Capítulo 3

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Marcus não conversava, era recluso, transmitia solidão. Mas Sejanus tinha uma dívida com ele, seu dedo havia melhorado consideravelmente. Foi com um chiclete em mãos que o convidou para brincar no intervalo do dia seguinte.

― Você quer? – a pergunta saiu despretensiosamente de sua boca, e foi recebida com espanto e confusão por ele.

Sejanus deu dê ombros e Marcus finalmente aceitou o chiclete. O garoto rico, mesmo durante a guerra, percebeu que Marcus não era como ele, parecia passar certa dificuldade e ele tinha uma dívida, não pensava que um chiclete fosse suficiente. Começou a levar sanduíches para ele, e certas figurinhas que descobriu que o garoto colecionava, lhe apresentou o refrigerante e foi por causa desse pequeno luxo diário que viraram amigos.

Era reconfortante ter alguém que fazia a escola ser convidativa, um companheiro de aventuras e cumplicidades. Apesar da entrada abrupta de Marcus em sua vida, ele foi o conquistando aos poucos.

Não o bastante, foi de forma abrupta que ele lhe fora arrancado de seu convívio. Seus mundos eram completos opostos, seu pai queria mudar para a Capital, pois lá teria mais influência, e Marcus precisava arranjar um emprego, mesmo só tendo nove anos. Foi por causa de uma frase que Marcus parou de conversar com ele.

― Você aceita ficar com meus brinquedos? Não tem lugar na Capital pra essas coisas velhas.

Ele o olhou bravo e ao mesmo tempo decepcionado. Sua última frase foi um soco em seu coração de criança.

― Não preciso de suas migalhas.

Ele nunca mais ouviu falar de Marcus, nunca mais tivera um amigo como ele. Durante os nove anos seguintes o garoto recluso do Distrito 2 havia sumido.

Foi abruptamente que ele ressurgiu em sua vida. Seu nome sendo sorteado na colheita e designado a ele, um pesadelo.

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