• tres •

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Odeio quando Daniel me trata como sua propriedade. Odeio quando Daniel me faz de sua boneca. Odeio quando eu me submeto a este tipo de coisa.

Estou parada a um tempo na frente da pia. Nada parece certo.

Desconhecido: Não vai me responder?
Desconhecido: É o Joel.
Desconhecido: Nosso trabalho juntos é hoje.

Ontem eu fiquei tão atordoada que tomei meus remédios pra dormir e apaguei. Acabei nem vendo as mensagens que recebi.

Altero seu contato para "Joel - ESAO", como faço com os contratos das aulas normais. Aperto a barra e começo a escrever.

"Oi! Não sabia que Christie mexia com drogas, sinto muito por isso. Não sei nada sobre Daniel... Nos podemos combinar hoje no almoço, ok?"

Não recebo uma resposta nos próximos 15 minutos. Então sigo caminho pra aula.

• • •

Aguardo Joel enquanto como um Subway. Sim, novamente.

— O que tem aí nesse Subway? — Joel diz e se senta ao meu lado.

— A pergunta de um milhão de dólares. — Respondo.

O sol do 12:00 deixa ele com os olhos brilhantes.

— Pode me passar seu endereço? Devo passar na sua casa às 19 horas. Pode ser?

Confirmo com a cabeça. Fito o chão. Por um momento, penso o que vou fazer depois de tudo isso não for mais real. O que eu vou fazer?

— Ah, então... Christie fez uma lavagem no estomago... Ela... Ela usa algumas substâncias as vezes. — Ele me olha — Você acha que Daniel tem algo a ver com tudo isso?

Por um momento, eu gelo. Não quero mentir pra Joel mas também não quero que ele saiba de tudo isso.

— Então, não sei. Ele não me conta tudo. — Minto.

Ele cerra os olhos.

— Tem certeza? Christie mentiu pra polícia, disse que não lembrava do rosto de quem a vendeu porque ela estava bebada. Acredito que ela faria isso para proteger o amado.

Eu rio, é engraçado porque ele faz piada com a própria desgraça. Eu me pergunto porque esse estranho não é Daniel. É tão crítico que eu preferia estar com um estranho do que com Daniel. Não sei como permiti que meu coração continuasse o amando depois de tudo que ele me fez. Por um motivo começo a querer chorar igual uma criança quando descobre que não existe coelho da páscoa. Como se eu tivesse acabado de descobrir que meu mundo era uma mentira e a unica pessoa que não via isso, era eu.

— Elly. O que aconteceu? — Joel pergunta, passando a mão em meu joelho.

É engraçado porque, nem tudo o que ele faz é porque ele quer algo sexual. Esse gesto é só... empatia.

— Não estou bem. Só... esquece. — Limpo minha boca com o guardanapo e embrulho o papel. — Tenho que ir pra aula. Te mando o endereço por mensagem. Até mais.

Começo a ajeitar minha bolsa pra levantar, Joel segura meu pulso.

— Podemos nos encontrar? Eu gostaria de falar com alguém sobre tudo isso e por acaso, seria bom pra você também.

Eu realmente queria que ele fosse Daniel. Christie, eu te odeio por trair esse homem.

— Sim, acho que... seria legal. — Sorrio fraco.

Ele sorri fraco. Ficamos ali, presos um ao outro mesmo sem nem saber o básico de cada um. Mesmo ele sendo um completo estranho. Ele afasta uma mecha do meu cabelo para atrás da orelha. Sinto meu olho encher de água. Eu não quero sair daqui. Me sinto hipnotizada por Joel. Ele abre a boca pra falar mas não fala, volta atrás. Tira suas mãos do meu rosto, do qual enxuga uma lágrima solitária que cai pela minha bochecha. Ele pega minha mão e a aperta. Chega mais perto, meu coração vai pra boca. Ele beija minha bochecha, perto da boca. Eu não consigo mais respirar.

BETRAYALS | JOEL PIMENTELOnde histórias criam vida. Descubra agora