Capítulo 4

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Sanduíches de carne eram os preferidos dele, além de completamente raros em seu mundo. Essa informação piscava na frente de seus olhos. Pediu para sua mãezinha fazer uns vinte deles. Encheu sua mochila e encaminhou-se para o zoológico. Lembrou-se de pegar ameixas, a fruta que fazia Marcus lamber os dedos quando pequeno.

A imagem da gaiola e das crianças lá dentro lhe causou mal-estar. Sua vontade de sair correndo dali e fugir da sequência de erros na qual estava se metendo lhe atingiu, mas ele não poderia ser covarde, esperava que Marcus tivesse enterrado o mal entendido e deixado ele no passado. Não foi o que pareceu. Assim que seus olhos o reconheceram se esbugalharam e lhe mostraram rancor. Ele logo jogou o corpo na grade e esticou seu braço com um sanduíche.

― Pegue Marcus, são seus favoritos, bom, pelo menos costumavam ser. Sei que está com fome.

― Não preciso de suas migalhas Sejanus.

A velha frase foi como um tapa lhe acordando e confirmando que o passado não havia sido enterrado. O pior é que sentia-se como eles. Podia ser ele a estar naquela jaula, a ser tratado como bicho, ser torturado e ser jogado numa arena para matar e buscar sobrevivência. Ele fazia mais parte dos Distritos do que da Capital. Começou a implorar para que todos os outros tributos aceitassem seus sanduíches. Coriolanus o ajudou nessa missão. Mas Marcus não lhe dirigiu nenhuma outra palavra, não aceitou sua comida, não aceitou seu pedido de desculpas. Ele implorou:

― Marcus, este é pra você. Pegue. Por favor. – a expressão de Marcus não mudara. Sejanus quase se humilhou. – Por favor, Marcus, você deve estar morrendo de fome.

Foi a deixa para que Marcus virasse as costas, foi o suficiente para que Sejanus saísse longe derrotado e abatido.

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