Together

004

Depois que Kang Seulgi resolveu admití-la não ter grana o suficiente para lancharem dentro do shopping, ambas foram comprar algo para comer em um estabelecimento mais em conta. Seulgi, após minutos rodando em círculos com o automóvel, encontrou uma lanchonete aberta e Joohyun, depois de muito rebatê-la, conseguiu convencê-la a deixá-la esperando no carro.

Aconchegando-se no estofado do automóvel, Joohyun atentou-se a música que tocava baixinho no rádio. Empire States Of Mind, da Alicia Keys. Ela conhecia. Olhando para ambos os lados, Joohyun certificou-se de que ninguém, incluindo Seulgi, estava lhe vigiando e então, soltou a voz. À princípio, não fôra nada grandioso. Joohyun cantou somente o começo da música e se calou. O problema, em questão, fôra o refrão.

In New York

Concrete jungle where dreams are made of

There's nothing you can't do

Now you're in New York

These streets will make you feel brand new

Big lights will inspire you

Hear it for New York

Não conseguindo se segurar, Joohyun fechou os olhos e cantou alto. Caramba! A sensação era libertadora. Ergueu os braços e começou a gesticular com as mãos no ritmo da melodia, permitindo-se sorrir enquanto o fazia. Era mágico. Cantar era incrível. Durante pouquíssimos segundos entre Now you're in New York e Hear it for New York, Joohyun perguntou-se mentalmente o porquê de nunca ter levado sua vocação à sério, voltando à realidade apenas porque, assim como qualquer outra música, ela acabou. E então, viu-se na obrigação de abrir olhos outra vez.

Mas lá estava ela.

Lá, em frente ao capô do carro, segurando dois hot dogs e um enorme copo plástico de refrigente com gosto de xarope, estava Kang Seulgi. Merda! O quanto de seu show particular a atleta tinha visto? Sentindo seu rosto queimar de tanta vergonha, Joohyun baixou os olhos e se encolheu no banco. Céus! Que vexame!

Seulgi, após vê-la cantar — mas só ver mesmo, infelizmente não pôde ouvi-la —, abriu a porta do carro e entrou, não sabendo ao certo para onde olhar, tampouco o que deveria dizê-la. Joohyun ainda mantinha-se calada, completamente envergonhada, sentindo-se incapaz de ditar uma sequer palavra para garota ao seu lado.

— Então.. — Percebendo seu constrangimento, Seulgi achou melhor não provocá-la. — Você gostou do filme? — Perguntou, passando a mão sobre o braço da outra.

Com o ato, foi como se o tempo parasse. Desde que Kang Seulgi entrara no colégio, aos exatos dois anos atrás, Bae Joohyun nunca tivera tido nenhum sequer contato físico com ela. Enquanto a atleta empenhava-se em ser a capitã do time de handebol do colégio, a outra estudava para ser jornalista, portanto não se encontravam com muita frequência, quem dirá se tocarem. Pouquíssimas eram as vezes em que se viam no refeitório ou em atividades em conjunto, como o interclasse, por exemplo. E a verdade é que, se retirado o momento em que Kang assoprou a fumaça de cigarro dentro de sua boca, elas nunca tiveram estado tão próximas.

Joohyun nunca tivera a oportunidade de apreciá-la de perto. Jamais pudera analisar com exatidão a coloração de sua pele, suas sombrancelhas tênues, seus lábios carnudos, a circunferência exata de sua face, seus olhos acastanhados, as madeixas negras de sua franja.. Joohyun nunca tivera a visto de uma proximidade tão considerável. Parecia até mentira.

Mas não era! E quando Seulgi percebera estar sendo admirada, soltou retirou a mão de sí e passou a olhar para frente.

— A-aham! — Disse, caindo em sí. — Você gostou?