Capítulo 6

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A aula daquele dia pareceu comprovar o fato de que estava vivendo da forma errada. Ele não podia continuar ouvindo aqueles absurdos. Quem ligava para a escória?! Ele! Se não tivesse um pai com dinheiro, ele seria a escória? Tudo piorou quando teve que encarar Marcus novamente.

Uma entrevista, precisava que ele respondesse ou pelo menos conversasse. Quem sabe o tempo o fizera refletir um pouco, ter seu orgulho deixado de lado e aceitar a ajuda de Sejanus. Sua esperança se esvaiu quando a mesma expressão fria e dura o recebeu. Estava algemado como se fosse um delinquente.

― Precisa comer. – Sejanus abriu sua mochila, vários sanduíches de rosbife e pedaços de bolo foram colocados a mesa.

Marcus não fez menção de ter ouvido. Sejanus olhou seu questionário em mãos, começou a bater os dedos na mesa. Sentia-se incomodado e não sabia o que fazer.

― Não me encaixo aqui. – sussurrou e esperou que ninguém além de Marcus prestasse atenção. – Sinto falta do 2, sinto falta da nossa escola, sinto falta da minha infância, que mesmo durante a guerra foi melhor do que tudo que vivo por aqui.

Marcus o encarou por um momento, seus olhos subiram e desceram reparando em seu mentor. Suas roupas caras, seu rosto corado, o perfume exalando de sua pele, não era desnutrido nem parecia se preocupar como comeria no dia seguinte. Um segundo foi suficiente para que Marcus tirasse essas conclusões.

― O que posso fazer para me perdoar? Não posso viver sabendo que não o ajudei o suficiente. – implorou.

Mas Marcus estava impassível, braços cruzados, olhos fixos a frente, corpo inerte. Nada que Sejanus fazia era o suficiente.

Em seu último ato desesperado, esticou um chiclete, da mesma marca e sabor de anos atrás. Foi deixado na mesa e mais uma vez intocado.

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