— E você volta quando mesmo? — Ouço a voz ainda de sono de Daniel no telefone. Enquanto equilibro o notebook, os livros e meu achocolatado nas mãos.
— Daqui 4 dias, Dani... 4 dias. — Repito pela 6° vez em 1 semana. Daniel é meu namorado. Nós estamos juntos faz o que? 3 anos?
Daniel não é o melhor tipo de homem. O pai dele trafica drogas, e por isso vivemos em perigo absoluto em nosso apartamento. O que é difícil demais pra mim, já que não tenho muita escolha... Daniel paga minha faculdade de Enfermagem então eu não posso reclamar de nada.
Estou em viajem pra um trabalho voluntário com pacientes em um hospital, vai valer ponto pra faculdade mas eu adoro coisas assim.
Assim que Daniel desliga, paro em um balcão no shopping. Ajeito minhas coisas e sigo pra loja de eletrônicos porque fiz o favor de perder meu mouse.
A verdade é que resolvi fazer uma surpresa pro Dani, o trabalho terminou hoje então em torno de 4 horas estarei no conforto (ou quase conforto) do meu lar (quase lar).
Ando por mais um tempo, decido comprar algo pra ele. Paro na loja de doces. Aquele menino é uma formiga. Levo comigo uma caixa de chocolates em forma de carrinhos. Daniel não é o melhor homem do mundo... Eu sei que dou muito mais do que recebo.
• • •
Longas 4 horas de viajem, ainda não sinto minha bunda.
— Elly? — Pergunta o nosso porteiro, enquanto pego as correspondências do correio.
— Oi Steve! Como está? — Ele pega as correspondências da minha mão, antes que elas caiam.
— Ah... Bem... Bem! A senh.. Você já está subindo?
Estranha pergunta.
— Sim, você precisa de algo? — Respondo imediatamente enquanto pego as correspondências.
— Não! Bom descanso, bom descanso! — Steve se vira e continua a separar as caixas de encomenda.
Estranho. Estranho é a palavra do dia. Espero o elevador descer ao andar. Quando piso no andar do apartamento, já sinto o cheiro dos meus sais de banho a minha espera. Chego próximo a porta, vejo um homem andando em círculos.
— Você mora aí? Você é irmã do cara que mora aí? — Ele me pergunta, passando a mão pelos cachos que caem em sua testa.
— Sim, eu moro. Sou namorada do cara que mora aqui. — Digo brava me preparando pra abrir a porta.
— Não. Não abre. — Ele diz pausadamente. Respira e se volta pra mim. — O... o cara que está aí é seu namorado?
Reviro os olhos.
Por Deus que penso o que iriam falar deste moço na TV se ele simplesmente sumisse. Causa do sumiço: morte. Causada por: eu. Motivo: estresse.
— Sim, meu caro, sim. Sou namorada, digamos que quase uma esposa dele. Porque? É um fã? —Respondo educadamente.
Ele para e fica me encarando, como se não soubesse o que dizer.
— Minha namorada está aí dentro. Com o seu namorado. — Ele me puxa pelo braço, fazendo eu encostar na parede fina. Ouço gemidos, nada discretos.
— Ah, então... essa casa sempre tem gemidos. Os amigos do Daniel sempre vem aí pra comer mulher.
Ele faz sinal de SHHH. Continuo a ouvir.
— Você gosta disso? — Ouço a voz falar. Ainda que baixa eu sei que é dele. O homem me encara. Deslizo pela parede até ficar sentada no chão, da onde pretendo nunca mais sair.
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BETRAYALS | JOEL PIMENTEL
FanfictionA vida de Elly não é as das mais legais, principalmente por Daniel, seu namorado. Ambos vivem em constante perigo por causa de Edward, pai de Daniel, um poderoso traficante de drogas. Elly descobre que está sendo traída pelo namorado abusivo. Joel p...