Entre Neve & Sonhos || Binuel

Capítulo 05: Tomate

Bia sempre foi uma pessoa muito criativa. Desde pequena, ela amava tudo relacionado a arte e criação, sua imaginação e criatividade eram aliadas fortes e fiéis nesse processo tão prazeroso. Por mais que, a princípio, trabalhar nesse ramo não fosse a sua primeira opção, ela se sentia realizada agora que de fato exercia, apesar da sua cabeça tentar provar o contrário.

Olhando para a parede branca com alguns traços coloridos feitos por ela mesma, a brasileira deixava a sua mente e a sua criatividade se unirem e resultarem em uma ideia para compor o mural. Lúcia não havia pedido algo específico para a parede de sua sala, apenas disse que gostaria de algo colorido para dar vida a casa e que o restante deixava nas mãos de Bia. Todos sabiam o quão talentosa ela era e a espanhola confiava bastante no gosto da garota.

Ao molhar o pincel na tinta vermelha coral, a Urquiza traçou delicada e atentamente as pétalas de uma linda for, as pintando por dentro e acrescentando as folhas com a cor verde. Assim que terminou esse processo várias vezes, pegou uma caneta paint marker preta e contornou as flores que havia pintado. Bia sorriu com o resultado. As cores estavam combinando e juntas, em sua opinião, formavam um conjunto muito bonito de se ver.

Mas sua atenção foi levada para a porta principal da casa que foi um pouco aberta e de lá, um tomate saiu rolando até encostar no seu tênis branco.

— Quê? – Indagou fitando a fruta com as sobrancelhas franzidas e olhou novamente para a porta.

Lá estava Manuel coberto por agasalhos, segurando várias sacolas plásticas e tentando recolher rapidamente as frutas e vegetais que haviam caído assim que ele tinha aberto a porta. Uma cena cômica na opinião de Beatriz, mas definitivamente trágica na opinião do Gutiérrez.

— Meu Deus – Disse Bia sem conter uma risada e se aproximou do rapaz para ajudá-lo a recolher as coisas no chão e a segurar as sacolas.

— Obrigado – Agradeceu indo em direção à cozinha e sendo seguido por ela — Não consegui segurar as sacolas e abrir a porta ao mesmo tempo, é muita coisa e ainda estão pesadas!

— Imagina, essa cena melhorou o meu dia – Soltou outra risada enquanto os dois deixavam tudo no balcão.

— Rindo da minha desgraça? – O espanhol se fez de ofendido e arrancou mais um riso da brasileira.

— Não consigo evitar, o tomate chegou no meu pé como se fosse uma granada! Você e a suas armas aterrorizantes. Escova de cabelo e tomate, qual será a próxima?

— Muito engraçado, Bia, foi um desastre! E olhe que eu não achei tudo que a minha mãe me pediu – Disse tirando um papel do bolso, o qual ele havia escrito tudo que Lúcia pedira para comprar em tópicos e detalhadamente.

Manuel era muito metódico, fazia tudo na mais perfeita organização e planejamento. E tudo bem comprar umas coisinhas no mercado que a sua mãe tinha pedido, mas seguindo os padrões que sua vida estava atualmente, tinha que ocorrer algum desastre.

— Você anotou até a marca do produto e quantidade que vem na caixa! – Riu a artista enquanto lia a detalhada lista feita pelo jovem. — Que tipo de pessoa faz isso, Manuel?

— Uma pessoa organizada?

— Mas é desnecessário! E o desastre na porta poderia ter sido evitado se você tivesse levado aquilo – Apontou para a grande bolsa de alça que estava pendurada na maçaneta da porta da dispensa, a qual era feita especificamente para compras e evitar o uso de sacolas plásticas.

O espanhol levou o olhar para onde ela apontou e se sentiu o ser mais burro da face da terra. Como ele não tinha pensado nisso? Tudo caberia lá! Provavelmente Lúcia havia deixado a bolsa ali justamente para que ele usasse. Bia percebeu que o rapaz não tinha pensado naquilo e soltou outra risada, apesar de estar com um pouco de pena.