seus longos caninos à mostra, seu olhar de fera irracional. Sua pelagem branca não o deixava menos assustador. Olhei ao redor procurando por um galho, ou qualquer coisa que eu pudesse usar para me defender, mas estava muito longe do mais próximo.

Meu Deus, eu morreria e ninguém iria saber. Ele chegou perto o suficiente e eu não consegui afastar mais. Encostou o focinho em meu rosto e cheirou. Os dentes ainda estavam de fora. Uma bocada seria o bastante para arrancar minha cabeça. Tão grande e com patas enormes. Fechei os olhos e esperei pela morte.

Ouvi o barulho de suas pegadas ecoando para longe e quando abri os olhos, só consegui ver sua cauda sumindo junto do resto da neve alva.

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