Capítulo 4 - Efeito Borboleta (Parte 2)

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Do outro lado da Terceira Ponte, Ricardo passava por estopim semelhante. Na sexta-feira passada, durante uma atividade na aula de Educação Física, aconteceu
uma coisa que ele não esperava. Quando se ergueu para realizar um saque de vôlei, sentiu sua visão embaçar e uma dor de cabeça muito forte surgir do nada. Teve que
pedir licença ao professor pois a dor era forte e aquilo estava sendo horrível, sentou-se no banco ao lado da quadra e de repente suas mãos começaram a formigar. Com a ajuda de colegas conseguiu chegar até a enfermaria da escola.

Ao descrever os sintomas para a velha enfermeira escolar, pode notar um certo descaso, por isso achou melhor resolver por si próprio, pegou seu celular e pesquisou cada sinal que seu corpo dava no Google. A mulher estava parada de pé diante dele que, deitado na maca, ficou assustado com a quantidade de doenças ligadas ao que estava sentindo. Ricardo decidiu então testar pela última vez a ética da mulher e perguntou:

- Você consegue saber o que é isso?

-Olha, garoto. O ideal é que você vá a um hospital e veja um médico, ok? Eu
vou ligar para sua mãe e informar o episódio de hoje.

Ricardo conseguiu convencer a mulher de que não era necessário ligar, uma vez que sua mãe era médica e poderia conversar com ele quando chegasse em casa. Ele era muito persuasivo e conseguia contornar muitas situações com essa
habilidade, só que estava preocupado, aquilo tinha sido muito ruim e ele não estava disposto a ficar sofrendo assim. Novamente decidiu resolver sozinho, pegou sua identidade adulterada e procurou um médico para se consultar, precisava saber o que
estava rolando para evitar que acontecesse de novo.

Enquanto aguardava na sala de espera, mil e uma possibilidades transitavam pela sua cabeça. Câncer? Meningite? Glaucoma? Não demorou muito para ouvir seu nome no alto falante do corredor, indicando
o consultório onde seria atendido, Ao descrever os sintomas para o médico, foi levado a sala de exames e logo já havia o diagnóstico determinado: Diabetes tipo 1.

O médico explicava para ele quais os próximos passos, mas Ricardo só pensava em como diabos ele acabou com Diabetes. Não comia muitas bobeiras (mas gostava bastante de sorvete), praticava os esportes obrigatórios na escola (mesmo odiando), então perguntou ao médico:

- Olha doutor, eu me alimento relativamente bem, faço atividades físicas na escola e tenho 18 anos. Como um jovem saudável pode ter Diabetes? Não faz sentido! Faz?!

- Bom, na verdade, a Diabetes tipo 1 costuma aparecer na infância e juventude, e é uma doença que possui um fator hereditário. Sua vida não vai mudar muito, a não ser pela dose de insulina que vou receitar e que deve aplicar uma vez por dia todos os dias até conseguirmos estabilizar os níveis de açúcar no seu sangue.

O médico então tirou da gaveta uma pequena bolsa azul que chamou de "kit diabético", abriu o zíper e mostrou os instrumentos que ela continha: monitor de glicemia, tiras de teste, caneta lancetadora, caneta aplicadora de insulina, insulina e recipiente para o descarte das tiras utilizadas. O doutor explicou que ele precisava carregar um kit daqueles, caso viesse a sentir aquele mesmo mal-estar de mais cedo. Ricardo reclamou, relutou, mas acabou levando para casa uma bolsa daquelas.

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