Capítulo 1

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"You're so gorgeous
I can't say anything to your face
'Cause look at your face
And I'm so furious at you for making me feel this way
But what can I say? You're gorgeous"
(Gorgeous - Taylor Swift)

"Mas uma noite!", eu penso ao pegar uns biscoitinhos que eu acho encima da mesinha do meu quarto.

Todas as vezes que a Clary some de noite, eu não tenho nada pra fazer além de jogar videogames ou ler quadrinhos. Mas especialmente hoje, a noite está mais tediosa do que qualquer outra.

Checo meu celular inúmeras vezes na esperança de que alguém me mandasse uma mensagem, mas não recebo uma notificações sequer.

"Será que eu saio pra comprar uma pizza?", pensei ao sentir minha barriga roncar. Minha mãe e irmã foram passar um fim de semana em outra cidade, e a comida que eu tinha estocada, já havia ido embora desde a manhã daquele dia.
Ando de lado a lado, pensando em alguma coisa que eu possa fazer para me animar, pesquiso coisas pra fazer na internet, entro em todas minhas redes sociais, procuro mais uma vez algo pra mim comer, mas nada. Nada me tira do tédio.

Meu celular vibra, e eu peço ao universo com todas minhas forças que seja Clary. E de fato é, mas, infelizmente, não o que eu esperava. "É uma noite de sexta em Nova York, não fique trancado em casa, Simon.", a mensagem diz. "Mas do que adianta se a minha melhor amiga não me responde há pelo menos quatro horas?", respondo. Recebo outra mensagem: "Me encontre naquela boate nova que abriu há uns dois quarteirões da sua casa em meia hora". Isso! Era isso o que eu queria! Respondo apenas um ok, e começo a me arrumar.

Não ligo muito pra como me visto, só tomo um banho e pego a primeira camisa que vejo ao abrir o guarda-roupa: a vermelha que tem um desenho tosco do Drácula estampado. Levo apenas dez minutos para me arrumar, mas como a boate é aqui perto, posso me dar o luxo, se assim posso dizer, de passar pra comer um hambúrguer num fast-food qualquer lá por perto. E é o que faço.

Espero uns vinte minutos, sozinho na fila da entrada, até Clary chegar. Ela está vestida com um lindo vestido preto que parece que foi feito especialmente para ela. Seu longo cabelo ruivo, está solto e cheio de enormes cachos abertos. Em seu braço, ela usa a pulseira que a presenteei em seu último aniversário. Ela está como sempre: linda.

"Te deixei muito tempo esperando?", ela pergunta enquanto me abraça.

"Não, não", eu respondo. "Eu que sou muito pontual e cheguei mais cedo".

Ela me conta todo perrengue que ela enfrentou antes de ir para lá. O ônibus em que ela estava vindo do outro lado da cidade, quebrou na metade do caminho, e os passageiros tiveram que esperar outro para que pudessem continuar a viagem. Clary passou o dia inteiro na galeria de arte que ela alugou para expor seus desenhos, e com a criatividade a mil ela não parou de desenhar nenhum segundo, além de uma parada para comer uns pacotinho de batata.

"Estou faminta!", ela diz com a mão na barriga e fazendo uma voz meio enjoada, como se fosse uma criança.

"Ouvi dizer que eles servem alguns aperitivos lá dentro", digo a ela, e posso perceber um grande sorriso se formando e seu rosto . "O que eu acho meio estranho para uma boate, pra ser sincero", completo.

Conheço a Clary há tanto tempo, que sei o quanto ela é dedicada a sua arte. Mas também a conheço o bastante pra saber como ela fica insuportável quando fica sem comer muito tempo. Então, mesmo que se lá não tiver comida alguma, eu vou atrás de uma coisa para ela.

Percebo algumas manchas de tinta em seu braço, e aviso. Ela tenta limpar, toda atrapalhada, mas falha miseravelmente. Nós rimos, e ela a tampa com a manga solta do vestido. Então, a gente conversa sobre o novo namorado de Clary, que ainda não conheço, mas vai nos encontrar lá dentro. Toda vez que ela fala dele, eu me sinto um pouco nauseado.

Desde o momento que eu conheci Clary, eu fiquei caidinho por ela. Posso dizer com certeza, que não há pessoa mais dedicada, mais doce ou mais bonita que ela no mundo. Mas com o tempo, fui desistindo desse amor não correspondido, Clary foi arrumando alguns namorados, e nunca percebia que eu era apaixonado por ela. Mas a culpa não era totalmente dela, eu nunca tive a coragem suficiente pra dizer o que queria para ela em voz alta. Hoje, eu fico feliz com nossa amizade, os laços que criamos são inquebráveis.

A fila anda e chega nossa vez, são por volta das onze da noite quando a gente entra. O espaço é como qualquer outro do tipo, pouca iluminação e luzes brilhantes. O único diferencial dessa é que as paredes são todas cobertas por espelhos, dando a impressão que o lugar é bem maior e com mais pessoas, o que me chega a dar uma certa torneira.

Clary vai logo em busca de algo para comer, enquanto eu busco algumas bebidas para nós dois. Quando volto do bar, já bebendo, vejo Clary com mais três pessoas. Um loiro forte e alto, mais velho, que mais parecia a representação de um anjo, um moreno também forte, só que menor, e com uma postura mais relaxada. E junto a eles, uma mulher que parece ter nossa idade.

Fico pasmo com tanta beleza. Ela tem lindo cabelos negros, toda tatuada, assim como seus irmãos, e com os olhos mais bonitos que já vi. Ela se destaca ainda mais dentre a multidão, por estar usando um vestido preto todo preenchido de camadas e camadas das lantejoulas mais brilhantes que vi. Parece até que estou sonhando. Talvez seja a bebida que estava começando a fazer um efeito rápido, mas no momento que a vejo, parece que todas as luzes se direcionam a ela.

"Simon, vem cá", Clary me chama já pegando um copo da minha mão. "Esse aqui é o meu namorado, Jace".

Cumprimento aquele homem de dois metros, me sentido com uma formiga perto dele.

"E esses aqui, são Alec e Isabelle, irmãos dele", ela me apresenta aos outros dois, porém minha atenção se volta a garota morena a minha frente.

"Isabelle... Que nome bonito", digo em voz alta sem perceber.

Sua risada fraca ecoa em meus ouvidos, e eu acabo retribuindo com um sorriso tímido, era para ter sido apenas um pensamento.

"Obrigado, qual é o seu?", ela pergunta direcionando seus olhos negros a mim, fixo meu olhar em suas orbes escuras até perceber que iria ficar estranho se eu a olhasse por mais tempo, sem jeito, eu coço minha nuca e respondo com a voz meio trêmula por conta do nervosismo.

"S-simon", eu gaguejo.

Ela ri novamente e ali eu consigo reparar seus dentes brancos, totalmente alinhados e combinando perfeitamente com o batom avermelhado que ela tinha em seus lábios carnudos, de fato, Isabelle era muito atraente.

"Então vamos dançar?", pergunta Clary, me fazendo sair dos meus próprios pensamentos e olhar para ela, assentindo com a cabeça antes de dar uma resposta.

"V-vamos", eu digo enquanto sinto ela me puxar pelo braço, virei a cabeça pra trás e pude ver um sorriso divertido estampado no rosto de Isabelle, virei o olhar pra frente e sorri comigo mesmo, meio bobo eu sei.

Illicit Affairs - SizzyOnde histórias criam vida. Descubra agora