Capítulo 3

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"Saying goodbye is death by a thousand cuts
Flashbacks waking me up
I get drunk, but it's not enough
'Cause the morning comes and you're not my baby"
(Death by a thousand cuts - Taylor Swift )

Acordo no outro dia com a cabeça quase explodindo. Talvez encher a cara ontem não tenha sido uma boa ideia. Olho para o relógio enorme ao lado da cama e percebo que já são duas da tarde. Não consigo me lembrar de como cheguei em casa, mas minhas memórias com Isabelle vão, de pouco a pouco, aparecendo como um filme mal dirigido por um aspirante a diretor de Hollywood.

Minha mente se enche lentamente, o que me deixa um pouco enjoado. Lembro de nós dois sentados no bar, rindo e conversando sobre nossas vidas, mas um corte muito mal feito nos leva para a pista de dança. Alguma música bastante melosa tocava ao fundo enquanto estávamos abraçados.

O beijo. Ah, o beijo. O sentimento que sinto ao me lembrar é como se tivesse comido minha sobremesa favorita pela primeira vez em meses. Mas logo me lembro também do que ela disse depois. É como se fosse uma digestão muito ruim. Minha cabeça dói cada vez mais, e meu estômago está confuso. Sem nem dar tempo de me locomover, tudo o que comi (ou bebi, na verdade) está agora no chão, em forma de uma gosma verde.

Levanto da cama para lavar minha boca e tomar algumas aspirinas, e penso como seria se pelo menos uma vez, eu me apaixonasse pela pessoa certa. Talvez eu esteja bastante emocionado pelo que tivemos ou são as memórias falhas que a bebida te deixa, mas eu desistira de tudo, entregaria meu mundo, só para sentir mais uma vez o que senti ontem. Esse é um dos problemas de ser impulsivo. Você vive meses em poucas horas, e quando acaba, você sente esse grande vazio a ser preenchido.

Antes de procurar alguma coisa pra limpar o estrago que foi feito no meu edredom, eu checo minhas mensagens. E lá está uma mensagem de Clary me perguntando o que aconteceu ontem. Respondo com poucos detalhes, me poupando de sofrer mais uma vez, repassando a história na minha cabeça.

...

Dias se passam e ainda não tenho nenhuma notícia de Izzy. Mesmo que eu tente não pensar, passo todos eles recapitulando os acontecimentos daquela noite. Os flashbacks consomem minha mente, e cada vez eu bebo mais tentando esquecê-la, porque, mesmo que ela só foi algo de uma noite, ela deixou sua marca. Uma grande e dourada. Mas, talvez, esses momentos tinha mesmo que ser esquecidos e se tornar apenas borrões em nossas memórias.

Tem dias que acordo e penso comigo mesmo, que esse que está sofrendo não sou eu. Eu podia até ser o garoto iludido na minha adolescência, mas agora eu era um adulto, e já devia saber que a vida não é como aquelas fanfics que lia.

Enquanto jogo um jogo qualquer que estava aberto há uns dias, sinto meu celular vibrar no bolso. Sinto medo de ser quem eu mais espero que seja. Demoro minutos até checá-lo, mas quando o faço, me surpreendo. De fato era ela.

Não tenho coragem de abrir a mensagem instantaneamente. Tento lembrar o momento que trocamos nossos números, mas nada me vem à cabeça. Há a possibilidade de ela ter pedido Clary, mas eu simplesmente não sei.

"Simon, me desculpa por não te contar sobre ele, antes do que aconteceu. Conversamos tantas coisas que nem passou pela minha cabeça te contar. Não consigo encontrar palavras pra dizer como eu me sinto agora, mas sei que como você também deve estar, eu estou, mais do que tudo, confusa. Eu preciso te ver novamente..."

Pisco os olhos rapidamente várias vezes, tentando checar se aquilo não era um sonho. Era real. Meu estômago dói. Não sei o que sinto. Não sei o que responder. Acho que aqueles sentimentos da adolescência, ainda não foram embora. 

Illicit Affairs - SizzyOnde histórias criam vida. Descubra agora