• dos •

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Desde que voltei pra casa, não olhei pra cara de Daniel. Avisei que voltaria mais cedo mas nem isso o fez voltar mais cedo, eu sou tão substituível assim?

Olho pro relógio, 19:36. Hoje é o dia limite que Dani me deu para voltar. Ele voltaria na quarta-feira, hoje já é sexta-feira. A dor de ser substituída é horrível.

A porta se abre, é ele. Meu coração acelera de uma forma estranha.

— Meu amor! — Ele diz vindo em minha direção. Ele fede a bebida.

— Oi. Como está?

Eu não consigo respirar, seu cheiro não sai do ar. Eu tenho nojo de Daniel. Pra variar, ele começa a me beijar. Levando sua mão até minha bunda, colocando os dedos dentro da minha calcinha. Maldita hora pra tomar banho e ficar apenas de camiseta e calcinha. Ele beija meu pescoço, e aperta meu seio.

— Vamos, faz tempo que não te vejo. — Ele diz como se não tivesse passado os últimos dias comendo alguém.

O guio pra cama, quero acabar com isso logo. Ele desliza pra dentro de mim e eu só consigo pensar que quero sair correndo dali. Não consigo sentir nada. Eu quero empurrar ele e esmurrar sua cara.

Ele para de se mexer, expele o líquido quente na minha barriga. Corro pro banheiro, preciso tomar banho novamente. Me sinto suja. Esse pesadelo não passa.

• • •

Estou me arrumando pra ir a minha aula. Meu final de semana foi longo. Ouço barulhos vindo do lado de fora do quarto. Daniel está com um de seus amigos, Christopher. Daniel ajuda o seu pai no negócio, se é assim que posso chamar um TRAFICANTE DE DROGAS. Daniel separa as porções e da pra Christopher. Tudo acontece nesse apartamento, eu sei de quase tudo que acontece nos "negócios". Saio do quarto.

— Oi Christopher. — Digo. Ele é um dos legais.

— Oi Elly. — Responde.

Daniel não gosta que eu fale com eles. Principalmente com Chris. Vou até o banheiro, quando volto Daniel me olha furioso.

— Já disse pra você não falar com eles. — Diz.

— Eu só gosto de ter amigos.

— Repete.

— Eu gosto de ter amigos, gosto de Christopher.

Daniel puxa meu braço, o apertando forte. Isso dói pra caramba.

— Não. Quero. Você. Falando. Com. Outros. Você quer chamar a atenção? Pra que? Pra ficar com outro homem?

Ele continua a apertar meu braço, começa a formigar. Eu não posso reagir porque ele é agressivo.

— Tudo bem. — É a única frase que consigo dizer.

Ele me solta. Corro pro quarto e coloco meu tênis, eu quero sair daqui.

Dirijo até a faculdade, estaciono e paro com a cabeça no volante. Eu estou farta de tudo. Ajeito minhas coisas e vou em direção a sala de aula.

— Está fugindo de alguém? — Uma voz diz atrás de mim, acompanhando meus passos.

Eu me assusto e paro. Me viro. É Joel. Ele veste um suéter preto. O cabelo está bagunçado. Eu gosto do cabelo dele assim... eu acho.

— Sim, de Daniel. Não aguento mais fingir. — Respondo dando ombros.

— Me passa seu número, está quarta-feiras vamos fazer um trabalho juntos! — Joel pega o celular.

Digo meu número a ele.

BETRAYALS | JOEL PIMENTELOnde histórias criam vida. Descubra agora