Capítulo 6

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-Passar a noite? –Confirmei pra minha irmã ainda arrependido pelo que tinha feito a pouco.

-O ultimo ônibus já passou, tem problema eu ficar aqui até amanha cedo? –Pelo amor de Deus, eu já disse que ele podia ficar. Que Irritante.

-Hm, pode ficar. Se me prometer colocar o Jerry pra dormir antes das três da manhã.

-Eu não preciso de babá, idiota. –Resmungo logo cruzando os braços.

-Só não quero que tu passe a noite em claro de novo.

-Coloco ele pra dormir antes das três. –Tom responde com a voz firme, ele parecia decidido com o que dizia, e é obvio que eu ia tirar esse tom confiante da sua boca.

-Vai sonhando. –Murmurei apenas pra mim.

-Sério? Então tá, se acha que pode domar o ratinho raivoso, conto com você. –Ceci me deu um tapinha no ombro e foi até o seu quarto.

-Sinto te decepcionar, colega. Eu não vou dormir antes das três a menos que me paguem, então pode tirar o cavalinho da chuva. –Passei por ele caminhando até a cozinha notando que ele sorria tranquilo enquanto me seguia.

-Sem problemas. –Isso foi fácil demais, eu diria até suspeito. Porém prefiro acreditar que ele simplesmente não vai me encher o saco. –Eu to com sede, tem leite aí?

-Na geladeira, pode pegar. –Tom se desencostou da mesa que estava apoiado segundos atrás e abriu minha geladeira observando toda ela.

Cretino.

-Tu quer um pouco? –Maneei a cabeça. A única coisa que me interessava beber naquele momento era meu chá gelado, mesmo que estivesse frio demais praquilo. Retiro a sacola do meu braço e coloco em cima da mesa abrindo-a e retirando os pacotes de chá que ali tinham. –Não vai beber isso agora né?

-Obvio que sim. –Ele fez uma cara desgostada e fez que não com a cabeça, claramente me julgando.

-Só alguém completamente irresponsável beberia chá gelado numa hora dessas e com o frio que tá. Acho que deduzi certo, você é mesmo um pirralho. –Tom prende uma risada abafando com a mão que não segurava a caixa de leite.

-Ah, claro. E homens velhos como você bebem leite quente, to certo? –Ergui uma das sobrancelhas enquanto sorria ladino tentando em vão tirar aquele sorriso idiota do rosto IDIOTA dele.

-Antes leite quente num dia frio, que chá gelado. Mas vai lá, bebe seu chá. –Abriu uma das portas do armário ao lado do fogão provavelmente procurando os copos. Apontei pro que estava um pouco mais ao lado e ele se direcionou até lá. –Só não reclama se acordar com dor de garganta ou até sem voz.

-Não exagera. Eu não vou ficar doente.

-Se você diz. –Tom pegou uma caneca de porcelana com pequenos gatos ruivos por toda ela. Derramou o leite devagar enquanto me encarava a todo momento. –Tem mel aqui? –Avancei até ele em passos rápidos, me esforçando pra passar a impressão de superior mesmo sendo mais baixo. Meu corpo estourou sua bolha de privacidade de tão perto que cheguei, me arrependendo de imediato, porém estiquei meu braço pra de trás dele logo pegando um pote cheio de mel que a anta não tinha visto.

-Serve esse? –Pus o pote ao lado de sua caneca mantendo meu olhar fixo ao dele.

-Uhum. –Passando por mim e fazendo questão de bater o ombro, ele pega a caneca com leite e põe no micro-ondas, porém antes de ligar refaz a pergunta: -Tem certeza que não quer? –Penso que Tom vai ficar me enchendo o saco caso eu recuse, e foi só e unicamente por esse motivo que eu aceitei.

Metade de uma peçaOnde histórias criam vida. Descubra agora