"What started in beautiful rooms,ends with meetings in parking lots
And that's the thing about illicit affairs,
And clandestine meetings and longing stares
It's born from just one single glance
But it dies and it dies and it dies, a million little times"
(Illicit Afairs - Taylor Swift)Me assusto ao olhar para o calendário e perceber que há um ano desde que encontrei Izzy naquele parque. Que um ano atrás decidimos embarcar nessa aventura maravilhosa, porém desgastante. E que agora só faltam duas semanas até seu casamento.
Estar ao lado dela era como se o mundo parasse só para que pudéssemos apreciar aqueles alegres, mas breves momentos. Vivemos um ano fascinante, nosso amor era tão intenso e jovem, que não ligamos que estávamos cometendo grandes erros.
Eu amo Isabelle, disso eu estou mais do que certo. Mas a chama que nasceu daquela simples noite, agora, ia sendo apaga aos poucos. Esconder um relacionamento nunca é fácil. Quando se ama, você quer mostrar ao mundo, você quer gritar a todos sua paixão, quer sair nas ruas de mão dadas, quer contar aos seus amigos, mas com ela, eu simplesmente, não podia.
Os poucos momentos que eu passava com a pessoa que amo, não eram suficientes. O sentimento a sair escondido, mentir para todos sobre onde eu estava, isso não é para mim. A adrenalina que sentíamos no ínicio, era a melhor coisa que podemos sentir na vida, mas depois de centenas de vezes, é como se ela não fosse nada além de um sentimento repetitivo.
Continuar investindo com esse relacionamento é como se eu pudesse viajar pelo espaço livremente, mas toda vez que o meu foguete sai da atmosfera, ele para de funcionar, e eu fico orbitando ao redor da terra enquanto eu observo os outros vivendo suas vidas, até Isabelle me resgatar para juntos fazer uma nova tentativa, mesmo sabendo que, mais uma vez, falharemos.
Quando Izzy se veste após o banho, em mais um dos nossos encontros escondidos, mesmo com o coração doendo, decido terminar o que talvez nem deveria ter começado.
"Amor, vem cá", a chamo enquanto ajeito minha camisa branca, ao terminar de me vestir. "Precisamos conversar".
"O que foi, Simon?", consigo ouvir o tom de desconfiança em sua pergunta.
"Como eu disse no dia que decidimos levar o que estamos para frente, que alguém iria se machucar...", respondo calmamente, tentando deixar a situação o menos ruim possível. "Eu estou machucado, Isabelle", digo, engolindo o choro entalado na garganta.
"Simon..", ela começa a falar, mas eu a interrompo.
"Eu tentei por muito tempo. Mas eu nao consigo mais. Eu não quero mais ser o outro. Eu não quero te ver uma vez a cada semana. Eu não quero ser só o seu consolo..."
Ela não diz nada. Ela continua lá, provavelmente, pensando no que dizer, e eu, com o coração apertado dentro do peito.
"Esse é o problema de casos assim, eles nascem de uma pequena faísca de aventura, mas acabam assim, cheio de mentiras, e morrendo lentamente", eu continuo falando, já que ela não se pronunciou sobre meu comentário anterior.
"Simon, você sabe que eu nunca faria nada para te machucar. Eu te amo. Você sabe como eu me sinto também. Por acaso, você acha que pra mim é fácil?", ela enfim responde, o tom em sua voz é de desapontamento, tristeza.
Mas antes mesmo que eu consiga dizer qualquer coisa, ela continua: "Olha para mim agora... Você me mostrou coisas, me apresentou cores que eu sei que nunca poderia ver com ele. Você me ensinou uma língua que eu não poderia falar com ninguém mais... Você é o único que me entende.", a cada palavra que ela dizia, sentia meu coração quebrando um pouco mais.
"O que tivemos foi realmente muito bonito, Isabelle", respondo, tentando não me afetar pelas suas palavras. "O que começou em lugares bonitos, terminou em um quarto escuro de um motel barato...", completo.
Nós dois ficamos em silêncio por instantes, encarando um ao outro. Dói bastante ver como ela está, mas é como se ela não tivesse nada pra falar que pudesse nos salvar, é estranho dizer que eu estou morto, mas me sinto totalmente vivo ao lado dela.
"Olha a bagunça que você me tornou, Isabelle!", altero a voz sem perceber quando falo, como se eu não tivesse mais controle sobre mim. "Eu sinto muito mesmo, mas não podemos mais continuar com isso", digo enquanto procuro meu casaco, segurando as lágrimas que se formavam nos cantos dos meus olhos.
"Simon, não vai embora!", ela diz com a voz trêmula, já deixando algumas lágrimas escorrerem pelo seu belo rosto.
"Eu não posso ficar", digo decidido, sentimento meus lábios tremerem com a vontade de chorar.
"Simon, por favor, não arruína o pouco que temos", ela me responde, o problema é que eu vou me arruinar se continuarmos nesse pouco.
"Você sabe que eu te amo, e que por você me arruinaria um milhão de vezes, e não quero você termine assim como eu", falo e percebo que agora estamos gritando um com o outro.
Não consigo mais segurar as lágrimas, as lágrimas salgadas escorrem em minhas bochechas, e assim que acho meu casaco, eu saio do quarto e bato a porta. Ouço Isabelle falar alguma coisa, mas não consigo distinguir as palavras de seu choro.
Não faço ideia de como voltar pra casa, então saio andando pela rua, sem nem saber pra onde vou. Nova Iorque é tão grande, que nunca conseguirei memorizar nem metades de seus caminhos e rotas.
O tempo não está muito bom, o céu está nublado. Estou quase correndo de tão rápido que caminho em direção alguma. Só paro quando o sinal vermelho brilha em uma faixa de pedestre. Os carros passam em uma velocidade tão alta, que mal consigo percebê-los, só sinto o vento que eles causam passar por mim. Eu estou fraco, devo ter andado meio quilômetro sem parar. Sento junto a calçada, e ali desabo a chorar. Deus sabe o quanto sentirei falta de Isabelle!
Quando abro os olhos para enxugar as lágrimas, o sinal está aberto novamente. Me levanto para continuar andando por aí, atrá de um ponto de ônibus ou qualquer táxi. Mas antes mesmo de terminar de atravessar a rua, ouço Izzy me gritar, fico sem reação e paro ali mesmo.
"Simon, espera!" ela grita enquanto corre em minha direção. Quando ela já chega, ofegante ela continua a falar: "Você sabe muito bem.... que eu também me arruinaria por você milhões de vezes.... Eu desisto do casamento Simon... Nós nascemos um para o outro... Eu não consigo imaginar minha vida sem você..."
"Isabelle, pensa melhor... Você quer mesmo desistir de tudo por mim?", respondo assustado, sentindo meus batimentos cardíacos acelerarem. "E a sua família? A empresa?"
"Simon, que se dane! Eu quero correr esse risco por você!", ela diz antes me beijar, não ligando para que todos naqueles carros parados estejam olhando.
E como um filme que já vimos várias vezes passar na sessão da tarde, a chuva cai e nos molhamos por inteiro. Mas não ligamos nem um pouco para isso. Continuamos ali até o sinal verde abrir e os carros começaram a buzinar.
"Eu te amo, Simon Lewis!", ela grita enquanto corremos para calçada.
"Eu te amo, Isabelle Lightwood", grito de volta mais alto ainda para todo o mundo ouvir.
"Eu te amo", sussurro ao abraçá-la novamente. "Nunca mais eu vou te deixar".
Realmente, quem inventou a frase do "eu te amo até a morte", não conhece o tipo de amor que eu e Isabelle compartilhamos, porque ela me trouxe a vida, eu a amo até a vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Illicit Affairs - Sizzy
RomantizmInspirado pela história de sucesso de Cassandra Clare, neste conto de cinco capítulos, podemos acompanhar a história de Simon Lewis, um jovem no ínicio de sua vida adulta, conhecendo Isabelle Lightwood, e a imediata química que rola entre os dois. M...