Intrínseco

Capítulo 1

Tudo que estava intrincado na essência de Sejanus Plinth precisava ser escondido e soterrado dia após dia. Ele era o filho prometido de um pai rico e ganancioso, mesmo que ele não pensasse no dinheiro para crescimento próprio. Seu status era sempre “comprado” por seu pai que era muito influente financeiramente na Capital. Sejanus não pensava no dinheiro, em status, ou em seguir os passos do pai. Sejanus pensava em sua mãezinha, sempre preocupada com ele, que não queria partir do 2, que gostava de sua vida no Distrito, não glamourosa, sem motorista particular, sem imposições ou protocolos a seguir.

Ele também sentia falta de tudo aquilo. Sentia falta de ir à escola e brincar com seus colegas sem pensar em guerra ou ter medo de uma colheita. Ele sentia falta de não se preocupar o tempo todo se estava fazendo tudo errado ou em reprimir seus pensamentos para não ser mal visto. Sejanus sentia falta de ser ele mesmo.

O passado veio de encontro consigo no momento em que seu pai comprou seu passe de melhor aluno para um futuro promissor. Ele havia gasto uma boa quantidade de dinheiro para deixá-lo ser mentor do tributo masculino do Distrito 2. A realidade lhe bateu de frente, ele próprio poderia ser sorteado? Ou alguém conhecido? O destino seria seu amigo?

Nada poderia o preparar para aquele momento. Os outros alunos achavam que ele era o mais sortudo por ter saído com um tributo forte e grande de um dos distritos mais vitoriosos dos Jogos. O nome de Marcus foi sorteado na colheita. Seu antigo colega de sala, aquele em que dividiu momentos inesquecíveis e inenarráveis. Enquanto Marcus caminhava em direção a seu destino, Sejanus só pensava no quanto o destino era injusto com ele e o quanto os Jogos precisavam acabar.