008

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— Você tem certeza que não vai cair daí? — Joohyun colocou as mãos na cintura e olhou de soslaio para Seulgi, que estava apoiada no último degrau da escada, consertando os fios da antena e, consequentemente, os da internet. Parecia uma atriz de comercial; com seu jeans surrado, camisa xadrez com os primeiros botões abertos, o suor ornando o rosto, sem falar das madeixas negras voando conforme o vento.

— Certeza não, porém alguém precisa arrumar isso. E claramente não será você.

Se não tivesse se acostumado com o jeito ácido de Seulgi, Joohyun poderia facilmente achá-la atraente. Mas naquelas circunstâncias, no entanto, só conseguia lhe achar insuportável.

— É sério, se você cair daí não vou saber como te socorrer.

Seulgi, rapidamente, colocou uma das chaves de fenda por dentre a calha do telhado, parando momentaneamente com seu serviço apenas para olhá-la. E com uma das sombrancelhas erguida, ela disse:

— Nós precisamos de internet para fazer o trabalho. E, pelo que eu me lembre, foi você quem me mandou aqui vir consertar isso.

— Argh! Desça daí, eu mesma conserto então. — Exclamou a coreana, já apressando-se em caminhar em direção à escada.

— Se encostar nessa escada eu vou te dar um murro! — Vociferou a de olhos felinos, olhando-a com fúria.

Não era como se Joohyun já não soubesse que Kang era insuportável, mas, naquele dia, ela parecia três vezes pior. Tão intolerável quanto no dia em que ela fôra apresentar-se na escola e a garota ficou lhe murmurando acontecimentos engraçados para que ela perdesse o foco e passasse vergonha diante da turma.

É, Kang Seulgi era um porre desde a infância!

Aish, você 'tá insuportável hoje! — Ela resmungou, voltando a afastar da escada.

— Eu? — Seulgi sorriu, debochada. — Isso aí é hormônio. Porque, na verdade, quem está impossível hoje é você.

Joohyun bateu os pés, irritada, idêntica à uma criança. Apesar da birra, precisava concordar, os hormônios estavam começando a levá-la à loucura.

— Mas eu não fiz nada! — Disse, cruzando os braços abaixo dos seios.

— Ah, não? — Rebateu a de pele levemente bronzeada, completamente incrédula. — Além de ir lá em casa me perturbar alegando que nós tínhamos que terminar o trabalho, me fez de escrava mandando eu vir consertar o sinal do wifi porque a bonita não pode-

De repente, seu protesto fôra interrompido. Inclinando-se mais para o lado para capturar as expressões de Bae enquanto dizia, acabou pisando em falso, perdendo o equilíbrio. E tudo à partir daí transcorreu em câmera lenta.

A escada oscilando, Seulgi se desequilibrando, Jacob latindo alto em decorrência do impacto que a queda proporcionou, as folhas da hortênsia voando; tudo passou como um borrão mediante aos olhos de Joohyun. Ela mal sentia seu coração bater enquanto precipitava-se em direção à Kang, soltando um grito esganiçado ao vê-la estirada no chão.

— Seulgi! Seulgi-ya! — Desesperou-se, sacudindo-a pelo ombro. — Olha pra mim, pelo amor de Deus!

A garota pestanejou e gemeu, fazendo-a dar um suspiro de alívio. Mas não o suficiente para tranquilizá-la, afinal, apesar de viva, Seulgi estava lesionada.

— Você consegue me ouvir? Fala comigo! — Tornou a sacudi-lá, não impedindo suas lágrimas desesperadoras de rolarem sobre suas bochechas avermelhadas. — Por favor, fala comigo, Seulgi! Você 'tá me ouvindo?

Não tendo recebido nenhuma resposta, Bae Joohyun deu uma rápida espiada nas calças da garota estirada à sua frente, quebrando grande parte da distância entre elas ao deslizar um dos braços para perto de sua cintura. E Kang, por sua vez, respirou fundo e sentiu o corpo dolorido congelar, relaxando apenas quando sentiu os dedos dela alcançarem o aparelho guardado no bolso dianteiro de sua calça.

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